António Machado Santos

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António Machado Santos
António Machado Santos
Dados pessoais
Nome completo António Maria de Azevedo Machado Santos
Nascimento 10 de janeiro de 1875
Lisboa, Reino de Portugal Portugal
Morte 19 de outubro de 1921 (46 anos)
Lisboa, Portugal Portugal
Nacionalidade Portugal Português
Progenitores Mãe: Maria de Assunção Azevedo Machado Santos
Pai: Maurício Paulo Vitória dos Santos
Esposa Beatriz Estefânia de Oliveira
Partido Partido Republicano Português
Partido Nacional Republicano
Partido da Federação Republicana
Profissão Militar, jornalista e político
Assinatura Assinatura de António Machado Santos

António Maria de Azevedo Machado Santos GCTEGOA (Lisboa, 10 de Janeiro de 1875Lisboa, 19 de Outubro de 1921), mais conhecido por António Machado Santos ou simplesmente Machado Santos, foi um militar e político português, considerado o fundador da República Portuguesa pelo denodo com que se bateu na Revolução de 5 de Outubro de 1910 e depois na defesa do regime contra a intentona monárquica de 22 a 24 de Janeiro de 1919 em Monsanto.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Machado Santos alistou-se na Armada Portuguesa em 1891 iniciando uma carreira de comissário naval que o levaria ao posto de comissário de 2.ª classe (segundo-tenente) aquando da Revolução de 5 de Outubro de 1910.

Ainda durante a Monarquia já se tinha iniciado na Carbonária, afirmando-se como um conspirador inveterado, presente em todos os movimentos revolucionários que precederam a queda do regime, distinguindo-se na Revolta de 28 de Janeiro de 1908. Foi também iniciado na Maçonaria em 1909, na Loja Montanha com o nome simbólico de Championnet.[1]

Jovem e de aspecto romântico, exercendo um importante papel de coordenação operacional do movimento revolucionário de 5 de Outubro de 1910, acabou catapultado pela imprensa para o papel de herói da Rotunda e pai da República. A sua incontestável heroicidade, principalmente quando organizou e manteve, perante o aparente fracasso da revolução, a resistência no alto da Avenida da Liberdade (a "Rotunda", sítio onde hoje se localiza a Praça do Marquês de Pombal) está bem patente nos relatos da época e no seu próprio relatório dos acontecimentos.[2]

Eleito deputado à Assembleia Constituinte de 1911, foi dos primeiros a manifestar sinais de desencanto face ao andamento da política na República, a qual se afastava rapidamente dos ideais de pureza republicana dos seus defensores iniciais. Funda então o jornal O Intransigente, que dirige, no qual expressa o seu desencanto.

Mantendo o fervor revolucionário e conspirativo do período anterior à implantação da República Portuguesa, passa da palavra aos actos, organizando ou participando nos movimentos insurreccionais de Abril de 1913, de Janeiro de 1914, no Movimento das Espadas de 1915, na Revolta de Tomar de 1916 e no golpe de 1917 que colocou Sidónio Pais no poder.

No Movimento das Espadas, quando vários oficiais militares descontentes com o estado do país tentaram simbolicamente entregar as suas espadas ao Presidente da República Manuel de Arriaga, teve um papel determinante, já que ao deslocar-se ao Palácio de Belém para entregar a espada que usara nos combates da Rotunda no dia 5 de Outubro de 1910, deitou por terra a acusação de pró-monárquicos com que o Partido Democrático (no poder) justificara a prisão dos oficiais amotinados.

Nesse mesmo ano foi preso e deportado para os Açores durante a ditadura de Pimenta de Castro.

Durante a ditadura de Sidónio Pais foi feito senador e ocupou as funções de secretário de Estado das Subsistências e Transportes e secretário de Estado do Interior (título usado pelos ministros do governo sidonista), mas entrou em ruptura com Sidónio Pais.

Em 1919, durante a Monarquia do Norte, voltou a salvar a República ao contribuir para a derrota do grupo de revoltosos monárquicos acampados na Serra de Monsanto. A 11 de Março desse ano foi feito Grande-Oficial da Ordem Militar de São Bento de Avis. [3]

Ainda lança o Partido da Federação Republicana, com que pretende continuar a sua intervenção política, mas acaba por se retirar da vida política. Morreu assassinado na Noite Sangrenta de 19 de Outubro de 1921, vítima das forças revolucionárias que tão longamente cultivara. Foi vice-almirante, agraciado com a Grã-Cruz da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito, a título póstumo, a 4 de Setembro de 1926.[3]

Cronologia[editar | editar código-fonte]

Referências e Notas

  1. Oliveira Marques, A. H. (1985). Dicionário da Maçonaria Portuguesa. Lisboa: Delta. p. 1295 
  2. A revolução portugueza, 1907-1910 : relatório de Machado Santos. Lisboa : Papelaria e Typ. Liberty, 1911.
  3. a b «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "António Maria de Azevedo Machado dos Santos". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 19 de março de 2016 

Obras publicadas[editar | editar código-fonte]

  • A revolução portugueza, 1907-1910: relatório de Machado Santos. Lisboa: Papelaria e Typ. Liberty, 1911 (reeditada, com introdução de Joel Serrão: Lisboa: Assírio e Alvim, 1982).
  • A ordem pública e o 14 de Maio. Lisboa: Papelaria e Tip. Liberty, 1916.

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Diva Morazo, "Heróis esquecidos pelo poder". In: Boletim da Junta de Freguesia de São Jorge de Arroios. Lisboa. A. 6, n.º 13 (OUT.- NOV.- DEZ. 1996), p. 3: il.
  • "Os acontecimentos da Noite Sangrenta: são mortos a tiro os srs. dr. António Granjo, Machado Santos, Carlos da Maia e capitão-tenente Freitas da Silva: memória do tempo". Diário de Notícias. Lisboa, número de 20 de Outubro de 1921.
  • "O sr. Antonio d'Azevedo Machado Santos, commissario naval, que commandou as forças revolucionárias no Alto da Avenida onde heroicamente formou o baluarte da República". In: Illustração Portugueza, Lisboa, S. 2, vol. 10, n.º 243 de 17 de Outubro de 1910, p. 481-482: il.; Illustração Portugueza: artigos sobre Lisboa. Lisboa. - Vol. 1. - n.º 243 (17 Out. 1910), p. 102-102v: il.
  • Rocha Martins, Os mortos de 19 de Outubro. In: ABC: revista portuguesa, Lisboa. A. 2, n.º 69 (3 Nov. 1921), p. 21-23: il.
  • O funeral do fundador da República, Almirante Machado Santos. In: ABC : revista portuguesa, Lisboa. A. 2, n.º 68 (27 Out. 1921), p. 1, 4-5: il.
  • "Trasladação de Machado Santos". In: Ilustração Portugueza. Lisboa. S. 2, vol. 37, nº 935 (19 Jan. 1924), p. 90: il.
  • Rocha Martins, "Machado Santos: benemérito da Pátria". In: Illustração Portugueza. Lisboa. S. 2, vol. 12, nº 282 (1911), p. 82-83: il.
  • "A proclamação da República em Portugal: a revolução". In: O Occidente, Lisboa. Vol. 33, nº 1144 e 1145 (1910), p. 229-240: nº 1147, p. 250: il.
  • Maria O'Neill, O Fundador. Abrantes: Tip. A Rápida, 1922.
  • João Medina, "Machado Santos, o republicano recalcitrante". In: Clio: revista do Centro de História da Universidade de Lisboa. Lisboa, Nova Série, vol. 2 (1977), p. 153-158: il.
  • Pinto Gonzaga, "5 de Outubro". In: Na Rotunda: em Artilharia 1: no Parque Eduardo VII. Lisboa: Guimarães Editores, 1911. - pp. 18–23, 38-52 e 61-67.
  • Appio Sottomayor, Noite negra. Lisboa: [s.n.], 1946 (Colecção: O poço da cidade: crónicas lisboetas; vol. 4, p. 149, in: A Capital, Lisboa, n.º 749).
  • Mário Ferro, "Batuque engendrado pelo Jornal do Sr. Machado Santos". In: O Independente: Folha quinzenal republicana dedicada aos interesses da província de Cabo Verde. - Ano 1, nº 26 (1913), p. 1.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]