Luanda

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Luanda


Panorama de Luanda
Dados gerais
Fundada em 1575
Orago São Paulo
Gentílico luandense
Província Luanda
Características geográficas
População 4.500.000 hab.

Dados adicionais
Sítio [Governo da Província de Luanda]
Projecto Angola  • Portal de Angola

Luanda é a maior cidade e capital de Angola, sendo também a capital da província homónima. Localizada na costa do Oceano Atlântico, é o principal porto e centro administrativo de Angola. Tem uma população de aproximadamente 4,5 milhões de habitantes (estimativa da ONU em 2004), tornando-a a terceira maior cidade lusófona do mundo, atrás de São Paulo e Rio de Janeiro.

As indústrias presentes na cidade incluem a transformação de produtos agrícolas, produção de bebidas, têxteis, cimento e outros materiais de construção, plásticos, metalurgia, cigarros, e sapatos. O petróleo, extraído nas imediações, é refinado na cidade, embora a refinaria tenha sido várias vezes danificada durante a guerra civil. Luanda possui um excelente porto natural, sendo as principais exportações café, algodão, açúcar, diamantes, ferro e sal.

Os habitantes de Luanda são na sua grande maioria membros de grupos étnicos africanos, incluindo Ovimbundu, Kimbundu e Bakongo. Existe uma pequena minoria de origem europeia. A língua oficial e mais falada é o português, sendo também faladas várias línguas do grupo bantu.

Será a cidade onde ocorrerá a abertura da Copa das Nações Africanas de 2010.

História

A primitiva povoação foi fundada a 25 de Janeiro de 1575 pelo capitão Paulo Dias de Novais que, ao desembarcar na Ilha do Cabo, encontrou uma população nativa bastante numerosa, tendo aí estabelecido o primeiro núcleo de colonos portugueses: cerca de 700 pessoas, dos quais 350 homens de armas, religiosos, mercadores e funcionários públicos.

Um ano depois, reconhecendo não ser aquele lugar adequado, avançou para terra firme e fundou a vila de São Paulo da Assunção de Loanda, tendo lançado a primeira pedra para a edificação da Igreja dedicada a São Sebastião, no lugar onde é hoje o Museu das Forças Armadas. Trinta anos mais tarde com o aumento da população europeia e do número de edificações, a Vila de São Paulo de Loanda tomou foros de Cidade, estendendo-se de São Miguel ao largo fronteiro ao antigo Hospital Maria Pia (actual Josina Machel).

Vista da Fortaleza de São Miguel de Luanda.

No período da União Ibérica, em 1618 foi construída a Fortaleza de São Pedro da Barra. A cidade torna-se no centro administrativo de Angola desde 1627. Em 1634 foi construída a Fortaleza de São Miguel de Luanda. A cidade foi conquistada e esteve sob o domínio da Companhia Neerlandesa das Índias Ocidentais de 1641 a 1648 quando foi recuperada para a Coroa Portuguesa por uma expedição enviada da Capitania do Rio de Janeiro, no Brasil, por Salvador Correia de Sá e Benevides.

Reconquista de Angola

Ver artigo principal: Reconquista de Angola

De 1550 a 1850, Luanda foi um importante centro do tráfego de escravos para o Brasil.

Enquanto apenas um quinto de suas importações eram originadas de Portugal, os outros quatro quintos eram com o Brasil. O equilíbrio na balança comercial era mantido com o intenso contrabando de escravos.[1]

A cidade limitava-se a funções militares, administrativas e de redistribuição. A indústria era praticamente inexistente e a instrução pública pouco evoluída.[1]

Em 1847, incluindo os edifícios públicos, a cidade contava com 144 casas com primeiro andar, 275 casas térreas e 1058 cubatas (cabanas de indígenas). Cidade de degredados, com cerca de cinco mil habitantes, possuía perto de cem tabernas, pelo que viajantes a qualificavam como de moralidade duvidosa.[1]

Em 1889, o governador Brito Capelo inaugurou um aqueduto que forneceu a cidade de água, anteriormente escassa, abrindo caminho para o grande crescimento de Luanda. Em 1872 Luanda recebeu o etnônimo de "Paris da África".

A partir de 1928, com o regime de exceção em Portugal, Luanda passa a ser mais utilizada como colônia penal. Nos primeiros anos do salazarismo, a população européia da cidade era composta de condenados de delito comum e outros, utilizando uniformes de sarja azul escura com a inscrição D.D.A. em branco no peito e nas costas (Depósitos dos Degredados de Angola era como se chamavam as prisões e fortalezas de São Miguel e da Barra, onde permaneciam depositados os deportados e presos políticos em Luanda).[2]

Luanda é a maior e a mais densamente habitada cidade de Angola. Inicialmente projetada para uma população a rondar nos 500.000 habitantes, é hoje uma cidade sobrehabitada. Segundo os últimos estudos, vivem actualmente em Luanda mais de 5.000.000 de habitantes.

Fatos marcantes

[3]

  • 1575: Paulo Dias de Novais entra na cidade, na Barra da Corimba.
  • 1596: Criada a Diocese de Luanda.
  • 1606: O primeiro foral da cidade.
  • 1625: Fundação do primeiro hospital.
  • 1765: Criado o Terreiro Público.
  • 1813: O governador José de Oliveira Barbosa tenta, sem sucesso, trazer a água do Cuanza para a cidade.
  • 1837: Criada a comarca de Luanda.
  • 1845: Criação da Escola Principal de Instrução Primária (Decreto de 14 de agosto de 1845).
  • 1848: Criação da 1ª Secretaria militar da colônia.
  • 1853: Dissolvido o Batalhão do Comércio de Luanda.
  • 1865: Criação da filial do Banco Nacional Ultramarino.
  • 1866: Inauguração do Posto Meteorológico, iniciando as observações em 10 de abril desse ano.
  • 1880: Fundação da Sociedade de Geografia.
  • 1881: Inauguração do Museu Etnográfico e de Produtos Coloniais.
  • 1884: Realização da primeira exposição agrícola.
  • 1888: Inaugurado o primeiro troço do Caminho de Ferro de Luanda à Funda.
  • 1917: Criação da Caixa Económica Postal.
  • 1918: Estabelecida na cidade a filial do Banco Colonial Português.
  • 1919: Criação do Liceu Central de Luanda.
  • 1975: A Angola conquista sua independência, elevando Luanda à capital de um país independente.
  • 2002: Fim da Guerra Civil em Angola.
  • 2010: A cidade vai receber a Copa das Nações Africanas

Geografia e clima

Gráfico climático para Luanda
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Temperaturas em °CPrecipitações em mm

Luanda está dividida em duas partes, a Baixa de Luanda (Luanda inferior, a cidade antiga) e a Cidade Alta (superior a nova cidade ou parte). A Baixa de Luanda está situada próxima do porto, e tem ruas estreitas e velhos edifícios dos tempos coloniais. O litoral é marcado pela Baía de Luanda, formada pela proteção do litoral continental por meio da Ilha de Luanda e a Baía de Mussulo, ao sul do núcleo urbano principal, formada pela restinga de Mussulo.

Não existem rios grandes que desemboquem no litoral da cidade, mas vários cursos d'água formam o sistema de bacias pluviais de Luanda, porêm o maior rio de Angola, Rio Cuanza, é o acidente natural que faz a divisa sul entre a província de Luanda e a província de Bengo e o rio Bengo que faz a divisa norte com a mesma província.

O clima é quente e húmido, mas surpreendentemente seco, devido ao frio Benguela , que impede facilmente a condensação da humidade para chuva. Frequentemente, o nevoeiro impede a queda das temperaturas durante a noite, mesmo durante o mês de Junho, que custuma causar secas completas até Outubro. Luanda possui uma precipitação anual de 323 milímetros (12,7 in), mas a variabilidade está entre as mais altas do mundo, com um coeficiente de variação superior a 40%. O curto período de chuvas nos meses de Março e Abril depende de um balcão a norte que tráz humidade para a cidade: foi demonstrado claramente que a fraqueza actual no Benguela pode aumentar cerca de seis vezes a pluviosidade quando comparado com o ano corrente que é forte.

Demografia

População de Luanda (1750-2007)

Os habitantes de Luanda são membros primariamente de grupos étnicos africanos, incluindo as tribos Ovimbundu, Kimbundu e Bakongo. A língua oficial e mais falada é o português, apesar que muitas línguas nativas correlatas ao Bantu são faladas. Há uma pequena população de origem européia. Há também muitos brasileiros resultado de uma imigração recente, qualificados e vindos em sua maioria dos estados de Pernambuco e Bahia.

A população de Luanda explodiu nos anos recentes, devido em grande parte à migração da cidade - que é segura comparado ao resto do país - durante a época de guerra[4]. Contudo, Luanda recentemente viu um aumento na violência urbana, particularmente nas favelas que circundam o núcleo colonial urbano[5].

        Ano         População
1815 18.000
1880 16.000
1900 20.000
1909 16.000
1921 20.000
1927 20.000
1934 17.900
1940 61.208
1950 137.000
1954 159.000
        Ano         População
1960 189.500
1964 224.540
1970 475.328
1974 600.000
1983 898.000
1987 1.136.000
1991 2.000.000
1995 2.080.000
2000 2.571.600
2008 2.524.459

Economia

Cidade de Luanda vista de Satélite.

Luanda é sede das principais empresas do país dentre elas: Angola Telecom, Unitel, Endiama, Sonangol, Linhas Aéreas de Angola e Odebrecht Angola, dentre outras.

A indústria transformadora (principal actividade de Luanda) inclui a parte de alimentos processados, bebidas, têxteis, cimento e outros materiais de construção, produtos plásticos, metais, cigarros, e sapatos. O petróleo (encontrado nas proximidades off-shore dos depósitos), é refinado na cidade, apesar desse mecanismo, foram várias as vezes que este sofreu danos durante a guerra civil angolana (1975 - 2002). Luanda possui um excelente porto natural, as suas principais exportações são o café, algodão, açúcar, diamantes, ferro e sal. A cidade também possui uma próspera indústria da construção civil, um efeito económico bom para o país, que experimentou, desde 2002, um retornou à estabilidade política com o fim da guerra civil. O crescimento económico é amplamente apoiado pela extração de petróleo. A cidade é a mais desenvolvida de Angola e o único grande centro económico do país. Vale a pena mencionar, no entanto, as favelas chamadas de musseques, que esticam Luanda milhas para além da antiga cidade, como resultado de várias décadas, da longa guerra civil, e devido ao aumento da nas desigualdades sociais, que se deveram a migração de uma grande escala de refugiados da guerra civil generalizada e a corrupção política.

Monumento a Agostinho Neto

Em 2007 foi inaugurado em Luanda o primeiro centro comercial de Angola, o Belas Shopping, totalmente climatizado, oito salas de cinema e praça de alimentação, área de lazer e uma centena de lojas[6].

Turismo

Um dos mais belos cartões-postais de Luanda, a avenida 4 de Fevereiro, conhecida simplesmente como Marginal, exibe o contraste entre a beleza natural da baía e os edifícios modernos ao seu redor.

A ilha do Cabo, à entrada da baía de Luanda, possui belíssimas praias de areias brancas e águas claras, ornadas por coqueiros. Na ilha existe uma excelente estrutura de entretenimento, com muitos bares e restaurantes.

O carnaval da cidade, que tem origens e ritmos semelhantes ao brasileiro, tem sido cada vez mais procurado pelos visitantes.[7]

Infra-estrutura

Vista da cidade de Luanda, mostrando suas casas e prédios

Devido ao grande crescimento populacional vivido pela cidade, o preço da terra/terreno aumentou e os musseques da cidade estenderam-se até próximo da fronteira de cidades como Viana. Apenas 20% da cidade tem água e de saneamento básico e apenas 30% das casas têm água corrente. No entanto, existem projectos inovadores, como a urbanização de Luanda Sul que visa melhorar esta situação.

Transportes

Luanda é o ponto de partida de uma linha de caminho-de-ferro que serve o interior a leste da cidade, sem no entanto atingir a fronteira da República Democrática do Congo. A cidade é servida pelo Aeroporto Quatro de Fevereiro. O principal sistema de transporte no interior da cidade são os candongueiros, também chamados de táxis, nome popular dado aos veículos de transporte de passageiros em Angola (no Brasil são chamados de vans ou lotações). Geralmente são vans pintadas de branco e azul informais que percorrem toda a cidade, realizando também viagens para várias províncias do país.

Desporto

O futebol é o desporto mais seguido em Luanda, sendo o Petro Luanda o clube com mais apoio. Outros clubes importantes são, Clube Desportivo Primeiro de Agosto, Grupo Desportivo Interclube e Atlético Sport Aviação. O Estádio da Cidadela é o maior da cidade [8]. Outros estádios importantes são o Estádio dos Coqueiros, o segundo maior e o Estádio Joaquim Dinis.[8]. Na Copa de 2006 a Selecção Angolana de Futebol era composta por mais da metade de jogadores naturais de Luanda. Os atletas futebolista de maior destaque são Pedro Mantorras e Flávio Amado da Silva. A Copa das Nações Africanas de 2010 terá sua abertura, jogo incial e decisão realizados no Estádio Cidade Universitária que está em construção em Luanda.

Outro destaque do esporte é o automobilismo por Luanda manter o Autódromo de Luanda, inaugurado em 1972.O Clube Naval de Luanda tem grande importância para o esporte da cidade por ser um dos clubes mais antigos da cidade, sendo um dos mais antigos clubes nauticos da África[9], fundado a 23 de maio de 1883. Outros estádios importantes são o Estádio dos Coqueiros, o segundo maior e o Estádio Joaquim Dinis.[8]. Por ser a capital do país é sede de diversas organizações esportivas nacionais da Angola, como a Comitê Olímpico Angolano e a Federação Angolana de Futebol.

Cultura

Tem destaque na cultura da cidade diversos teatros tais como: Teatro Municipal de Launda, Teatro Elinga e Teatro Avenida. Luanda abriga os mais importantes museus do país tais como Museu das Forças Armadas, Museu Nacional de Antropologia, Museu de História Natural e Museu de Escravatura. A Biblioteca Nacional de Angola e Biblioteca do Governo Provincial de Luanda são as mais importantes da cidade bem como o Arquivo Histórico de Angola. Luanda é a sede de um arcebispo católico romano.

Educação

Luanda abriga várias universidades sendo o principal pólo universitário do país. Em 2008 foi lançado o projeto da Cidade Universitária que abrigará o primeiro Parque Científico e Tecnológico de Angola[10]. O projeto do parque é voltado para o setor de Tecnologia da Informação.

Cidades-irmãs


Referências

  1. a b c Pélissier, 42.
  2. BOAVIDA, Américo (1967). Angola: Cinco Séculos de Exploração Portuguesa. Lisboa: Edições 70 
  3. MILHEIROS, Mário (1972). Índice Histórico-Corográfico de Angola. Luanda: Instituto de Investigação Científica de Angola 
  4. International Spotlight: Angola (em inglês)
  5. ANGOLA: Easy access to guns concern as election nears (em inglês)
  6. «Belas Shopping Dados Gerais». 2007. 2007  Parâmetro desconhecido |accessdata= ignorado (|acessodata=) sugerido (ajuda)
  7. Nova Enciclopédia Barsa. São Paulo: Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações, 2000, v. 1, p. 402.
  8. a b c http://www.worldstadiums.com/africa/countries/angola.shtml www.worldstadiums.com
  9. http://cnluanda.com/clube.html Página do Clube Naval de Luanda
  10. «Angola vai contar com um Parque Científico e Tecnológico». 1 de Setembro de 2008. 29 de Agosto de 2008  Parâmetro desconhecido |accessdata= ignorado (|acessodata=) sugerido (ajuda)
  11. «Tradição & História». 2007. 2007  Parâmetro desconhecido |accessdata= ignorado (|acessodata=) sugerido (ajuda)
  12. «História da UCAN». 2006. 2006  Parâmetro desconhecido |accessdata= ignorado (|acessodata=) sugerido (ajuda)
  13. «História da UnIA». 2008. 2008  Parâmetro desconhecido |accessdata= ignorado (|acessodata=) sugerido (ajuda)
  14. «Portal do conhecimento - Universidade Jean Piaget de Angola». 2008. 2008  Parâmetro desconhecido |accessdata= ignorado (|acessodata=) sugerido (ajuda)
  15. «Licenciaturas». 2008. 2008  Parâmetro desconhecido |accessdata= ignorado (|acessodata=) sugerido (ajuda)
  16. «UTANGA». 2008. 2008  Parâmetro desconhecido |accessdata= ignorado (|acessodata=) sugerido (ajuda)
  17. Prefeitura Municipal de Belo Horizonte. «Belo Horizonte Internacional - Acordos de Cooperação: Cidades Irmãs». Consultado em 24 de maio de 2008 
  18. City of Houston eGovernment Center. «Business In Houston? Sister Cities» 
  19. Câmara Municipal do Porto. «Geminações e Protocolos de Cooperação» 

Bibliográficas

  • PÉLISSIER, René (1986). História das Campanhas de Angola. resistência e revoltas – 1845 - 1941. 1. Lisboa: Editorial Estampa 

Ligações externas

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