Mafalda de Saboia (1902–1944)

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Mafalda
Princesa da Itália
Princesa de Hesse-Cassel
Mafalda de Saboia (1902–1944)
Mafalda em 1940
Condessa Consorte de Hesse-Cassel
Reinado 28 de maio de 1940
a 28 de agosto de 1944
Predecessora Margarida da Prússia
Sucessora Tatiana de Wittgenstein
 
Nascimento 19 de novembro de 1902
  Palácio do Quirinal, Roma, Reino da Itália
Morte 28 de agosto de 1944 (41 anos)
  Campo de Buchenwald, Weimar, Alemanha Nazista
Nome completo  
Mafalda Maria Isabel Ana Romana
Marido Filipe de Hesse-Cassel
Descendência Maurício de Hesse-Cassel
Henrique de Hesse-Cassel
Otto de Hesse-Cassel
Isabel de Hesse-Cassel
Casa Saboia (nascimento)
Hesse-Cassel (casamento)
Pai Vítor Emanuel III da Itália
Mãe Helena de Montenegro
Religião Catolicismo

Mafalda da Itália (em italiano: Mafalda Maria Elisabetta Anna Romana; Roma, 19 de novembro de 1902Weimar, 28 de agosto de 1944), foi uma princesa italiana, filha do rei Vítor Emanuel III da Itália e da princesa Helena de Montenegro. Casada com um príncipe alemão, em 1943, durante a Segunda Guerra Mundial, foi prisioneira política no campo de concentração de Buchenwald, onde faleceu após um bombardeio no qual ficou gravemente ferida. O futuro rei Humberto II da Itália era seu irmão mais novo.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Primeiros anos[editar | editar código-fonte]

Mafalda na infância

Mafalda nasceu em 19 de novembro de 1902 no Palácio do Quirinal. [1] Era a segunda filha do rei Vítor Emanuel III da Itália e da sua esposa Helena de Montenegro. Mafalda foi batizada em 15 de dezembro de 1902 no Palácio do Quirinal em Roma. Pertencia à Casa de Saboia através de seu pai. Sua mãe, Helena, era filha do rei Nicolau I de Montenegro e de Milena Vukotić o que fazia com que Mafalda tivesse ascendência eslava por parte da mãe.

Na altura de seu nascimento Mafalda tinha uma irmã mais velha, Iolanda, e depois, foi irmã mais velha de quatro irmãos; Humberto (futuro rei Humberto II da Itália, Joana (futura czarina da Bulgária) e Maria Francisca.

Durante a sua infância era muito chegada à sua mãe de quem herdou o seu amor por música e outras artes. Durante a Primeira Guerra Mundial, acompanhou-a em visitas a hospitais militares italianos.

Casamento[editar | editar código-fonte]

Mafalda e Filipe em seu casamento, em 1925

No dia 23 de setembro de 1925, Mafalda casou-se com o príncipe Filipe de Hesse-Cassel no Castelo de Racconigi. O príncipe Filipe era um membro leal do Partido Nazista e o seu irmão Cristóvão fazia parte da alta hierarquia do partido e casou-se com a princesa Sofia da Grécia e Dinamarca, irmã do príncipe Filipe, Duque de Edimburgo, o futuro marido da rainha Isabel II do Reino Unido.

O seu marido era bissexual[2] e o casamento só ocorreu como parte de uma aliança de colocar a Itália de Benito Mussolini numa posição privilegiada para as negociações entre o governo nazi alemão.

Mafalda era contraria aos ideais do Partido Nazi. Durante a Segunda Guerra Mundial, Adolf Hitler acreditava que a princesa Mafalda estava a trabalhar contra a guerra e chamou-a de "o membro mais podre da casa real italiana".[3][4]

Prisão e morte[editar | editar código-fonte]

No inicio de setembro de 1943, a princesa Mafalda foi até à Bulgária para estar presente no funeral do seu cunhado, o czar Boris III. Enquanto lá estava, foi informada da rendição italiana às forças aliadas, que o seu marido estava em prisão domiciliária na Baviera e que os seus filhos tinham sido enviados para o Vaticano que lhes tinha oferecido santuário. A Gestapo deu-lhe uma ordem de prisão e, no dia 23 de setembro, recebeu uma chamada telefónica do hauptsturmführer Karl Hass, do alto comando alemão. O hauptsturmführer informou Mafalda que tinha em sua posse uma mensagem importante do seu marido. Quando chegou à embaixada alemã, Mafalda foi presa, supostamente por estar envolvida em actividades subversivas, mas acredita-se que ela tenha sido feita refém para impedir que o seu pai, o rei da Itália, se opusesse aos interesses alemães na guerra. A princesa Mafalda foi levada para Munique para ser interrogada, depois para Berlim e finalmente para o campo de concentração de Buchenwald.

No dia 24 de agosto de 1944, os aliados bombardearam uma fábrica de munições dentro de Buchenwald. Cerca de quatrocentos prisioneiros foram mortos e Mafalda ficou gravemente ferida. A princesa estava alojada numa casa numa unidade subjacente à fábrica bombardeada e quando o ataque aconteceu, ela foi enterrada até ao pescoço com entulho e sofreu várias queimaduras no braço. As condições no campo de trabalho fizeram com que o braço ficasse infectado e os médicos amputaram-no, fazendo com que sangrasse profundamente durante a operação. Depois do bombardeamento do dia 24 de agosto, diz-se que Mafalda, perto da morte, terá dito a duas prisioneiras italianas: "Lembrem-se de mim não como uma princesa italiana, mas como uma irmã italiana."[5] Mafalda morreu na noite de 26 para 27 de agosto de 1944. O seu corpo foi enterrado no Castelo de Kronberg em Hesse.

A família real de Hesse não foi informada da morte de Mafalda, apesar de rumores sobre a mesma terem começado a circular no final de 1944. A sua morte só foi confirmada depois de os alemães se renderem aos aliados em 1945.

Em 1997, o governo italiano honrou a princesa Mafalda num selo com a sua imagem.

Cultura popular[editar | editar código-fonte]

Em 2006, o canal de televisão italiano Canale 5 produziu uma mini-série sobre a vida de Mafalda intitulada "Mafalda di Savoia". O papel principal foi interpretado por Stefania Rocca e o seu marido, o príncipe Filipe de Hesse-Cassel foi interpretado por Johannes Brandrup.

Descendência[editar | editar código-fonte]

Mafalda casou-se no dia 19 de novembro de 1925 com o príncipe Filipe de Hesse-Cassel e teve os seguintes filhos:

  • Maurício de Hesse (6 de agosto de 1926 - 23 de maio de 2013) casado com a princesa Tatiana de Sayn-Wittgenstein-Berleburg{divorciados}; com descendência; herdou as casas reais de Hesse-Cassel e Hesse-Darmstadt, fundindo-as em uma.
  • «Henrique Guilherme Constantino Vítor Francisco». (30 de outubro de 1927 - 18 de novembro de 1999); nunca se casou nem teve descendentes. 
  • Otto Adolfo (3 de junho de 1937 - 3 de janeiro de 1998); casou-se primeiro no dia 6 de abril de 1965 com Angela von Doering (divorciaram-se no dia 3 de fevereiro de 1969); sem descendência. Casou-se pela segunda vez no dia 28 de dezembro de 1988 com Elisabeth Bönker; divorciaram-se em 1994; sem descendência
  • Isabel Margarida (nascida a 8 de outubro de 1940) casou-se no dia 26 de fevereiro de 1962 em Frankfurt com Friedrich Carl von Oppersdorf; sem descendência.

Ancestrais[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. «ANNO, Wiener Salonblatt, 1902-11-29, Seite 6». anno.onb.ac.at. Consultado em 29 de outubro de 2022 
  2. Hoelterhoff, Manuela (2007-01-08). "'Royals and the Reich' Reveals Fateful History of Nazi Princes". Bloomberg.com. http://www.bloomberg.com/apps/news?pid=20601088&sid=accwj4EskF_8&refer=muse. Retrieved 2007-08-12.
  3. Diários de Goebbels, 11 de setembro de 1943.
  4. Mafalda di Savoia, por Cristina Siccardi, Fabbri, 2001 Pag. 272
  5. Giovanni Marcato, In Buchenwald my name was 34989 , editado por Enrico Chiara, 1999ª ed., Mursia, 1999, p. 98.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Enrico d'Assia, Il lampadario di cristallo, Rizzoli, Milano, 1992;
  • Renato Barneschi, Frau von Weber. Vita e morte di Mafalda di Savoia a Buchenwald, Rusconi, Milano, 1982;
  • Carlo Delcroix, Quando c'era il Re, Rizzoli, Milano, 1959, pag. 149 ss;
  • Massimo de Leonardis, Giuseppe Tarò, Giulio Vignoli, La figura storica di Mafalda di Savoia nella vicenda italo-tedesca, De Ferrari, Genova, 1996;
  • (em alemão) Jobst Knigge, Prinz Philipp von Hessen - Hitlers Sonderbotschafter für Italien, Humboldt Universität, Berlin, 2009;
  • (em castelhano) Ovidio Lagos, Principessa Mafalda, historia de dos tragedias, El Ateneo, Buenos Aires, 2009;
  • Giovanni Marcato, A Buchenwald il mio nome era 34989, a cura di Enrico Chiara. 1999, Mursia;
  • Mirella Serri, Gli invisibili. La storia segreta dei prigionieri illustri di Hitler in Italia, Longanesi, Milano, 2015;
  • Cristina Siccardi, Mafalda di Savoia. Dalla reggia al lager di Buchenwald, Paoline Editoriale Libri, Milano, 1999;
  • Giulio Vignoli, Scritti politici clandestini. Politicamente scorretti, ECIG, Genova, 2000.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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