Lourenço Anes Fogaça

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Lourenço Anes Fogaça ou Lourenço Eanes Fogaça (Portugal[quando?][onde?]1490), cavaleiro e senhor da Quinta de Morfacém em Almada,[1] foi o diplomata e chanceler-mor (1374-1399) português que negociou o Tratado de Windsor e que foi alcaide-mor de Lisboa.

"Foi um homem discreto, competente, eficaz e genuíno, que muito deu aos seus reis e à sua Pátria".[2]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Terá recebido ordens sacras e a estudar Direito canónico mas sem o acabar.[3]

Detém uma longa carreira no Desembargo. Tendo assumido as funções alvazil do cível de Lisboa (1366-1367),[4] ouvidor (1368-72), vedor da Chancelaria (1373-83) e, sucedendo a Álvaro Pais,[5] chanceler de D. Leonor Teles (1383-1384), e posteriormente no reinado de D. João I até à data da morte (1400†).[6]

Ainda novo e já em funções de ouvidor real, a 10 de Novembro de 1372, o rei D. Fernando I de Portugal doa-lhe o reguengo de Carnaxide.[3]

Com uma empenhada vida diplomática desde 1374 um dos principais delegados régios a Castela, a Inglaterra e a França. “Homem avisado e de boa autoridade” foi enviado a Castela em 1374 juntamente com Gonçalo Vasques de Azevedo para tratar do auxílio militar português, com cinco galés, na guerra contra Aragão.[6]

A 29 de novembro de 1376 surge juntamente com Afonso Domigues, Gonçalo Vasques de Azevedo e Mestre João das Leis, seus companheiros no conselho régio, como testemunha da procuração concedida ao bispo de Coimbra, Pedro Tenório e a Aires Gomes da Silva, sobre o casamento de D. Beatriz com Fradique, filho bastardo de Henrique II de Castela.[6]

Em junho de 1377 é enviado a França juntamente com o escrivão da puridade João Gonçalves Teixeira para efetuar uma aliança com o duque de Anjou contra o rei de Aragão, Pedro IV. No mesmo ano a bula Accedit Nobis, de Gregório IX, diz ter sido enviado a Roma no âmbito do Cisma do Ocidente.[6] Em 1380 desloca-se para fazer um acordo de apoio militar ao Conde de Cambridge.[7] Em julho de 1381, vai de novo a Inglaterra, juntamente com Rui Cravo, escudeiro, no sentido de conseguir apoios dos ingleses para o confronto com Castela.[6]

Foi testamenteiro de D. Fernando, tendo servido temporariamente D. Leonor Teles (1383-1384), acompanhando-a a Alenquer e a Santarém após a assassinato do Conde de Andeiro, mas aderiu pouco depois ao partido do Mestre de Avis, que o reconduziu nas funções de chanceler e conselheiro, assumindo uma posição pró-inglesa.[6]

O novo rei arma-o cavaleiro na Sé de Lisboa e envia-o a Inglaterra, juntamente com o mestre da Ordem de Santiago, D. Fernando Afonso de Albuquerque, para aprofundar relações com aquele país e recrutar arqueiros,[7] que depois resultou na mais antiga aliança que perdura na Europa.

Em 1387, pelos seus bons serviços, D. João I fez-lhe mercê da vila de Odemira[8] e a 26 de abril de 1390 recebe a alcaidaria-mor da cidade de Lisboa "com todas as suas rendas, direitos e próis".[9] Isso mais as rendas dos tabeliães de Lisboa.[10]

Vemo-lo depois na negociação da tréguas com Castela que resultaram no acordo firmado em Monção, em 29 de Novembro de 1389 e por seis anos, de qual ele foi os responsável pela verificação e transladado do mesmo. Após isso, recebeu a mercê de senhor da Vidigueira e alcaide-mor de Lisboa, a 26 de Abril de 1390. Isso mais as rendas dos tabeliães de Lisboa, mais uma casa e adega na mesma cidade, perto da Igreja de São Nicolau, e mais tarde o coutamento das quintas de Sacarabotão, no campo de Salvaterra de Magos, e ainda de Pedra Alçada, em Monsaraz, proveniente de sua mulher.[10]

Dados genealógicos[editar | editar código-fonte]

Filho provável de mestre João Lourenço Fogaça, cónego de Lisboa, reitor da igreja de Santa Maria Madalena de Lisboa e físico de D. Maria, filha de D. Afonso IV de Portugal e rainha de Leão e Castela.[4]

Casou com:

  • 1.a vez, entre 1376 e 1381, com Maria Vasques.

Tiveram:

  • Pedro Fogaça ( - Abril de 1416), juiz do cível (1405-1406), senhor de Odemira como seu pai.[13] Sem geração.[14]
  • Fernão Fogaça, senhor de Odemira depois de seu irmão ter morrido. Cónego prebendado de Lisboa que foi feito cavaleiro na tomada de Ceuta, escudeiro e morador na Casa do rei, a sua ligação primordial foi, no entanto, com o infante D. Duarte, de quem foi criado e vedor de sua Casa. Serão estas porventura as premissas que justificarão mais tarde a sua ascensão, no reinado eduardino, à chancelaria-mor e ao Conselho régio do monarca.[14] Terá casado com Leonor Dias Pais.[15]
  • Álvaro Anes Fogaça, sucedeu ao senhorio de Odemira a seu irmão Fernão. Foi chanceler-mor de D. João I como seu pai. Sem descendênciaa.[16]
  • João Fogaça,[14] escudeiro da Casa Real e fidalgo da Casa do infante D. João, que participou na Conquista de Ceuta e sendo o primeiro a saltar para terra nesse combate com os marroquinos.[17]

Referências

  1. Monumenta Henricina, Volume IV (1431-1434), Comissão executiva das comemorações do V centenário da morte do Infante D. Henrique, Coimbra, 1962, pág. 317 nota 1
  2. A Quinta da Torre dos Condes dos Arcos, por Conde dos Arcos, Centro de Arqueologia de Almada, 2021, pág. 32
  3. a b A Quinta da Torre dos Condes dos Arcos, por Conde dos Arcos, Centro de Arqueologia de Almada, 2021, pág. 29
  4. a b A oligarquia camarária de Lisboa (1325-1433), Anexo 1 – Corpo prosopográfico, de MSS Farelo, ‎2009, pág. 552
  5. Diplomacia e diplomatas nos finais da Idade Média : a propósito de Lourenço Anes Fogaça, chanceler-mor (1374-99) e negociador do Tratado de Windsor, por Armando Luís de Carvalho, Colóquio comemorativo do VI Centenário do Tratado de Windsor, 1986, Porto: Universidade do Porto. Faculdade de Letras, 1988, pág. 225
  6. a b c d e f Freitas, Judite Gonçalves de; Cunha, Maria Cristina Almeida e (2009). ««Homens de Estado», crises políticas e guerra: Portugal, séculos XIV-XV». Alcobaça e Batalha. VI Jornadas Luso-espanholas de Estudos Medievais, A guerra e a Sociedade na Idade Média, 6 a 8 de novembro de 2008 (Microbiografia 20). II. Resumo divulgativoAcademia.edu 
  7. a b A Quinta da Torre dos Condes dos Arcos, por Conde dos Arcos, Centro de Arqueologia de Almada, 2021, pág. 30
  8. «Odemira» Verifique valor |url= (ajuda). Litoral Alentejano. Consultado em 20 de agosto de 2017 
  9. Soveral, Manuel Abranches de. «Ensaio sobre a origem dos Lemos portugueses Séculos XIV e XV». Consultado em 20 de agosto de 2017 
  10. a b A Quinta da Torre dos Condes dos Arcos, por Conde dos Arcos, Centro de Arqueologia de Almada, 2021, pág. 31
  11. A Quinta da Torre dos Condes dos Arcos, por Conde dos Arcos, Centro de Arqueologia de Almada, 2021, pág. 27
  12. A oligarquia camarária de Lisboa (1325-1433), Anexo 1 – Corpo prosopográfico, de MSS Farelo, ‎2009, pág. 556
  13. A oligarquia camarária de Lisboa (1325-1433), Anexo 1 – Corpo prosopográfico, de MSS Farelo, ‎2009, pág. 622
  14. a b c A oligarquia camarária de Lisboa (1325-1433), Anexo 1 – Corpo prosopográfico, de MSS Farelo, ‎2009, pág. 557
  15. Beraldo, Wanderley (2016). Família (1) Beraldo. [S.l.]: Clube de Autores. p. 303. Resumo divulgativoGoogle Livros 
  16. A Quinta da Torre dos Condes dos Arcos, por Conde dos Arcos, Centro de Arqueologia de Almada, 2021, pág. 28
  17. A Quinta da Torre dos Condes dos Arcos, por Conde dos Arcos, Centro de Arqueologia de Almada, 2021, pág. 28 e 29

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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