Lopo Fernandes Pacheco

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 Nota: Para o descendente, veja Lopo Fernandes Pacheco (c. 1340).
Lopo Fernandes Pacheco
7.º senhor de Ferreira de Aves
Lopo Fernandes Pacheco
Morte 22 de dezembro de 1349
  Lisboa
● Maria Gomes Taveira
● Maria Rodrigues de Vilalobos
Pai João Fernandes Pacheco
Mãe Estevainha Lopes

Lopo Fernandes Pacheco (128022 de dezembro de 1349), rico-homem do Reino de Portugal que viveu durante o reinado de D. Afonso IV,[1] era filho de João Fernandes Pacheco, de quem herdou o senhorio como o 7.º senhor de Ferreira de Aves, e de Estevainha Lopes de Paiva, filha de Lopo Rodrigues de Paiva e Teresa Martins Xira.[2]

A sua família tinha bens em diferentes partes do reino, embora a sua maior área de influência foi na Beira onde tiveram o senhorio de Ferreira de Aves,[3] freguesia portuguesa do concelho de Sátão.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Com Lopo Fernandes Pacheco, 7.º senhor de Ferreira de Aves, no século XIV esta linhagem “inicia a sua trajectória ascensional” num processo geral em que uma nobreza inferior está a substituir as antigas linhagens.[4] [5].

Grande valido, foi talvez o mais importante personagem da corte do Bravo.[6] [7] Foi meirinho-mor (1329),[8] mordomo-mor do infante D. Pedro, o futuro Pedro I, e membro do conselho do rei,[9] mordomo-mor (1335-1338)[10] e chanceler (1349) da rainha D. Beatriz de Castela,[11][12] mulher de D. Afonso IV, e testamenteiro em 1327 da Rainha Santa Isabel.[13][9] Foi pelo rei Afonso IV encarregado da educação dos seus dois filhos, o infante D. Pedro e a infanta Leonor,[14].

Em 1317 já aparece como testemunha com o infante D. Afonso, a quem acompanhou à dotação do Mosteiro de Odivelas em 1318. No conflito de 1319-1324, foi partidário do infante, apoiando as suas pretensões,[14] e esteve com ele em 1322 em Pombar ao juramento de pazes.[15]

Foi encarregue pelo rei de várias embaixadas: a Roma (1330)[16] e ao reinos de Castela e de Aragão.[17] Em 1328 foi um dos 40 nobres que foram feitos reféns para responderem pela alcaidaria dos castelos parte do tratado, por Alfonso IV quando o rei portugués e o rey D. Afonso XI de Castela ratificaram o tratado de Ágreda de 1304.[14]

Como militar e "senhor de lides guerreiras" participou, acompanhado por seus escudeiros, na batalha de Salado com o Bravo,[18] travada no dia 30 de Outubro de 1340, entre cristãos e mouros, junto da ribeira do Salado, na província de Cádis (sul de Espanha).

Devido à sua ligação com a corte, o seu vasto conjunto de bens estava situado numa zona delimitada no curso do Rio Tejo na região de Santarém, a segunda localidade mais importante dos itinerários régios,[19] e a zona de Lisboa e seus termos. O rei doou-lhe o senhorio de Ferreira de Aves, de onde era natural, pelos muitos serviços que recebeu de ele e de sua mulher e pela criação dos infantes, e foi "... alçado pelo rei Afonso IV da sua condição natural de cavaleiro à categoría de rico-homem, assim como seu filho Diogo Lopes Pacheco".[20]

Sepultura[editar | editar código-fonte]

Túmulo de Lopo Fernandes Pacheco na Sé de Lisboa

Lopo Fernandes escolheu a Sé Catedral de Lisboa, local também escolhido pelo rei Afonso, para "repousar eternamente" junto do monarca. O seu sarcófago, produzido na oficina de escultores de Lisboa e que data do século XIV, encontra-se na Capela de São Cosme e São Damião na charola da Sé.[21]

A lápide na parede coroando o monumento funerário, que o rei D. Afonso IV mandou colocar, regista "os mais relevantes feitos desta importante personagem":[22]

Nela se refere, como relevante, ao importantíssimo facto de ter recebido a rosa de ouro com que o Papa Bento XII o agraciou quando visitou a Cúria Pontifícia após ele ter contribuído pela grande vitória alcançada na batalha do Salado[23].

A tampa possui a sua estátua jacente, e sobre o corpo, o cavaleiro ostenta uma espada cujo pomo de configuração (disc-pomel chanfrado) foi utilizada num longo período que vai desde o Séc. X até ao Séc.XV. A face visível apresenta o brasão dos Pachecos, uma caldeira veirada cuja asa termina em cabeça de serpente. Ele está representado a desembainhá-la, o que nos indica que participou em batalha, tal como aconteceu. Enrolada à bainha está o cinturão que a suspendia da cintura e está decorado com frase religiosa “AVE MARIA GRATIA PLENA”. Ostenta nos pés protecções que se afiguram ser de malha de ferro. Apresenta também esporas[25].

Matrimónios e descendência[editar | editar código-fonte]

Casou por duas vezes. Sua primeira esposa foi Maria Gomes Taveira (morta depois de 1331),[9] filha de Gomes Lourenço Taveira e de Catarina Martins, sobrinha do chanceler Estêvão Anes, de quem teve:[26]

No ano de 1345 já estava casado com a sua segunda esposa, D. Maria Rodrigues de Vilalobos[32][9] (ainda estava viva em 1367), filha do rico-homem D. Ruy Gil de Vilalobos (II) (m. 1307) e de D. Teresa Sanches, filha bastarda de D. Sancho IV de Leão e Castela e de D. Maria Afonso Teles de Meneses, e viúva de D. João Afonso Teles de Meneses, 1.º conde de Barcelos.[33] [a] Deste matrimónio nasceram:

Notas[editar | editar código-fonte]

[a] ^ D. Ruy Gil de Vilalobos (II), o pai de María, foi o segundo filho de D. Ruy Gil de Vilalobos (I) e de D. Maria de Haro, filha de D. Lope Ruiz de Haro “o Chico”, senhor de La Guardia e Bailén, e de D. Berenguela Gonçalves Girão, e neto de D. Gil Manrique de Manzanedo, senhor de Vilalobos por sua mulher Teresa Fernandes. Ruy Gil de Vilalobos II é freqüentemente confundido com seu sobrinho Ruy Gil de Vilalobos (III), senhor da casa de Vilalobos, filho de seu irmão D. Gil Rodrigues de Vilalobos, o filho mais velho de D. Ruy Gil de Vilalobos (I) que morreu antes de seu pai. Este Ruy, o terceiro do mesmo nome, foi senhor da casa de Vilalobos e o esposo de D. Teresa Afonso, sobrina de Rodrigo Álvarez das Astúrias, com quem teve descendência.[33]

Referências

  1. Sotto Mayor Pizarro 11987, p. 311.
  2. Sotto Mayor Pizarro 1997, p. 423, Vol. I.
  3. Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 112.
  4. Lourenço 2006, p. 50-51.
  5. Costa Gomes 2003, p. 92-93, 106-108.
  6. Lourenço 2006, p. 55.
  7. Costa Gomes 2003, p. 59, 89.
  8. Sotto Mayor Pizarro 1997, p. 1243, Vol. II.
  9. a b c d e Lourenço 2006, p. 52.
  10. Costa Gomes 2003, p. 276.
  11. Lourenço 2006, p. 54.
  12. Costa Gomes 2003, p. 59.
  13. a b Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 312.
  14. a b c Lourenço 2006, p. 53.
  15. Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 311.
  16. Costa Gomes 2003, p. 92.
  17. Lourenço 2006, p. 52 e 58.
  18. Lourenço 2006, p. 53 e 55.
  19. Costa Gomes 2003, p. 298-309.
  20. Fernandes 2005, p. 166.
  21. Lourenço 2006, p. 61.
  22. Lourenço 2006, p. 62.
  23. Armaria na Tumulária Portuguesa, por Jorge Miguel Ramos dos Santos e Teresa Paula Leal Fernandes Ferreira, Revista do Centro de Estudos de Genealogia e Heráldica Barão de Arêde Coelho, Outubro-Dezembro 2014, pág. 30
  24. Lourenço 2006, p. 62-63.
  25. Armaria na Tumulária Portuguesa, por Jorge Miguel Ramos dos Santos e Teresa Paula Leal Fernandes Ferreira, Revista do Centro de Estudos de Genealogia e Heráldica Barão de Arêde Coelho, Outubro-Dezembro 2014, pág. 31
  26. Sotto Mayor Pizarro 1997, p. 437, Vol.I.
  27. Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 312 e 315.
  28. Sotto Mayor Pizarro 1997, p. 181, n. 96.
  29. Sotto Mayor Pizarro 1997, p. 970.
  30. Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 313-314.
  31. Sotto Mayor Pizarro 1997, p. 181.
  32. Sotto Mayor Pizarro 1987, p. 26 e 312.
  33. a b Salazar y Castro 1696, pp. 435-437, capítulo IX.
  34. Salazar y Castro 1696, p. 437, capítulo IX.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]