Manuel da Ressurreição (Primaz do Brasil)
Manuel da Ressurreição | |
---|---|
Arcebispo da Igreja Católica | |
Arcebispo da Bahia | |
Título |
Primaz do Brasil |
Ordenação e nomeação | |
Ordenação presbiteral | 1674 |
Nomeado arcebispo | 12 de maio de 1687 |
Brasão arquiepiscopal | |
Dados pessoais | |
Nascimento | Coimbra, ou Moimenta da Beira, Moimenta da Beira, ou Gouveia, São Pedro, ![]() |
Morte | Salvador, Bahia, Brasil, ![]() 16 de janeiro de 1691 |
dados em catholic-hierarchy.org Arcebispos Categoria:Hierarquia católica Projeto Catolicismo | |
Manuel Pinheiro da Ressurreição,[1] O.F.M. (Coimbra, ou Moimenta da Beira, Moimenta da Beira, ou Gouveia, São Pedro, 164? - Salvador, 16 de janeiro de 1691) foi um religioso franciscano e prelado português do século XVII, arcebispo da Bahia e Primaz do Brasil, além de governador interino do Brasil.[2]
Biografia[editar | editar código-fonte]
D. Frei Manuel Pinheiro da Ressurreição nasceu Manuel Pinheiro Sotomaior, e tomou ordens menores em 1657 com seu irmão primogênito António Furtado Sotomaior (Gouveia, São Pedro, b. 14 de junho de 1637 - ?),[3] o qual foi Cavaleiro Professo da Ordem de Cristo por Carta de 24 de novembro de 1685.[4][1]
Pertenceu à Comunidade do Convento do Varatojo e professou no Instituto de São Francisco.[2]
Foi matriculado em Cânones na Faculdade de Cânones da Universidade de Coimbra em 1661 com o nome de Manuel Pinheiro Furtado.[5] Graduado pela Faculdade de Cânones, foi Colegial de São Pedro, em Coimbra, habilitado em 1672,[6] sendo ordenado em 1674.[7] Doutorado em Leis e pela Faculdade de Cânones da Universidade de Coimbra,[2] foi Lente opositor às cadeiras da mesma Universidade,[2] Promotor da Inquisição de Coimbra e Deputado do Santo Ofício[2] da mesma Inquisição por Provisão de 12 de junho de 1674.[8][9]
Cônego Doutoral da Sé de Lamego,[10] a 12 de maio de 1687,[2] foi elevado a 3.º arcebispo da Arquidiocese de São Salvador da Bahia[2] Primaz do Brasil, sendo seu nome confirmado em 31 de agosto. Chegou à sua Arquidiocese a Salvador em 13 de maio de 1688,[2] onde ficou até 1691, quando veio a falecer.
Em sua época, havia grave pestilência de febre amarela, daí o Senado da Câmara da Baía ter elegido e proclamado, no seu tempo, São Francisco Xavier orago e padroeiro de Salvador, e fixou o dia 10 de Maio para a festa e procissão solene do mesmo Santo.[2]
Dele se refere no Livro da Casa de Santa Eulália que tendo abandonado o século se retirou no Colégio do Varatojo, sendo o primeiro noviço que lá entrou. Missionário apostólico, foi nomeado Arcebispo da Metrópole da Baía, servindo também de Presidente da Relação e Governador na mesma cidade, na qual morreu no ano de 1694 em cheiro de santidade.[10]
Foi Padrinho de seu sobrinho-neto homónimo.[11]
Governador interino[editar | editar código-fonte]
Por ocasião da morte do governador-geral Matias da Cunha, vitimado pela peste, em 1689, substituiu-o[2] e assumiu o Governo interinamente com o chanceler da Relação Manuel Carneiro de Sá, como Presidente da Junta Governativa, de 24 de Outubro de 1688 a 8 de Outubro de 1690. Com o seu prestígio e autoridade moral, conseguiu pacificar as tropas que se haviam revoltado por falta de pagamento dos seus soldos.[2]
Enviou em 30 de novembro de 1688 uma carta à Câmara da Vila e ao capitão-mor de São Paulo, Tomás Fernandes de Oliveira, pois os índios, em defesa mútua, haviam formado uma confederação: estavam unidos os sucurus, paiacus, icós e ariús. Na carta, pedia os melhores cabos paulistas «para exterminar o flagelo». O portador da carta foi João Amaro Maciel Parente, filho de Estêvão Ribeiro Baião Parente, morto antes de novembro de 1679.
"João Amaro levantou em São Paulo uma companhia e, com o posto de capitão-mor lugar-tenente de Matias Cardoso de Almeida, seguiu para a Bahia por mar e dirigu-se pelo sertão para as margens do rio São Francisco, na planície do rio Verde, onde o esperava Matias. Formaram-se então em meados de 1692 numerosas companhias e a de João Amaro partiu para a barra do rio Jaguaribe, onde ergueu arraial, e de lá para o Rio Grande do Norte atual, onde permaneceu quatro anos destruindo tribos indígenas, queimando aldeias, aprisionando o gentio, pelo que teve a recompensa do posto de coronel e uma grande sesmaria na Bahia (que vendeu depois ao coronel Manuel de Araújo Aragão, pois em 1703 estava no rio das Velhas), com o senhorio da vila que o pai erguera sob a invocação de Santo Antônio. João Amaro em 1693 abriu uma estrada pelas matas de Ilhéus, que vinha cortando pelo rio Pardo, Jequitinhonha e Salsa, a qual, infletindo depois para o Norte, ia ter ao rio Paraguaçu e dai às margens do rio São Francisco - foi a primeira e maior via que se obteve no sertão baiano.
Em outra carta de 18 de dezembro de 1688, como governador interino, o arcebispo escreveu a Matias Cardoso de Almeida, para o encarregar da guerra ao que chamava "bárbaros do Rio Grande do Norte". Dizia-se informado pelo mestre-de-campo Antônio Guedes de Brito que, do arraial da Manga, Matias Cardoso seguira viagem para a vila de São Paulo, de onde pretendia trazer grande quantidade de mantimentos e de armas. Por esse motivo o arcebispo lhe escrevia para São Paulo, pedindo-lhe para aceitar a incumbência.
É curiosa a carta à Corte do Arcebispo da Bahia, que governava juntamente com o desembargador Manuel Carneiro de Sá, pois entre ambos havia constantes atritos e falta de harmonia. O chanceler retirou-se do governo e não deu mais sinal de vida. O Arcebispo escreveu à Corte para perguntar como publicar a lei de 1688 - tinha dúvida se podia se aplicar ao Brasil lei relativa a moedas que aqui não corriam, e mandava que as patacas de menos de sete oitavas de prata fossem pesadas e valessem a tostão a oitava. Ora, a generalidade das patacas da Bahia não passava de 4 oitavas e meia, valiam 640; cada moeda perderia portanto, levada à balança, 190 réis. O prejuízo total seria 300 mil cruzados. Resolvera por isso participar às cortes tal inconveniente e esperar.
Recém chegado à terra, o arcebispo tinha escrúpulos, pois se haviam antecipado em Pernambuco. Mandou assim, ao som de caixas e tambores, proceder à publicação. Na carta enviada, estava satisfeito da sua obra.
Ora, apenas divulgada a lei, a câmara se encheu de povo descontente, redigindo papel contrário. O arcebispo convocou uma Junta de Governo e o desembargador Carneiro de Sá não compareceu. Votaram-se resoluções: eliminou-se a balança, fixou-se em dois cruzados o valor da pataca (2 patacas) que pesasse 6 oitavas e meia e daí para cima; em 700 rs a de 6 oitavas perfeitas até 6 e meia; as de 4 e meia até 6 continuariam a valer 640 rs. Antes da Junta, só se tratava de reunir as moedas de maior peso e conduzi-las a bordo, mas muitos navios não tinham lastro, outros só meia carga.
Depois da Junta apareceu dinheiro de peso, e espertavam-se as compras de açúcar, já embarcado, a frota pronta a seguir. A elevação da prata que devia vigorar apenas na Bahia se estendeu pelo Brasil e se firmou como uma conquista irrevogável. Como navegavam por monções, havia longa, incerta e intermitente navegação, a notícia do levantamento feito na Bahia apenas chegou a São Paulo em agosto de 1690.
No mesmo mês de junho de 1689, por ofício, o chanceler Carneiro de Sá explica à corte sua relutância: lembrava que para tolher o açambarcamento das moedas de peso bastaria vistoria nos navios, pois levantar dinheiro era regalia de principe e não invejava as glórias do autor, se o ato fosse aprovado.
Em 1690, entregou o governo ao Almotacé-Mor e foi visitar as vilas de Carnamu, Cairu e Boipeba, no Sul da Bahia, onde a sua missão obteve resultados prodigiosos. Ali morreu, a 16 de Janeiro de 1691.[2]
Referências
- ↑ a b Eduardo Manuel Osório Dias Gonçalves (1.ª Edição, Lisboa, 2006). Raízes da Beira - Genealogia e Património da Serra da Estrela ao Vale do Mondego. [S.l.]: Dislivro Histórica. pp. Volume II. 662 Verifique data em:
|ano=
(ajuda) - ↑ a b c d e f g h i j k l Vários. Grande Enciclopédia Portuguesa e Brasileira. [S.l.]: Editorial Enciclopédia, L.da. pp. Volume 25. 314
- ↑ Arquivo da Universidade de Coimbra, Ordenações Sacerdotais, Cx. 114
- ↑ Chancelaria da Ordem de Cristo, Lv. 42, fl. 5v
- ↑ Arquivo da Universidade de Coimbra, Registo de Matrículas na Universidade de Coimbra
- ↑ Arquivo da Universidade de Coimbra, Habilitações ao Colégio de São Pedro, Cx. 17, N.º 7
- ↑ Arquivo da Universidade de Coimbra, Ordenações Sacerdotais, Cx. 1456
- ↑ Arquivo Nacional da Torre do Tombo, Habilitações ao Santo Ofício, M. 22, Dil. 529
- ↑ Eduardo Manuel Osório Dias Gonçalves (1.ª Edição, Lisboa, 2006). Raízes da Beira - Genealogia e Património da Serra da Estrela ao Vale do Mondego. [S.l.]: Dislivro Histórica. pp. Volume II. 662-3 Verifique data em:
|ano=
(ajuda) - ↑ a b Eduardo Manuel Osório Dias Gonçalves (1.ª Edição, Lisboa, 2006). Raízes da Beira - Genealogia e Património da Serra da Estrela ao Vale do Mondego. [S.l.]: Dislivro Histórica. pp. Volume II. 663 Verifique data em:
|ano=
(ajuda) - ↑ Eduardo Manuel Osório Dias Gonçalves (1.ª Edição, Lisboa, 2006). Raízes da Beira - Genealogia e Património da Serra da Estrela ao Vale do Mondego. [S.l.]: Dislivro Histórica. pp. Volume II. 650 Verifique data em:
|ano=
(ajuda)
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Catholic Hierarchy (em inglês)
- GCatholic (em inglês)
Precedido por João da Madre de Deus Araújo, O.F.M. |
![]() Arcebispo de São Salvador da Bahia 1687 — 1691 |
Sucedido por João Franco de Oliveira |
Precedido por Matias da Cunha |
Presidente da junta governativa do Brasil 1688 — 1690 |
Sucedido por António Luís Coutinho da Câmara |