Maitaca-de-cabeça-azul

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiamaritaca-de-cabeça-azul
Espécime preso numa gaiola
Espécime preso numa gaiola
Revoada em pleno voo avistada no Peru
Revoada em pleno voo avistada no Peru
Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Psittaciformes
Família: Psittacidae
Género: Pionus
Nome binomial
Pionus menstruus
(Lineu, 1766)
Distribuição geográfica
Distribuição da maitaca-de-cabeça-azul
Distribuição da maitaca-de-cabeça-azul
Sinónimos
Psittacus menstruus (Lineu, 1766)

A maitaca-de-cabeça-azul,[2] curica, maitaca-azul ou maitaca-do-norte[3] (nome científico: Pionus menstruus) é uma espécie de ave psitaciforme da família dos psitacídeos (Psittacidae). Tem um tamanho médio de cerca de 27 centímetros de comprimento. O corpo é predominantemente verde, com cabeça e pescoço azuis e coberteiras vermelhas na parte inferior da cauda. São populares como animais de estimação.[4]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Maitaca origina-se do termo tupi mbai'ta, que é composta de mba'e ("coisa") e ta ("ruído, barulho"), que é uma abreviação de taka.[5] Também foi adaptado em português como baitaca, maitá, maritaca, etc. Foi registrado em 1721 como maitáca e 1783 como maitacas.[6] Curica, por sua vez, se originou do tupi ku'ruca. Foi registrado como corica em 1576 e coriqua em 1618.[7]

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

A maitaca-de-cabeça-azul foi formalmente descrita em 1766 pelo naturalista sueco Carlos Lineu na décima segunda edição de seu Systema Naturae. Ele o colocou com todos os outros papagaios do gênero Psittacus e cunhou o nome binomial Psittacus menstruus.[8] Lineu baseou sua descrição em relatos anteriores de Mathurin Jacques Brisson e George Edwards. Em 1760, Brisson publicou uma descrição de Le perroquet a teste bleue de la Guiane de um espécime preservado que havia sido coletado na Guiana Francesa.[9] Em 1764, Edwards incluiu uma descrição e uma gravura colorida à mão de um pássaro vivo no terceiro volume de seu Gleanings of Natural History.[10] A maitaca-de-cabeça-azul é agora um dos oito papagaios colocados no gênero Pionus que foi introduzido em 1832 pelo naturalista alemão Johann Georg Wagler.[11][12] O nome do gênero vem do grego antigo piōn, pionos que significa "gordura". O epíteto específico menstruus é latino e significa "menstrual".[13]

Três subespécies são reconhecidas:[12]

A BirdLife International e a União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN) tratam a subespécie P. m. reichenowi como uma espécie separada.[14][15]

Características[editar | editar código-fonte]

A maitaca-de-cabeça-azul é encontrada na Bolívia, Brasil, Colômbia, Costa Rica, Equador, Guiana Francesa, Guiana, Panamá, Peru, Suriname, Trindade e Tobago e Venezuela. Não é migrante e habita florestas tropicais e subtropicais úmidas, pântanos, savanas, plantações e florestas fortemente degradadas. Estima-se que uma geração de maitaca-de-cabeça-azul seria 4,91 anos.[1] Tem cerca de 28 centímetros (11 polegadas) de comprimento e pesa 245 gramas. É principalmente verde com uma cabeça azul, pescoço e peito superior, coberteiras vermelhas da cauda e alguns amarelados nas coberturas das asas. A mandíbula superior é preta com áreas avermelhadas em ambos os lados. Nidifica em cavidades de árvores. Os ovos são brancos e geralmente há três a cinco em uma ninhada. A fêmea incuba os ovos por cerca de 26 dias e os filhotes deixam o ninho cerca de 70 dias após a eclosão.[4]

Conservação[editar | editar código-fonte]

Não há dados concretos sobre o tamanho de sua população, que foi estimada na faixa de cinco e 50 milhões de indivíduos. Presume-se que sua população esteja instável, mas corre risco de declinar a uma taxa de 10% a cada dez devido à perda de habitat. Apesar disso, por sua ampla distribuição e grande população estimada, foi classificada na Lista Vermelha da UICN como pouco preocupante.[1] No Brasil, em 2005, foi classificada como vulnerável na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[16] e em 2018, como pouco preocupante na Lista Vermelha do Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).[17][18]

Referências

  1. a b c BirdLife International (2016). «Pionus menstruus». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2021: e.T45429607A163789519. doi:10.2305/IUCN.UK.2021-3.RLTS.T45429607A163789519.enAcessível livremente. Consultado em 25 de abril de 2022 
  2. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 183. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  3. «Maitaca». Michaelis. Consultado em 25 de abril de 2022 
  4. a b Alderton, David (2003). The Ultimate Encyclopedia of Caged and Aviary Birds. Londres: Hermes House. p. 229. ISBN 1-84309-164-X 
  5. Ferreira, A. B. H. (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 1095, 1066, 220 
  6. Grande Dicionário Houaiss, verbete maitaca
  7. Grande Dicionário Houaiss, verbete curica
  8. Lineu, Carlos (1766). Systema naturae : per regna tria natura, secundum classes, ordines, genera, species, cum characteribus, differentiis, synonymis, locis (em latim). 1, Part 1 12.ª ed. Estocolmo: Laurentii Salvii. p. 148 
  9. Brisson, Mathurin Jacques (1760). Ornithologie, ou, Méthode Contenant la Division des Oiseaux en Ordres, Sections, Genres, Especes & leurs Variétés (em francês e latim). 4. Paris: Jean-Baptiste Bauche. pp. 247–251  As duas estrelas (**) no início da seção indicam que Brisson baseou sua descrição no exame de um espécime.
  10. Edwards, George (1764). Gleanings of Natural History, Exhibiting Figures of Quadrupeds, Birds, Insects, Plants &c. 3. Londres: Printed for the author. pp. 226–227, Plate 314 
  11. Wagler, Johann Georg (1832). «Monographia Psittacorum». Abhandlungen der mathematisch-physikalischen Classe, Königlich-Bayerische Akademie der Wissenschaften (em latim). 1: 463-750 [497] 
  12. a b Gill, Frank; Donsker, David; Rasmussen, Pamela, eds. (janeiro de 2022). «Parrots, cockatoos». IOC World Bird List Version 12.1. International Ornithologists' Union. Consultado em 23 de março de 2022 
  13. Jobling, James A. (2010). The Helm Dictionary of Scientific Bird Names. Londres: Christopher Helm. pp. 307, 250. ISBN 978-1-4081-2501-4 
  14. BirdLife International (2016). «Pionus reichenowi». Lista Vermelha de Espécies Ameaçadas. 2016: e.T45429616A176949676. doi:10.2305/IUCN.UK.2020-3.RLTS.T45429616A176949676.enAcessível livremente. Consultado em 25 de abril de 2022 
  15. «Blue-breasted Parrot Pionus reichenowi». Data Zone. Birdlife International. Consultado em 23 de março de 2022 
  16. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  17. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  18. «Pionus menstruus (Linnaeus, 1935)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 25 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022