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Marcha russa

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Nacionalistas russos, carregando a bandeira monarquista preta, amarela e branca, na marcha de 2008.

A marcha russa (em russo: Русский марш) é uma manifestação anual realizada por organizações nacionalistas russas nas principais cidades russas.[1][2][3] A marcha é geralmente são realizadas em 4 de novembro, coincidindo com o Dia da Unidade.[4]

Primeira marcha russa

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A primeira Marcha Russa ocorreu em 4 de novembro de 2005, no Dia da Unidade.[5]

Marcha russa de 2006

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Os manifestantes da marcha russa de 2006 caminharam várias centenas de metros dentro de um corredor ladeado pela polícia de choque.

Além de Moscou, a marcha estava prevista em São Petersburgo, Krasnoyarsk, Novosibirsk, Chita, Stavropol, Maykop, Tyumen, Vladivostok, Yuzhno-Sakhalinsk, Blagoveshchensk, Nizhniy Novgorod e Kaliningrado, mas também foi proibida na maioria das cidades.[6][7][8] Em contraste, Irkutsk permitiu oficialmente a Marcha.[9] Os comícios também ocorreram na Ucrânia (Kiev, Crimeia, Odessa, Sebastopol), Moldávia (Chișinău, Tiraspol) e Geórgia (Tbilisi).[10][11] Os líderes da Juventude Russa da Moldávia e da União da Juventude Eurasiática da República da Moldávia foram presos.[12][13] Embora o uso de símbolos nazistas fosse proibido pelos organizadores,[14] uma bandeira com a suástica convencionalizada foi hasteada pelo chefe da União Eslava da SS, Dmitriy Demushkin, em Moscou.[15]

Ao proibir a marcha em Moscou, o prefeito Yuriy Lujkov disse: “Se permitirmos que nosso Estado seja dividido por motivos étnicos ou interconfessionais, se permitirmos guerras religiosas, então temo que isso seja o fim da Rússia”. Um contra-protesto em Moscou por manifestantes de esquerda reuniu cerca de 500 pessoas carregando faixas com slogans como “Frente Antifascista Russa” e “Sou russo e, portanto, não sou fascista”.[16] A Marcha Russa também foi contestada pelo Escritório de Direitos Humanos de Moscou e pela comunidade judaica russa liderada pelo rabino Berel Lazar.[17] As organizações juvenis de Krasnoyarsk “Juntos!”, “Esquadrões Estudantis Regionais de Krasnoyarsk”, “Fórum Juvenil de Krasnoyarsk”, “Patriotas do Yenisey” e “Guarda Juvenil da Rússia Unida” prepararam um apelo por escrito ao governador da região de Krasnoyarsk, Alexander Khloponin, e ao prefeito da cidade, Pyotr Pimashkov, para impedir a realização da Marcha Russa na cidade.[18] No entanto, o Movimento Contra a Imigração Ilegal disse à Reuters que iria prosseguir com suas reuniões, independentemente de elas serem autorizadas ou não.

A marcha russa de 2006 foi proibida pelo prefeito da cidade, Yuriy Luzhkov, em 31 de outubro. Apesar de condenar a natureza xenófoba da Marcha, o vice-chefe da filial de Moscou do Yabloko, Alexei Navalny, defendeu a permissão do evento no âmbito da liberdade de reunião.

Uma manifestação separada, chamada Marcha da Direita, foi organizada por vários movimentos ortodoxos (o Conselho Nacional, a União dos Porta-estandartes Ortodoxos e O Bastião), que declararam suas intenções independentes.[19]

Na marcha russa de 2017, no distrito de Lyublino, os participantes incluíram várias organizações de extrema direita, como o Partido Nacionalista, o Black Bloc liderado por Vladimir (Ratnikov) Komarnitsky, o Comitê Nação e Liberdade (KNS) liderado por Vladimir Burmistrov e Roman Kovalyov. No início do evento, alguns ativistas de extrema direita, dirigindo-se aos repórteres, disseram que a polícia queria impedi-los de participar da marcha por causa dos símbolos que usavam. Por esse motivo, vários manifestantes se separaram da marcha e tentaram improvisar uma nova marcha na rua Belorechenskaya, mas foram rapidamente presos junto com outros transeuntes, na confusão. Durante essas detenções, a polícia jogou uma das participantes no chão, deixando-a inconsciente. A marcha continuou em direção à estação de metrô Bratislavskaia e Konstantin Filin também foi detido depois que os manifestantes de extrema direita gritaram slogans contra a polícia. Na estação de metrô, vários líderes nacionalistas fizeram discursos no palco, durante os quais falaram sobre a repressão sofrida pela extrema direita na Rússia. Ivan Noviopov, da Liga Irreconciliável, pediu uma “vingança branca”, desfraldando uma bandeira confederada. Andrei Narodny, da Vanguarda Nacional-Revolucionária (NRA), encerrou seu discurso com uma saudação fascista.[20]

Marcha Russa de 2020

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As autoridades da Federação Russa negaram a autorização para a marcha russa de 2020 devido à pandemia da COVID-19. Apesar da proibição, dezenas de nacionalistas se reuniram na cidade siberiana de Barnaul em 4 de novembro, protestando contra o presidente Vladimir Putin.[21] Os organizadores da marcha russa em Moscou, após a recusa, planejaram depositar flores no escritório do Serviço Penitenciário Federal, para homenagear o neonazista russo Maxim Martsinkevich, que morreu na prisão um mês antes. A polícia de Moscou deteve pelo menos 32 ativistas de extrema direita.[21][22]

Referências

  1. Schlindwein, Simone (5 de novembro de 2007). «Neo-Nazis on the March in Moscow: 'We Russians Are Part of the White Race'». Der Spiegel (em inglês). ISSN 2195-1349. Consultado em 25 de agosto de 2025 
  2. Press, Associated (4 de novembro de 2013). «Russian nationalists march against immigration». The Guardian (em inglês). ISSN 0261-3077. Consultado em 25 de agosto de 2025 
  3. «'Russia for the Russians': Nationalists turn out in force to protest Putin». NBC News (em inglês). 5 de novembro de 2012. Consultado em 25 de agosto de 2025 
  4. ««Я думаю, власть в России сменится не в результате выборов»». Новое время. Consultado em 25 de agosto de 2025. Cópia arquivada em 30 de novembro de 2011 
  5. «Russian Nationalists March In Moscow». Radio Free Europe/Radio Liberty (em inglês). 4 de novembro de 2011. Consultado em 25 de agosto de 2025 
  6. «"Русский марш" запретили во многих городах». OBOZREVATEL (em russo). 3 de novembro de 2006. Consultado em 25 de agosto de 2025 
  7. ««Русский марш» идет по России». Новый День (em russo). 4 de novembro de 2006. Consultado em 25 de agosto de 2025 
  8. «"Русский марш" на Сахалине собрал 15 человек - Новости России - ИА REGNUM». www.regnum.ru (em russo). Consultado em 25 de agosto de 2025. Cópia arquivada em 28 de maio de 2007 
  9. «"Russian March" cancelled in many regions». Caucasian Knot. Consultado em 25 de agosto de 2025 
  10. «В "Русском марше" одесситов вдохновляла Жанна Бичевская». В "Русском марше" одесситов вдохновляла Жанна Бичевская (em russo). Consultado em 25 de agosto de 2025 
  11. «В Тирасполе в "Русском марше" приняли участие более 500 человек (Приднестровье)». В Тирасполе в "Русском марше" приняли участие более 500 человек (Приднестровье) (em russo). Consultado em 25 de agosto de 2025 
  12. «Газета.Ru - Полиция Кишинева разогнала «Русский марш»». www.gazeta.ru. Consultado em 25 de agosto de 2025. Cópia arquivada em 30 de janeiro de 2017 
  13. «Кучка ублюдков устроила в Крыму «Русский марш». В Киеве они разбежались, даже не собравшись | ОБКОМ». ru.obkom.net.ua. Consultado em 25 de agosto de 2025. Cópia arquivada em 4 de agosto de 2022 
  14. «Самые актуальные новости о политике, науке, экономике и искусстве в России : ProtoNet.Ru». news.protonet.ru. Consultado em 25 de agosto de 2025. Cópia arquivada em 5 de fevereiro de 2012 
  15. «СПЕЦНАЗ РОССИИ ||| ЭТНОПОЛИТИКА ||| ПРОБУЖДЕНИЕ: РУССКИЙ МАРШ 4 НОЯБРЯ». www.specnaz.ru. Consultado em 25 de agosto de 2025. Cópia arquivada em 12 de junho de 2024 
  16. «Russian marchers defy Moscow ban» (em inglês). 4 de novembro de 2006. Consultado em 25 de agosto de 2025 
  17. «Interfax-Religion». www.interfax-religion.com. Consultado em 25 de agosto de 2025. Cópia arquivada em 29 de setembro de 2022 
  18. «Moscow mayor prohibited Russian March, 5,000 Krasnoyarsk residents asking for the same / Krasnoyarsk News». english.newslab.ru. Consultado em 25 de agosto de 2025. Cópia arquivada em 25 de março de 2007 
  19. «Оранжевые свастики "Русского марша"». Pravda.ru. 21 October 2006. Consultado em 4 December 2011  Verifique data em: |acessodata=, |data= (ajuda)
  20. «"Russian March" 2017 in Moscow / SOVA». www.sova-center.ru (em russo). Consultado em 25 de agosto de 2025 
  21. a b «Dozens Of Russian Nationalists Stage Anti-Putin March In Siberia». Radio Free Europe/Radio Liberty (em inglês). 4 de novembro de 2020. Consultado em 25 de agosto de 2025 
  22. «Dozens arrested at nationalist 'Russian March' in central Moscow». Meduza (em inglês). Consultado em 25 de agosto de 2025