Máfia da Loteria Esportiva

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Máfia da Loteria Esportiva
Local do crime Brasil
Data 19821985
Tipo de crime Corrupção ativa, corrupção passiva, formação de quadrilha, operação fraudulenta de câmbio e recebimento de vantagem indevida
Réu(s) Diversos, entre pessoas e organizações
Situação Encerrada. Das 125 pessoas acusadas, apenas 20 pessoas foram indiciadas.

A Máfia da Loteria Esportiva foi um esquema criminoso de manipulação de resultados do futebol brasileiro que visava fraudar resultados das partidas em favor de um grupo de apostadores da Loteria Esportiva, que era o principal jogo de azar da época.[1][2]

O esquema foi revelado pela revista Placar em outubro de 1982. Por conta dessa reportagem, o repórter Sérgio Martins foi agraciado com o Prêmio Esso de Jornalismo de 1982 na categoria geral.[3] Em 1985, três anos após a denuncia feita pela revista Placar, a Polícia Federal anunciou a conclusão do inquérito: Dos 125 acusados na reportagem, apenas 20 pessoas foram indiciadas. O gerente de Loterias da Caixa em 1989, Juarez José de Lima, garantiu à época que o escândalo não chegou a abalar a loteria.[4] Em contrapartida, a revista Placar acabou sofrendo um prejuízo grande com os processos e indenizações.[5]

O Caso[editar | editar código-fonte]

Em 1978, no auge de popularidade da Loteria Esportiva, surgiram os primeiros boatos sobre uma máfia armada entre apostadores que se revezavam e faturavam prêmios gordos em dinheiro.[6]

Em 1979, Milton Coelho da Graça, então diretor da revista Placar, comentou com Juca Kfouri, então editor de projetos especiais e que cuidava da seção sobre a Loteria Esportiva, que vinha notando algumas coincidências quando poucas pessoas ganhavam em um teste.[7] A pedido de Milton, Juca foi a Brasília pedir para ver os bilhetes premiados, mas o pedido foi negado, com a alegação de sigilo bancário.[8]

Nesse mesmo ano, Milton deixou a Editora Abril, e Juca foi promovido a seu posto. Ainda com as suspeitas em relação à Loteria Esportiva, todo o fim de mês provocava a redação: "Quem é o macho para descobrir a sacanagem da Loteria Esportiva?" Mas ninguém se pronunciava.[9] Em outra viagem a Brasília, pediu novamente para ver os cartões ganhadores. Desta vez, mostraram-lhe alguns: "Nego colocava jogo triplo em partida que se cravaria seco", conta Juca. "Corinthians × Juventus, triplo. Flamengo × Olaria, triplo. Vasco × Botafogo, Vasco. Atlético-PR × Coritiba, Coritiba. Inter × Livramento, triplo. Não é possível. Eles cravam triplo em jogo fácil e seco para jogo difícil. Tem alguma coisa estranha nisso."[10]

Quando comentou suas suspeitas na redação, no dia seguinte, conseguiu um voluntário para a empreitada: Sérgio Martins. Juca deu a ele prazo de um ano, cumprido à risca: no número 648, de 22 de outubro de 1982, foi publicada extensa reportagem sobre o caso, com denúncias de corrupção e manipulação de resultados. "A Loteria Esportiva é séria até a bola rolar", admitiu o radialista Flávio Moreira, um dos envolvidos.[11] Nenhum dos 125 denunciados, entre jogadores, dirigentes, árbitros, técnicos e personalidades, foi preso. Apenas 20 pessoas foram indiciadas. A conclusão do inquérito, realizada pelo Delegado Paulo Lacerda, foi a de: “não existia uma organização de manipulação, mas apenas alguns grupos isolados”.

Árbitros, jogadores, personalidades e cartolas estavam envolvidos, incluindo dois campeões mundiais pela Seleção Brasileira: Amarildo (1962) e Marco Antônio (foto) em (1970).

Os 20 indiciados foram:

Ver Também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. esportes.r7.com/ Da máfia do apito a loteria esportiva: casos de manipulação no futebol não são novidade no Brasil
  2. lance.com.br/ Lembre o escândalo da Máfia da Loteria Esportiva
  3. placar.abril.com.br/ Há 40 anos, PLACAR revelou a máfia da loteria esportiva
  4. «Voltam os 13 pontos». Placar (1 004). São Paulo: Editora Abril. 8 de setembro de 1989. 36 páginas. ISSN 0104-1762 
  5. espn.com.br/ "Hora de o povo ficar rico", a origem da zebra e máfia: os 50 anos da Loteria Esportiva
  6. correiodoestado.com.br/ Correio antecipou em 1982 denúncia da 'Máfia da Loteria' em MS
  7. Carlos Alencar, Juca Kfouri: O Militante da Notícia, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006, pág. 45
  8. Carlos Alencar, Juca Kfouri: O Militante da Notícia, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006, pág. 49
  9. Carlos Alencar, Juca Kfouri: O Militante da Notícia, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006, pág. 51
  10. Carlos Alencar, Juca Kfouri: O Militante da Notícia, Imprensa Oficial do Estado de São Paulo, 2006, pág. 53
  11. "A Máfia da Loteria", Placar número 1.101, março de 1995, Editora Abril, pág. 32