Manuel de Freitas Novaes Neto

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Capitão do Exército Brasileiro
Manuel de Freitas Novaes
Manuel de Freitas Novaes Neto
Manuel de Freitas Novaes
Nome completo Manuel de Freitas Novaes Neto
Dados pessoais
Nascimento 15 de novembro de 1892
Cruzeiro, SP,Brasil
Morte 5 de agosto de 1932 (39 anos)
Cruzeiro, SP,Brasil
Nacionalidade Brasileira
Esposa Maria Izabel Maldonado Novaes
Progenitores Mãe: Dona Anna Romeu Novaes
Pai: Francisco de Paula Novaes
Alma mater Escola de Guerra
Vida militar
País República Federativa do Brasil
Força Exército Brasileiro
Anos de serviço 19101932
Hierarquia Capitão de Exército
Comandos
  • 2ª Cia do 1º Batalhão do 5º R.I.
Batalhas

Manuel de Freitas Novaes Neto (Cruzeiro, 15 de novembro de 1892Cruzeiro, 5 de agosto de 1932) foi um militar brasileiro, capitão no 5º Regimento de Infantaria do Exército Brasileiro e capitão no Exército Constitucionalista do Setor Norte durante a Revolução Constitucionalista de 1932.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Manuel de Freitas Novaes Neto nasceu em Cruzeiro, em 15 de novembro de 1892, filho de Francisco de Paula Novaes e de Dona Anna Romeu, membros de tradicional família cruzeirense. Seu pai foi comandante da 29ª Brigada de Cavalaria da Guarda Nacional. Também era neto do major da guarda nacional Manuel de Freitas Novaes, próspero fazendeiro de Cruzeiro e considerado fundador da cidade. Manuel passou sua infância e adolescência na Fazenda Boa Vista em Cruzeiro, atualmente sede do Museu Municipal Major Novaes.[1][2]

Em 1910, matriculou-se no Colégio Militar do Rio de Janeiro. Em 1912, ingressou na então Escola de Guerra, anexa à Escola de Artilharia e Engenharia, saindo em 1915 como aspirante a oficial no 53º B.C. Em 19 de outubro de 1916, foi promovido a 2º tenente. Em 1921, o então 2º tenente serviu no 27º B.C. de Manaus. Entre 1923 e 1924, já como 1º tenente, serviu no 6º B.C. de Ipameri. Em 1925, no 5º R.I. de Lorena e, ainda naquele ano, ocupou provisoriamente o comando do contingente da escola junto a Fábrica de Pólvora sem fumaça de Piquete. Em 13 de agosto de 1927, foi promovido a capitão. No ano seguinte, serviu na 3ª Cia do 1º B.C. de Petrópolis. Em julho de 1929, o então capitão foi nomeado para o 3ª Cia do 11º R.I. de São João del Rei. Também serviu por breve período em outras guarnições, como a de Caçapava, de Barbacena e de Curitiba.[1][2][3][4][5][6][7]

Possuía curso de aperfeiçoamento para oficiais, em engenharia e química aplicada à guerra, por isso, foi muitas vezes requisitado na Fábrica de Pólvora de Piquete e outros trabalhos técnicos na área bélica.[1]

Na ocasião da eclosão da Revolução Constitucionalista, em 9 de julho de 1932, comandava a 2ª Cia do 1º Batalhão do 5º Regimento de Infantaria de Lorena. Aderindo à causa dos paulistas, dirigiu-se de imediato para Cruzeiro para tomar as Estações Ferroviárias da Estrada de Ferro Minas e Rio para garantir a posição das tropas paulistas, além de ter providenciado o aquartelamento dos seus comandados nas imediações do Túnel da Mantiqueira, em auxílio ao major de Exército Henrique Quintiliano de Castro e Silva, então comandante interino daquela frente de combate. Nos primeiros dias da guerra também comandou a praça militar de Cruzeiro, baixando ordens aos moradores e organizando a passagem das tropas paulistas pela localidade. Posteriormente passou a comandar o tráfego na linha férrea entre Queluz e Cachoeira Paulista. Também garantiu o bloqueio da linha em direção ao Rio de Janeiro, manipulando as agulhas da linha.[1][2][8][9]

Manuel de Freitas Novaes Neto a frente de seus soldados, em julho de 1932, em casa que existia próxima ao Túnel da Mantiqueira no lado paulista.

Valente, destemido e profundamente admirado pela sua dedicação à causa que abraçara, conseguiu, certa vez, comandando pouco mais de 100 homens, fazer recuar as forças federais que seguiam para Cruzeiro com número bem superior de soldados. Em 5 de agosto de 1932, tendo os soldados paulistas embarcado para Queluz, travou-se acirrado combate que ocasionou o recuo das tropas federais.

Satisfeito e prevendo futuros ataques, o capitão decidiu então fazer um reconhecimento da região, acompanhado de uma pequena patrulha. Adiantando-se de seus soldados, o mesmo foi surpreendido por uma ordem: "Renda-se paulista", ao que no ato respondeu: "Um paulista morre mas não se rende". Atingido pelo tiroteio, tombou ferido o homem que, para seus soldados, era um exemplo de bondade e coragem. Ferido, no estomago, fígado e nos rins varados de balas, Manuel de Freitas Novaes foi trazido pelos que conseguiram sair ilesos do combate, sendo imediatamente levado para o Hospital de Sangue de Cruzeiro em cuja mesa de operações expirou na mesma tarde.[1][10]

Esse episódio que ceivou a vida do estimado oficial tem acumulado ao longo dos anos diferentes relatos. Uma segunda narrativa é a do então jornalista Arnon de Mello (pai do ex-presidente Fernando Collor de Mello) que fazia a cobertura jornalística naquele front. Em seu livro São Paulo Venceu! (1933), o jornalista descreveu o episódio com base na narrativa do então major Euclides Zenóbio da Costa, que atuava naquele front, somado aos relatos de moradores de Queluz que teria testemunhado o ocorrido:[11]

Os cruzeirenses e as tropas constitucionalistas do local prestaram-lhe amplas homenagens fúnebres na ocasião de seu velório e sepultamento. Em Cruzeiro, a notícia consternou a todos. O triste acontecimento foi amplamente divulgado pelos jornais da capital. O "Diário Popular" declarou: " O movimento constitucionalista acaba de perder, com a morte do Capitão Manoel de Freitas Novaes, um dos seus mais ardorosos defensores e um dos mais vigorosos esteios da vitória(… ) Inteligente e perspicaz, herdeiro legítimo das tradições de uma família bandeirante, paulista de velha têmpera, empregava o melhor de suas energias para que a pátria se visse logo liberta dos terríveis grilhões da ditadura e da tirania (… )". O falecimento do oficial foi também sentido nos meios governistas em que era muito estimado, embora fossem naquele conflito adversários.[1][11][10]

O Capitão Neco, como é conhecido na sua cidade natal, foi sepultado no cemitério particular da Fazenda Boa Vista e, a 5 de julho de 1962, teve seus restos mortais transladados para o Mausoléu 32, no obelisco do Parque Ibirapuera, onde se lê: " Viveram pouco para morrer bem. Morreram jovens para viver sempre".[10]

Era casado com Maria Izabel Maldonado Novaes.[10]

Homenagens[editar | editar código-fonte]

Foi homenageado por meio do Decreto municipal nº 8.118 de 3 de abril de 1969 com a Rua Capitão Manuel Novaes, no bairro de Santana, Zona norte da cidade de São Paulo, por sua coragem e determinação na Revolução Constitucionalista de 1932 e pelos serviços prestados ao país como militar do Exército Brasileiro.[12]

Na sua cidade natal, Cruzeiro, há a rua Capitão Neco, nomeada em sua homenagem.[13] Além do núcleo MMDC "Capitão Neco" com sede no mesmo município.[14]

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d e f g Montenegro, Benedicto (1936). Cruzes Paulistas. São Paulo: Revista dos Tribunais. p. 652 
  2. a b c «"Um paulista não se rende"». Correio Paulistano. 5 de agosto de 1937. p. 13. Consultado em 27 de janeiro de 2018 
  3. «Atos do Ministério da Guerra». Correio Paulistano. 20 de outubro de 1916. p. 8. Consultado em 27 de janeiro de 2018 
  4. «Atos do Ministério da Guerra». Jornal do Brasil. 31 de maio de 1915. p. 7. Consultado em 27 de janeiro de 2018 
  5. «Atos do Ministério da Guerra». Correio Paulistano. 19 de julho de 1929. p. 3. Consultado em 27 de janeiro de 2018 
  6. «Atos do Ministério da guerra». Correio Paulistano. 5 de junho de 1925. p. 1. Consultado em 27 de janeiro de 2018 
  7. «Atos do Ministério da Guerra». Correio Paulistano. 13 de agosto de 1927. p. 8. Consultado em 27 de janeiro de 2018 
  8. Duarte, Paulo J. (1947). Palmares pelo avesso. São Paulo: Ipe. pp. 29, 38–39 
  9. Pinho, Celso Luiz (2012). 1932: o Túnel da discórdia. São Paulo: Gregory 
  10. a b c d «Quem foi o Capitão Neco?». A Gazeta. 22 de outubro de 2016 
  11. a b De Mello, Arnon (1933). São Paulo Venceu!. Rio de Janeiro: Flores & Mano. pp. 158 161 
  12. «Decreto Municipal nº 8.118 de 3 de abril de 1969». Câmara de vereadores de São Paulo. 3 de abril de 1969. Consultado em 12 de março de 2017 [ligação inativa]
  13. «Guia da Rua: Rua Capitão Neco, Cruzeiro, SP - Apontador». Apontador. Consultado em 12 de março de 2017 
  14. «Comandantes da Região de Cruzeiro e Presidente do Núcleo Capitão Neco recebem homenagem da Alesp - Mantiqueira.com». Mantiqueira.com. 31 de março de 2016 
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