Luís da Silveira, 1.º Conde de Sortelha

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Luís da Silveira
1.º Conde da Sortelha
Luís da Silveira, 1.º Conde de Sortelha
Estátua orante de D. Luís da Silveira, na Igreja Matriz de Góis
Nascimento c. 1481
Morte 1533 (52 anos)
Pai Nuno Martins da Silveira, senhor de Góis
Mãe D. Maria de Vilhena
Ocupação Militar, Diplomata, Poeta

D. Luís da Silveira (c. 1481 - 1533),[1] 1.º conde da Sortelha, foi um militar, diplomata e poeta português do século XVI. A sua estátua em Góis constitui importante exemplo de escultura renascentista em Portugal.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Era filho de Nuno Martins da Silveira, 15º senhor de Góis e de sua mulher D. Maria de Vilhena, da casa dos senhores de Unhão.

Foi educado na corte e poeta distinto, encontrando-se muitos dos seus textos publicados no famoso cancioneiro, de Garcia de Resende. São particularmente notados os seus versos epigramáticos dirigidos a cortesãos, geralmente por motivos fúteis, por exemplo por usarem mangas demasiado estreitas, ou esporas excessivamente largas, etc.[2]

Em 1507 acompanhou D. João de Meneses na sua expedição contra Azamor, e voltou a acompanhá-lo no socorro à praça sitiada de Arzila. Distinguiu-se também na tomada de Azamor pelo duque de Bragança, D. Jaime.[2]

Regressando ao reino, tornou-se amigo íntimo do príncipe D. João (o futuro D. João III), sendo em 11 de novembro de 1511 nomeado seu guarda-mor.[1] A influência que sobre o príncipe tinha D. Luís da Silveira era enorme, a ponto de ter logrado obter dele a promessa do o fazer conde de Penamacor, quando fosse rei.[1] Porém, antes que isso acontecesse, foi entretanto acusado de incitar o príncipe à desobediência contra o seu pai, e por esse motivo seria obrigado a sair da corte de D. Manuel I.

Em 1514 casou com D. Beatriz de Noronha, filha do marechal D. Fernando Coutinho.[1]

Quando D. Manuel I faleceu no final de 1521, foi de novo chamado à corte e nomeado guarda-mor de D. João III, ou seja, o mesmo cargo que já anteriormente exercera.

Em 1522 foi encarregado de ir negociar com o imperador Carlos V o casamento deste soberano com a infanta D. Isabel de Portugal. Seu pai, Nuno Martins da Silveira, senhor de Góis, muito o advertiu no sentido de ele não aceitar a missão, pois "fazia temeridade em se afastar de el-rei (...) se havia maldição para os que se fiam em príncipe, que seria para os que se ausentassem e de longe se fiassem da sua graça?".[3]

Na verdade, a advertência paterna revelou-se correta: a nomeação causou ressentimento em círculos influentes da corte, invejosos do valimento de que gozava D. Luís da Silveira junto do soberano. Esses círculos logo aproveitaram a ausência do futuro conde da Sortelha para contra ele intrigarem. Silveira ganhou, na sua embaixada, a amizade de Carlos V, mas perdeu o favor de que anteriormente usufruira junto de D. João III. Procedeu nessa missão diplomática com alguma bizarria e sempre rodeado de grande fausto,ou seja, adotando um estilo de comportamento que deu azo e facilitação às intrigas contra ele movidas por seus inimigos na corte.[2]

Quando regressou a Portugal, e foi a Évora apresentar-se ao soberano, foi acolhido com bastante frieza; e as cartas elogiosas que Carlos V haveria de dirigir, a seu respeito, ao monarca luso, acabariam por o prejudicar. D. Luís da Silveira, ao aperceber-se de que já perdera o seu favor na corte, pediu licença para se retirar para as propriedades que possuía em Góis; D. João III concedeu-lhe a licença pedida, e ao mesmo tempo, para não contrariar frontalmente os desejos de seu cunhado Carlos V, deu a Luís da Silveira o título de conde de Sortelha, por carta régia de 22 de julho de 1527. Fê-lo, porém, com a importante e significativa ressalva de só o autorizar a usar o título de conde "depois de passados cinco anos cumpridos, que se começarão a contar da feitura desta carta".[1]

Carlos V agradeceria a D. João III, em carta escrita de Bruxelas em 22 de outubro de 1531 (e publicada por Frei Luís de Sousa, em seus "Anais de D. João III"),[3] a atenção que o soberano luso tivera pelo seu recomendado; mas em termos objetivos a mercê do título de conde acabou por funcionar como uma espécie de disfarce para a queda em desgraça definitiva de Luís da Silveira na corte de D. João III.

Luís da Silveira nunca mais voltou à corte, e no seu retiro em Góis morreu, no ano de 1533.

Estátua orante[editar | editar código-fonte]

Foi sepultado em notável túmulo renascentista, com estátua orante, do lado do Evangelho da capela-mor da Igreja Matriz de Góis,[4] a vila que era a sede do seu antiquíssimo senhorio, doado em agosto de 1142 pelo infante D. Afonso Henriques e sua mãe Dona Teresa à antepassada de D. Luís da Silveira, D. Aniara da Estrada.[5]

O túmulo encontra-se em arco embutido na parede, e no lado epístolo encontram-se mais 2 túmulos, em arcos inseridos em moldura, sabendo-se que um deles é de Gomes Martins de Lemos, senhor de Oliveira do Conde e também (jure uxoris) de Góis, trisavô de D. Luís da Silveira.[4][6]

A estátua orante de D. Luís da Silveira é contemporânea e de estilo artístico muito semelhante à estátua do seu parente, Duarte de Lemos, 3.º senhor da Trofa, no chamado Panteão dos Lemos.

Casamento e descendência[editar | editar código-fonte]

Do seu casamento com a acima referida D. Beatriz de Noronha teve geração, na qual se destacaram os seguintes filhos:

Família[6][editar | editar código-fonte]

 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
8. Nuno Martins da Silveira, Escrivão da puridade
 
 
 
 
 
 
 
4. Diogo da Silveira, Escrivão da puridade
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
9. Leonor Falcão
 
 
 
 
 
 
 
2. Nuno Martins da Silveira, 15.º senhor de Góis
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
10. Fernão Gomes de Lemos, 13.º senhor de Góis
 
 
 
 
 
 
 
5. D. Brites de Lemos, senhora de Góis
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
11. D. Leonor da Cunha
 
 
 
 
 
 
 
1. D. Luís da Silveira
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
12. Aires Gomes da Silva, senhor de Vagos
 
 
 
 
 
 
 
6. Fernão Teles de Meneses, senhor de Unhão
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
13. D. Brites de Meneses
 
 
 
 
 
 
 
3. D. Maria de Vilhena
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
14. Martim Afonso de Melo, alcaide-mor de Olivença
 
 
 
 
 
 
 
7. D. Maria de Vilhena
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
15. D. Margarida Manuel de Vilhena
 
 
 
 
 
 

Referências

  1. a b c d e Freire, Anselmo Braamcamp (1921). Brasões da Sala de Sintra, Livro Terceiro. Robarts - University of Toronto. Coimbra: Coimbra : Imprensa da Universidade. pp. 396 – 398 
  2. a b c «D. Luís da Silveira, 1.º conde de Sortelha - Portugal, Dicionário Histórico». www.arqnet.pt. Consultado em 8 de novembro de 2022 
  3. a b Sousa, Frei Luís de; Herculano, Alexandre (1844). Annaes de elrei Dom João Terceiro. Brandeis University Libraries. Lisboa: Lisboa : Typ. da Sociedade propagadora dos conhecimentos uteis. pp. 40 – 41, 375 
  4. a b «Monumentos. Igreja Paroquial de Góis». www.monumentos.gov.pt. Consultado em 8 de novembro de 2022 
  5. «Casa dos Condes de Sortelha e Senhores de Góis - Arquivo Nacional da Torre do Tombo - DigitArq». digitarq.arquivos.pt. Consultado em 8 de novembro de 2022 
  6. a b Abranches de Soveral, Manuel. «Casa da Trofa - Ensaio sobre a origem dos Lemos portugueses Séculos XIV e XV»