Manjar branco
Manjar branco | |
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Manjar branco servido com cacau em pó e amêndoas | |
Ingrediente(s) principal(is) |
Leite ou creme de leite, açúcar, gelatina ou amido de milho |
Receitas: Manjar branco Multimédia: Manjar branco |
Manjar branco é uma sobremesa, geralmente feita com leite ou creme de leite e açúcar engrossados com gelatina ou amido de milho. Ele é tipicamente aromatizado com amêndoas.
No Brasil, a versão mais popular utiliza leite de coco e frutas vermelhas em calda, principalmente ameixas.[1]
História
[editar | editar código-fonte]A verdadeira origem do manjar branco é desconhecida, mas acredita-se que a receita original francesa de blancmange é um resultado da introdução de arroz e amêndoas na Europa, no início da Idade Média.[2] Entretanto, não existem evidências de qualquer prato similar na culinária árabe; apesar do mahallabīyah (malabi) ser semelhante, suas origens são incertas. Existem diversas variantes do prato por toda a Europa e América Latina, como o Biancomangiare na Itália e o Manjar Blanco na Espanha e nos países hispanófonos da América do Sul. A documentação mais antiga do blancmange consta no livro mais antigo de receitas conhecido na Dinamarca, escrito por Henrik Harpestræng no início do século XIII. A versão dinamarquesa pode ser uma tradução de um livro de receitas alemão, que acredita-se ser baseado em um manuscrito datado do século XII ou mais cedo.[3]
O manjar era um prato comum entre as classes altas na maior parte da Europa, durante a Idade Média e início do período moderno. Existem inúmeras variações de preparação e ingredientes espalhados por toda a extensão do continente. O prato é mencionado no prólogo dos Contos de Cantuária, e em livros de receita escritos por cozinheiros da corte do rei Ricardo II de Inglaterra no começo do século XV.[3][4] Os ingredientes básicos eram leite ou leite de amêndoa, açúcar e frango desfiado (geralmente capão) ou peixe.
O "manjar-branco" português é preparação alimentar tradicional, muito antiga, à base de peito de frango cozido e desfiado, amido de arroz e açúcar e, eventualmente, água-de-cheiro, podendo-se substituir o frango por peixe ou amêndoas [5].
Etimologia
[editar | editar código-fonte]O nome manjar branco é uma tradução do francês blancmange, derivado do francês antigo blanc mangier (lit.comida branca; blanc, branco, e mangier, comer). O prato recebe nomes diferentes em diversas línguas:[6]
- Inglês: blancmanger, blankmanger, em branco maunger, blomanger, blamang
- Catalão: menjar blanch, menjar blanc, menjablanc
- Português: manjar branco
- Italiano: mangiare bianco, biancomangiare, blanmangieri, bramangere
- Espanhol: manjar blanco
- Holandês/Flamengo: blanc mengier
- Alemão: blamensir
- Latim: albus cibus, esus albus
Embora seja bastante aceito que a etimologia do prato vem de fato de "comida branca", as fontes medievais não são consistentes quanto à verdadeira cor do prato. O especialista em culinária medieval Terence Scully sugeriu a etimologia alternativa de bland mangier, "comida branda", em referência ao sabor suave do prato e ao fato dele ser bastante popular para servir aos doentes.[6]
Referências
[editar | editar código-fonte]- ↑ Braga, Ana Maria (8 de julho de 2014). As 101 melhores receitas brasileiras. [S.l.]: Agir Editora. ISBN 9788522030156
- ↑ Ossa, Germán Patiño (2007). Fogón de Negros: Cocina Y Cultura en Una Región Latinoamericana (em espanhol). [S.l.]: Convenio Andrés Bellos. ISBN 9789586982184
- ↑ a b Hieatt, Constance B. (1995). «Sorting through the titles of medieval dishes: what is, or what is not, a 'Blanc Manger'». Food in the Middle Ages: A Book of Essays (em inglês). [S.l.]: Taylor & Francis. ISBN 9780815313458
- ↑ «Richard II porpoise recipe online». BBC News (em inglês). 18 de junho de 2009
- ↑ Cascudo, Luís da Camara (1983). Manjar-branco. P. 346-348 in: Quatro doces históricos. P. 341-351 in: História da alimentação no Brasil. Primeiro volume. Cardápio indígena, dieta africana, ementa portuguesa (pesquisas e notas). Belo Horizonte, Itatiaia/ São Paulo, Editora da Universidade de São Paulo, 392 p., il. 2.ed. (1.ed. 1967. Companhia Editora Nacional). (Coleção Reconquista do Brasil (Nova Série), dir. Mário Guimarães Ferri, 79).
- ↑ a b Scully, Terence, (1995). The art of cookery in the Middle Ages. Woodbridge, Suffolk, UK: Boydell Press. ISBN 0851156118. OCLC 32132932