Marc Bloch

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Marc Bloch
Marc Bloch
Nascimento 6 de julho de 1886
Lyon, França
Morte 16 de junho de 1944 (58 anos)
Saint-Didier-de-Formans, França
Nacionalidade francês
Alma mater Lycée Louis-le-Grand, Escola Normal Superior de Paris, Universidade de Leipzig
Ocupação Historiador
Principais trabalhos A Sociedade Feudal, Os Reis Taumaturgos
Empregador(a) Universidade de Estrasburgo, Universidade de Paris
Serviço militar
País  França
 França Livre
Serviço Exército francês
Anos de serviço 1914-18 ; 1939-41 ; 1943-44
Patente Capitão
Conflitos Primeira Guerra Mundial
Segunda Guerra Mundial
Condecorações Legião de Honra
Cruz de Guerra 1914-1918
Cruz de Guerra 1939-1945

Marc Léopold Benjamim Bloch (Lyon, 6 de julho de 1886 — Saint-Didier-de-Formans, 16 de junho de 1944) foi um historiador medievalista francês e um dos fundadores da Escola dos Annales.[1][2]

Nascido em Lyon, filho de pais judeus da Álsácia, Marc Bloch foi criado em Paris, onde o seu pai, Gustave Bloch, trabalhava como professor na Universidade de Sorbonne. Marc foi educado em diversos liceus parisienses e na Escola Normal Superior de Paris, e, desde cedo, foi alvo de antissemitismo decorrente, em parte, do Caso Dreyfus.

Se voluntariou para servir no Exército Francês durante a Primeira Guerra Mundial, onde participou da primeira batalha do Marne da batalha do Somme. Foi condecorado e, após a guerra, tornou-se professor na Universidade de Estrasburgo, onde, junto com Lucien Febvre, fundou a revista Annales d'histoire économique et sociales e a tradição historiográfica que ficou conhecida como Escola dos Annales.

Voluntariou-se novamente no exército com o eclodir da Segunda Guerra Mundial. Após a rendição do seu país foi um dos poucos intelectuais judeus a serem permitidos a continuar dando aula durante o governo de Vichy até 1942, quando a Alemanha invadiu o resto da França. Teve, no entanto, que abandonar a direção da revista dos Annales, que ficou a cargo de seu colega Lucien Febvre.

Juntou-se a resistência francesa onde atuou como tradutor. Foi capturado e preso em 1944 pela Gestapo em Lyon, tendo sido torturado e fuzilado no mesmo ano, pouco antes da libertação da França.

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filho de Gustave Bloch, professor de História Medieval, Marc Bloch estudou na Escola Normal Superior de Paris, em Berlim e em Leipzig antes de ser bolseiro (bolsista) da Fundação Thiers (1909-1912) onde escreveu sua tese de doutoramento (doutorado) sobre o fim da servidão dos camponeses na Île-de-France (Ilha de França.

Participou da Primeira Guerra Mundial, na arma de infantaria, tendo sido ferido e recebido uma condecoração militar por mérito (Cruz de Guerra 1914-1918).

Após a guerra ingressou na Universidade de Estrasburgo, instituição onde conheceu e conviveu com Lucien Febvre. Com este fundou, em 1929, a Revue des Annales. Em 1936, sucedeu a Henri Hauser na cadeira de História Económica da Sorbonne. A revista e o seu conteúdo conheceram sucesso mundial, dando origem à chamada Escola dos Annales.

Com a eclosão da Segunda Guerra Mundial, e a ocupação nazista da França, Bloch, por ser judeu, teve que deixar a direção da Revista dos Annales, que passou a ser orientada apenas pelo seu colega Lucien Febvre.

Bloch militou na resistência francesa, fez parte do comitê diretor do órgão Franc-tireur (Franco-atirador). Detido e torturado pela Gestapo, foi fuzilado em 16 de junho de 1944.[1][2]

Condecorações[editar | editar código-fonte]

Obra[editar | editar código-fonte]

É considerado o maior medievalista de todos os tempos, e, na opinião de muitos, o maior historiador do século XX. Seus trabalhos e pesquisas abriram novos horizontes nos estudos sobre o feudalismo.

Foi um dos grandes responsáveis por importantes inovações no pensamento histórico. Defendeu o abandono de sequências pouco úteis de nomes e datas e estimulou uma maior reflexão sobre a relação entre homem, sociedade e tempo na construção da História.

Tornou-se célebre a sua resposta à questão "O que é a História?": "É a ciência dos Homens no transcurso tempo".[3]

A sua última obra, L'étrange défaite, de 1940 (A estranha derrota), foi uma avaliação da derrota francesa na sequência da invasão alemã.

Na fase final da vida escreveu Apologie pour l'histoire ou métier d'historien, obra que deixou inacabada devido ao seu assassinato.[1][2]

Publicações[editar | editar código-fonte]

Publicadas em vida[editar | editar código-fonte]

  • Les rois thaumaturges: étude sur le caractère surnaturel attribué à la puissance royale particulièrement en France et en Angleterre (1924).
Tradução em português:
Os reis taumaturgos. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
  • Les caractères originaux de l'histoire rurale française. Oslo: H. Aschehong, 1931.
  • La société féodale: la formation des liens de dépendance.Paris: Albin Michel, 1939.
Traduções em português:
A sociedade feudal. Lisboa: Edições 70, 1979.
A sociedade feudal. São Paulo: Editora Edipro, 2016. ISBN 9788572839570

Publicadas após a morte[editar | editar código-fonte]

  • L'étrange défaite (1946).
Tradução em português:
A estranha derrota. Rio de Janeiro: Zahar, 2011.
  • Apologie pour l'histoire ou métier d'historien (1949).[4]
Tradução em português:
Introdução à história. Publicações Europa-América: Mem-Martins.
Traduções em português:
Introdução à história. Mem Martins: Europa-América, 1997. ISBN 972-1-04389-3
Apologia da história ou o ofício de historiador. Rio de Janeiro: Zahar, 2001.
  • Esquisse d'une histoire monétaire de l'Europe. Paris: Librairie Armand Colin, 1954.
  • Rois et serfs et autres écrits sur le servage. Posfácio por Dominique Barthélémy. Paris: La Boutique de l'histoire éditions, 1996.

Antologias[editar | editar código-fonte]

  • Histoire et historiens. Colectânea organizada por Étienne Bloch. Paris: Armand Colin, 1995.
Tradução em português:
História e historiadores. Lisboa: Teorema, 1998.
  • Écrits de guerre: 1914-1918. Colectânea organizada e apresentada por Etienne Bloch, com introdução de Stéphane Audoin-Rouzeau. Paris: Armand Colin, 1997.
  • L'Histoire, la guerre, la résistance. Edição organizada por Annette Becker e Étienne Bloch. Paris: Gallimard, 2006. ISBN 978-2-07-077598-9

Ver também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c BLOCH, Étienne. «Avant-Propos» in BLOCH, Marc; BECKER, Annette (ed.); BLOCH, Étienne (ed.). 'L'Histoire, La Guerre, La Résistance. Paris, Gallimard, 2006.
  2. a b c FINK, Carole. Marc Bloch : uma vida na história. Oeiras : Celta Editora, 1995. ISBN 978-972-8027-28-5.
  3. Hughes-Warrington, Marnie (2002) "50 Grandes pensadores da História". São Paulo: Contexto. p. 32.
  4. Texto integral, em francês, disponível aqui.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]