Manuel Pinto Coelho

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Manuel Pinto Coelho
Manuel Pinto Coelho
Nascimento 1948
Lisboa
Cidadania Portugal
Alma mater
Ocupação político, médico

Manuel Ferreira Pinto Coelho (Lisboa, Mercês, 26 de julho de 1948), é um médico e autor português, proprietário e director clínico da Clínica Doutor Pinto Coelho.

Pinto Coelho é um destacado proponente, na sua prática clínica e nos seus livros publicados, de uma abordagem complementar às utilizadas na medicina convencional e é crítico da medicina baseada na evidência,[1] referido na imprensa nacional como "o rosto da corrente antienvelhecimento em Portugal".[2] As suas ideias polémicas são contestadas por médicos seus pares por se basearem em teorias pseudocientíficas e se oporem ao atual consenso científico estabelecido,[3][4][5] tendo inclusivamente por este motivo sido objeto de inquéritos disciplinares e reparos públicos por parte da Ordem dos Médicos.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Licenciado em Medicina e Cirurgia pela Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, em 1972, Manuel Pinto Coelho assumiu a direção da Clínica Doutor Pinto Coelho em 2014. Obteve um doutoramento cum laude em Ciências da Educação pela UTAD – Universidade de Trás-os-Montes e Alto Douro, em novembro de 2011, tem pós-graduação em Medicina Anti-Envelhecimento pela Universitat Autònoma de Barcelona, concluída em 2014. É membro com Great Distinction da WOSAAM – World Society of Anti-Aging Medicine desde 2016 e da 4AM – American Academy of Anti-Aging Medicine desde 2015.[6]

Assumiu funções como responsável médico pela equipa de futebol profissional do Grupo Desportivo Estoril-Praia entre 1980 e 1981 e pela equipa de futebol profissional do Sporting Clube de Portugal entre 1981 e 1982. Entre 1991 e 2003, foi responsável clínico pelas clínicas de Recuperação de Toxicodependentes Dr. Manuel Pinto Coelho, em Galamares e em Gondomar. De agosto de 2002 a janeiro de 2004 foi consultor para a área da toxicodependência na Câmara Municipal de Lisboa. Assumiu ainda funções como médico pessoal do Pedro Santana Lopes, entre julho de 2004 e fevereiro de 2005, período em que o político serviu como primeiro-ministro de Portugal. Desistiu da militância do Partido Social-Democrata após saber que o partido preparava uma iniciativa para abrir uma " sala de chuto" em Lisboa[7] — Manuel Pinto Coelho trabalhou muitos anos na área de recuperação de toxicodependentes; presidiu e foi fundador da Associação Portugal Livre de Drogas, e chegou a ser apontado pelo governo de Durão Barroso para presidir ao Instituto da Droga e da Toxicodependência (o que gerou polémica e não chegou a concretizar-se).[8]

Controvérsia[editar | editar código-fonte]

Manuel Pinto Coelho notabilizou-se enquanto proponente vocal de uma abordagem complementar às utilizadas na medicina convencional.

Defende conceitos tidos como pseudocientíficos ou opostos ao atual consenso científico, nomeadamente a dieta alcalina, o intestino poroso, a terapia anti-envelhecimento com hormona do crescimento [en], os benefícios da ingestão diária de água do mar, a exposição solar sem proteção, ou a suspensão das estatinas na maioria dos casos de hipercolesterolemia.[1]

Manuel Pinto Coelho publicou inúmeros livros sobre o assunto, nomeadamente os bestsellers Chegar Novo a Velho e + Vida + Saúde e + Tempo, citando como principais fontes a Life Extension Foundation [en], a World Society of Anti-Aging Medicine e a American Academy of Anti-Aging Medicine [en].[7] Cita ainda os proponentes de medicinas alternativas Joseph Mercola [en], Lair Ribeiro,[7] e Graham Simpson [en].[1] Simpson é também o autor do prefácio do livro Chegar + Novo a Velho: Medicina do futuro (2018).

Por este motivo, Manuel Pinto Coelho já foi alvo de três procedimentos disciplinares pela Ordem dos Médicos, um deles aberto pelo Bastonário José Manuel Silva, e dois em 2017 na sequência de afirmações que fez num programa televisivo e em entrevista ao jornal Expresso;[2] em resposta a esta última, o Conselho Nacional da Ordem dos Médicos redigiu uma pouco habitual nota de imprensa onde afirmou "discordar frontalmente de várias das afirmações produzidas pelo Dr. Manuel Pinto Coelho, que podem constituir um atentado à saúde dos doentes e da comunidade".[4] Nesta ocasião, as afirmações de Pinto Coelho foram também alvo de um artigo altamente crítico da autoria de António Vaz Carneiro, diretor da Cochrane Portugal e, na Faculdade de Medicina da Universidade de Lisboa, dirigente do Centro de Estudos de Medicina Baseada na Evidência, e Presidente do Conselho Científico do Instituto de Saúde Baseado na Evidência, onde afirma que "presta um mau serviço quando ignora a evidência científica de suporte à decisão clínica, inventa explicações que sabe não serem verdade, acredita em factos mágicos sem qualquer fundamentação empírica".[3]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c «Manuel Pinto Coelho: "o sol protege mais contra o cancro do que o provoca"». Expresso. 13 de maio de 2017. Consultado em 8 de março de 2021 
  2. a b «Entrevista de Manuel Pinto Coelho ao Expresso dá origem a novo inquérito disciplinar da Ordem dos Médicos». Expresso. 16 de maio de 2017. Consultado em 16 de janeiro de 2018 
  3. a b Vaz Carneiro, António (28 de maio de 2017). «Medicina sem ciência é perigosa e a sua prática pode ser grave para os doentes». Expresso. Consultado em 8 de março de 2021 
  4. a b «Ordem dos Médicos acusa Manuel Pinto Coelho de fazer "afirmações potencialmente graves para os doentes"». Expresso. 9 de junho de 2017. Consultado em 16 de janeiro de 2018 
  5. «Júlio Cerqueira: "Os 'Médicos pela Verdade' são, na sua maioria, pessoas com ligações à pseudociência"». Polígrafo. 7 de novembro de 2020. Consultado em 8 de março de 2021 
  6. «Prof. Doutor Manuel Pinto Coelho». Clínica Doutor Pinto Coelho. Consultado em 8 de junho de 2021 
  7. a b c «"Recebi chamadas anónimas com ameaças durante um ano"». Sábado. 20 de julho de 2017. Consultado em 16 de janeiro de 2018 
  8. «Nasce Associação para um Portugal Livre de Drogas». Público. 9 de janeiro de 2005. Consultado em 16 de janeiro de 2018 
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