Manuel Domingos Vicente

Manuel Vicente | |
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Manuel Domingos Vicente. | |
2.º Vice-presidente de Angola | |
Período | 26 de setembro de 2012 a 26 de setembro de 2017 |
Presidente | José Eduardo dos Santos |
Antecessor(a) | Fernando da Piedade Dias dos Santos |
Sucessor(a) | Bornito de Sousa |
Dados pessoais | |
Nascimento | 15 de maio de 1956 (66 anos) Luanda, LUA, Angola |
Nacionalidade | angolano |
Alma mater | Universidade Agostinho Neto |
Partido | MPLA |
Profissão | Político |
Manuel Domingos Vicente (Luanda, 15 de maio de 1956) é um político angolano, ex-vice-presidente de setembro de 2012 a setembro de 2017.[1]
Até janeiro de 2012, foi presidente do Conselho de Administração da Sonangol, uma empresa estatal angolana de petróleo.[2] A 30 de janeiro de 2012, Manuel Vicente foi exonerado pelo chefe de Estado, José Eduardo dos Santos, do cargo que detinha na Sonangol para assumir a chefia do então Ministério de Estado e da Coordenação Económica.[3]
Educação[editar | editar código-fonte]
Manuel Vicente iniciou o ensino primário e secundário na Missão de São Domingos. Porém, foi obrigado a interrompê-los devido a problemas financeiros, durante um ano, e a trabalhar como aprendiz de serralheiro e linotipista para ajudar a sustentar a família. Manuel Domingos Vicente acabou por se formar em engenharia eletrotécnica (sistemas de potência) pela Universidade Agostinho Neto em Luanda, em 1983.[4]
Em 1985, formou-se nos cursos de subestação e linhas de transmissão na empresa Furnas, no Brasil, e nos cursos de gestão de empresas petrolíferas, comercialização do petróleo e seus derivados e economia das operações petrolíferas no Instituto de Petróleos (Institute of Petroleum), em Londres, no ano de 1991. Também formou-se em análise de risco e decisão na indústria petrolífera, na OGCI, em Calgary, no ano de 1992, e em economia de petróleos na mesma instituição em Londres, no ano de 1992.[4]
Carreira[editar | editar código-fonte]
De 1981 a 1987 chefiou a divisão de engenharia da Sociedade Nacional de Estudos e Financiamento (Sonefe), tendo de 1987 a 1991 dirigido um departamento técnico do Ministério da Energia e Petróleos. Em 1991, Manuel Vicente foi nomeado diretor adjunto da Sonangol U.E.E., cargo que exerceu até 1998. Em 1999 foi nomeado pelo decreto n.º 20/99 do conselho de ministros, presidente do Conselho de Administração da Sonangol E.P., cargo que exerceu até 2012.[4]
Durante o seu mandato na petrolífera angolana, foi em simultâneo, consultor do Gabinete de Aproveitamento do Médio Kwanza (GAMEK), no sector elétrico, vice-presidente da Fundação Eduardo dos Santos e presidente da empresa telefónica Unitel. A 30 de janeiro de 2012, pelo decreto presidencial, foi nomeado ministro de Estado e da Coordenação Económica.[5] Concorreu às eleições gerais como número dois da lista do Movimento Popular de Libertação de Angola (MPLA), o partido de José Eduardo dos Santos, tendo tomado posse como vice-presidente a 26 de setembro de 2012.
Em novembro de 2014, Manuel Vicente foi distinguido com o troféu comemorativo dos Prémios Sirius, pela empresa multinacional Deloitte.[6]
Polémicas[editar | editar código-fonte]
Em Junho de 2017, o Ministério Público português acusou o então vice-Presidente de Angola, M. Vicente, entre outros, do crime de corrupção activa, porque, em conluio com outras pessoas, teria actuado com vista a obter, da parte do então Procurador da República Orlando Figueira, despachos favoráveis em inquéritos criminais em que estaria a ser investigado, contra o recebimento de uma contrapartida pecuniária de mais de € 700.000,00 e ainda de outras vantagens, traduzidas na celebração futura de contratos de prestação de serviços a favor deste. O caso continua a desenrolar-se.[7][8]
O Eng. Manuel Vicente, recorreu de um despacho judicial proferido no processo em que o Ministério Público o acusou de crimes de corrupção activa, branqueamento de capitais e falsificação de documentos, porquanto vira desatendido o seguinte: i) a sua imunidade relativamente à acção penal exercida na jurisdição portuguesa; ii) o seu pedido de que os autos pendentes em Portugal fossem, quanto a ele, delegados na República de Angola. O Tribunal da Relação de Lisboa – por Acórdão de 10 de Maio de 2018, subscrito pelos Desembargadores Cláudio Ximenes e Manuel Almeida Cabral – indeferiu o pedido de declaração de imunidade, mas deferiu o pedido de delegação na República de Angola da continuação do processo, na parte que àquele diz respeito.Em Portugal, em geral, os responsáveis políticos, os jornalistas e os comentadores pronunciaram-se favoravelmente em relação a este desfecho, que teria permitido pôr a salvo as relações entre os dois países, ou nada disseram.[9][10]
Referências
- ↑ «José Eduardo dos Santos deixa presidência em 2017 e aponta sucessor». Público. 2 de dezembro de 2016
- ↑ Rocha, João Manuel (12 de fevereiro de 2012). «O braço empresarial de José Eduardo dos Santos». Público
- ↑ «Manuel Vicente exonerado da Sonangol». Jornal de Notícias. 30 de janeiro de 2012
- ↑ a b c «Biografia do vice-presidente da República de Angola». ANGOP. 26 de setembro de 2012
- ↑ «Angola: Manuel Vicente sai da Sonangol e é nomeado ministro». Expresso. 30 de janeiro de 2012
- ↑ «Vice-presidente da República distinguido com "Prémios sirius"». ANGOP. 28 de novembro de 2014
- ↑ Sá Fernandes, Ricardo (20 de Janeiro de 2018). «O caso Manuel Vicente». Observador
- ↑ «Vice-Presidente de Angola vai a julgamento em Portugal». Esquerda.net. 21 de Junho de 2017
- ↑ Fernandes, Ricardo Sá (17 de maio de 2018). «O extraordinário desfecho do caso Manuel Vicente». Observador
- ↑ «Portugal e Angola retomam "relações fraternas de amizade" -Após conversa entre Marcelo Rebelo de Sousa e o presidente de Angola, a tensão diplomática entre os dois países parece chegar ao fim. Catarina Martins vê a decisão "com muita preocupação", porque "o processo que está em causa inclui a eventual corrupção de magistrados portugueses."». Esquerda.net. 11 de Maio de 2018