Mambises

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: "Mambí" redireciona para este artigo. Para o fuzil, veja Mambí AMR.
Tropas mambises nas florestas de Cuba, numa ilustração de 1879–1880

Os mambises (singular: mambí) foram guerrilheiros que que no século XIX combateram nas guerras pela independência de Cuba.[1]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

A origem do termo é incerta, supondo-se que seja afro-caribenha e que tenha chegado a Cuba proveniente da ilha de São Domingos.[2] Há pelo menos três teorias:

  • O termo é geralmente associado a Juan Ethnnius Mamby, conhecido como Eutimio Mambí, um oficial negro que desertou do exército espanhol[3] e liderou a luta contra os espanhóis em Saint-Domingue (Haiti), 50 anos antes da primeira guerra da independência de Cuba, a Guerra dos Dez Anos (1868–1878). Uma parte dos soldados espanhóis que combateram em Cuba e que tinham combatido no Haiti aplicaram o nome aos combatentes cubanos[4][a]
  • Pode também derivar do termo mbi do banto, a língua original de uma grande parte dos escravos cubanos. Tinha diferentes significados perjorativos.[b][c]
  • Há ainda uma explicação que mistura as duas anteriores. O termo teria origem numa palavra ameríndia que designava os rebeldes contra os caciques que viviam nas florestas.[d] Notando que os revolucionários cubanos tinham tendência a usar táticas semelhantes e machetes, os soldados espanhóis começaram a chamar-lhes "homens de Mambí" e mais tarde "mambís" ou "mambises".[a]

Inicialmente considerado um insulto, depois da independência ter sido alcançada, o termo passou a ser usado pelos combatentes para se designarem a eles próprios, de uma forma honorífica. Posteriormente foi adotado pelos historiadores. Para os espanhóis o termo não é honorífico — também chamados "bandidos" ou "insurgentes", os mambises não eram considerados guérilleros, um título com conotações honrosas, que é usado para designar os resistentes espanhóis contra as tropas napoleónicas durante a Guerra Peninsular.[a][carece de fontes?]

Tropas mambises[editar | editar código-fonte]

Eram compostas por cubanos de todas as classes sociais, incluindo escravos negros e mestiços livres e proprietários rurais como Carlos Manuel de Céspedes (conhecido com "Pai da Nação Cubana"), unidos pelo desejo comum de liberdade e de independência para Cuba.[c][carece de fontes?]

As tropas mambises incluíram também oficiais e soldados estrangeiros. Entre eles esteve, por exemplo, o norte-americano Henry Reeve, conhecido como "'El Inglesito", o polaco Carlos Roloff ou o dominicano Máximo Gómez. Este último, conhecido como "Generalísimo", é considerado o protagonista da primeira carga de machetes do Exército Libertador cubano (conhecido como Ejército Mambí), que se tornaria uma das principais táticas usadas pelos mambises. Foi-lhe também proposto que fosse presidente da república cubana, o que ele recusou.[c][carece de fontes?]

Outros líderes mambises célebres foramos generais Guillermo Moncada (alcunhado "Gigante de Ébano") e Antonio Maceo, que se notabilizou pela sua valentia e talento militar, bem como pelo seu protagonismo no Protesto de Baraguá (1878).[c]

Notas

  1. a b c Trecho baseado artigo «Mambises» na Wikipédia em francês (acessado nesta versão).
  2. Segundo o antropólogo cubano Fernando Ortiz Fernández.[carece de fontes?]
  3. a b c d Trecho baseado artigo «Mambises» na Wikipédia em castelhano (acessado nesta versão).
  4. A questão dominicana foi estudada por Cristóbal Robles Muñoz, a qual é a fonte desta possível etimologia.[5]

Referências

  1. «mambí». Diccionario de la lengua española. dle.rae.es (em espanhol). Real Academia Espanhola 
  2. Barnet 1987, p. 193
  3. Cardona & Losada 1998, p. 27.
  4. Foner 1972 p. 31
  5. Robles Muñoz 1987

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Historia de la Insurrección en Cuba (1868-1878). Barcelona, 1879-1880
  • Barnet, Miguel, Cimarrón. Ediciones Del Sol, Buenos Aires, 1987. ISBN 9789509413146
  • Cardona, Gabriel; Losada, Juan Carlos, Valerià Weyler i Nicolau, nuestro hombre en La Habana. Planeta, Barcelona, 2.ª ed., 1988 ISBN 8-4080-2327-6
  • de Diego García, Emilio, Weyler, de la leyenda a la Historia. Fundación Cánovas del Castillo, Madrid, 1998 ISBN 8-4883-0648-2
  • Foner, Philip S., The Spanish-American-Cuban War and the birth of american imperialism 1895-1902. Vol. I, p. 31. Nova Iorque, Londres, 1972
  • Moreno Fraginals, Manuel, Cuba-España, España-Cuba Historia común. Grijalbo Mondadori. Barcelone, 1995 ISBN 8-4397-0260-4
  • Ortiz Fernández, Fernando, Introducción Biográfica. In : O'Kelly, James, La tierra del mambí. La Havane, 1930.
  • Perinat Mazeres, Santiago, Las Guerras Mambisas. Ediciones Carena, Barcelona, 2002 ISBN 8-4889-4496-9
  • Robles Muñoz, Cristóbal, Paz en Santo Domingo, Consejo Superior de Investigaciones Científicas, Madrid, 1987
  • Zeuske, Michael, Schwarze Karibik. Sklaven, Sklavereikulturen und Emanzipation. Rotpunktverlag, Zurique, 2004 ISBN 3-8586-9272-7