Lou Ottens

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Lou Ottens
Lou Ottens
Lou Ottens em 2007
Conhecido(a) por invenção da fita cassete e do CD
Nascimento 21 de junho de 1926
vila de Bellingwolde, Westerwolde, Países Baixos
Morte 6 de março de 2021 (94 anos)
vila de Duizel, Eersel, Países Baixos
Residência Países Baixos
Nacionalidade neerlandês
Alma mater Escola Politécnica de Delft
Instituições Philips
Campo(s) Engenharia

Lodewijk Frederik (Lou) Ottens (Bellingwolde, 21 de junho de 1926 – Duizel, 6 de março de 2021) foi um engenheiro e inventor neerlandês.

Contratado pela Philips, começou a carreira no Departamento de Mecanização de Negócios, em Eindhoven. Depois se transferiu para a fábrica da empresa em Hasselt como chefe do departamento de desenvolvimento de produto, onde deu início à criação da fita cassete compacta, mais comumente chamada de fita cassete ou abreviada para K7.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Lou nasceu na vila de Bellingwolde, na cidade de Westerwolde, em 1926. Interessado por tecnologia desde cedo, ainda adolescente, durante a Segunda Guerra Mundial, construiu um rádio com o qual ouvia secretamente as transmissões da Rádio Oranje, com uma antena direcional primitiva para evitar os bloqueadores alemães. Com o fim da guerra, Lou ingressou no curso de engenharia mecânica da Escola Politécnica de Delft, formando-se em 1952.[1]

No mesmo ano, Lou entrou para a Philips, em Eindhoven, no departamento de Mecanização de Negócios. Em 1957, foi transferido para a fábrica da Philips na cidade belga de Hasselt, inaugurada dois anos antes. Na época, a instalação que produzia toca-discos, trocadores de disco, gravadores e alto-falantes empregava cerca de 1.500 funcionários.[1]

Em 1960, Lou se tornou chefe do novo departamento de Desenvolvimento de Produto, em Hasselt. Sob sua chefia, foi desenvolvido o EL 3585, o primeiro gravador portátil da Philips, do qual mais de 1 milhão de peças foram vendidas. Na época, a Philips tinha três fábricas produzindo gravadores. Em Eindhoven, os gravadores foram produzidos para o mercado profissional, os gravadores maiores e mais caros para o mercado consumidor eram feitos em Viena e em Hasselt, o foco era em aparelhos menores e mais baratos. Na época, todos os gravadores eram do tipo bobina, trabalhando com uma fita magnética. Ao carregar o gravador, a fita era passada manualmente ao longo das cabeças para uma segunda bobina.[1]

A fita cassete[editar | editar código-fonte]

Já havia uma corrida na época para a produção de uma fita mais compacta e menos trabalhosa de lidar, onde as bobinas e a própria fita magnética ficariam armazenadas. Com o sucesso do gravador EL 3585, surgiu um plano na fábrica da Philips em Hasselt de desenvolver um gravador de fita cassete portátil. O novo gravador tinha que ser barato e pequeno, com baixo consumo de bateria e qualidade de som razoável. Já havia um contato prévio da Philips e a RCA para um sistema de fitas cassetes, mas Lou descobriu que o sistema da RCA não era adequado para uso em dispositivos móveis compactos devido às dimensões do cassete e à velocidade da fita de 9,5 cm.[1]

Lou então se dedicou a criar uma fita compacta, especificando as dimensões do dispositivo de reprodução. Ele mandou cortar um bloco de madeira para caber no bolso lateral de sua jaqueta. Esse bloco se tornaria o modelo para o qual o primeiro gravador de fita cassete portátil, o EL 3300 foi feito. Com base no tamanho do dispositivo de reprodução, Ottens determinou o formato da fita. Ele também optou por uma banda mais estreita, como a usada no sistema CBS, concorrente da Philips, e pela velocidade de banda padrão mais baixa, 4,75 cm/seg.[1]

Sua equipe era composta por cerca de dez a doze jovens engenheiros que tinham trabalhado em Eindhoven na concepção ou produção de gramofones e gravadores. Entre eles estava o designer Jan Schoenmakers, experiente na construção de vários tipos de ferramentas. Em 1961, a Philips em Eindhoven firmou uma parceria com a Grundig para desenvolver conjuntamente um gravador de cassetes de alta qualidade em Viena. O desenvolvimento foi baseado no cassete de bobina única da CBS, desconhecendo o projeto de Lou Ottens e sua equipe.[1]

Em 1963, o desenvolvimento do cassete e do dispositivo de reprodução progrediu tanto em Hasselt que a Philips decidiu introduzir o sistema durante a Internationale Funkausstellung Berlim daquele ano. A apresentação ao público, entretanto, não gerou entusiasmo, mas muitos japoneses presentes tiraram fotos. Alguns anos depois, cópias japonesas da fita cassete Philips apareceram no mercado, bem como o grupo da Grundig, mas eles eram todos ligeiramente maiores do que o projeto de Ottens.[1][2]

Em 1966, Lou visitou o Japão junto de seu colega, Gerrit Gazenbeek. Com a orientação do gerente da divisão do Leste Asiático da Philips, Lou e Gerrit negociaram com dez empresas de eletrônicos, onde a fita cassete seria adquirida como equipamento padrão sem que os royalties fossem pagos. Apenas a tecnologia do equipamento de reprodução teria que ser paga à Philips. O principal na tecnologia era um mecanismo patenteado pela Philips que empurrava as cabeças magnéticas para o cassete.[1][2]

Norio Ohga, chefe do departamento de áudio da Sony, que também tinha contatos com a Grundig, escolheu a fita que Ottens desenvolveu por causa de suas dimensões menores. Nas negociações, a Philips pediu 25 ienes para cada gravador vendido pela Sony. Dias depois o valor foi baixado para 6 ienes. Contrariando o conselho de seus funcionários, Ohga recusou a oferta e ainda ameaçou escolher a fida da Grundig. A Philips decidiu então ofereceu a licença para o equipamento de reprodução gratuitamente a todas as empresas eletrônicas do mundo.[1][2]

Mais de 100.000 milhões de fitas cassetes foram vendidas desde seu lançamento em 1963 e começaram a rarear após o lançamento do CD, que foi desenvolvido vinte anos depois pelo mesmo Ottens em conjunto com uma equipe de engenheiros.[3]

Morte[editar | editar código-fonte]

Lou morreu em 6 de março de 2021, aos 94 anos, na vila de Duizel, em Eersel, nos Países Baixos.[3][4][5]

Referências

  1. a b c d e f g h i Wierd Duk, ed. (24 de agosto de 2013). «Hoe Lou Ottens de wereld veranderde» (PDF). De Twentsche Courant Tubantia. Consultado em 9 de março de 2021 
  2. a b c Fanta Voogd, ed. (21 de dezembro de 2007). «We hadden geen andere keus dan digitaal gaan» (PDF). De Ingenieur. Consultado em 9 de março de 2021 
  3. a b «Inventor da fita cassete, Lou Ottens morre aos 94 anos». Revista Monet. Consultado em 9 de março de 2021 
  4. Redação (ed.). «Lou Ottens, inventor da fita cassete, morre aos 94 anos». Revista Istoé. Consultado em 9 de março de 2021 
  5. observador.pt. «Morreu Lou Ottens, o homem que inventou a cassete e ajudou a criar o CD». 11-3-2021. Consultado em 11 de março de 2021