Mariana Mortágua

Mariana Mortágua | |
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Mariana Mortágua em 2022 | |
Deputada na Assembleia da República pelo Distrito de Lisboa | |
Período | 31 de agosto de 2013 até a atualidade |
Legislatura | XV Legislatura XIV Legislatura XIII Legislatura XII Legislatura |
Dados pessoais | |
Nascimento | 24 de junho de 1986 (36 anos) Alvito, Alvito, ![]() |
Partido | Bloco de Esquerda |
Profissão | Economista |
Mariana Rodrigues Mortágua (Alvito, Alvito, 24 de junho de 1986) é uma economista e deputada portuguesa do partido político português Bloco de Esquerda. Atualmente, desempenha no grupo parlamentar as funções de vice-presidente.[1]
Biografia[editar | editar código-fonte]
Filha de Camilo Mortágua, histórico ativista antisalazarista, revolucionário, membro fundador e operacional da LUAR, é irmã gémea da também dirigente e deputada do Bloco de Esquerda Joana Mortágua e prima afastada da socialista Maria João Rodrigues.[2]
É licenciada e mestre em Economia, pelo ISCTE - Instituto Universitário de Lisboa, tendo terminado o doutoramento em Economia[1] na School of Oriental and African Studies (SOAS) da Universidade de Londres, para onde foi com bolsa de estudo.[3]
Estreou-se como deputada na Assembleia da República aos 27 anos, em 2013, por necessidade de substituição de Ana Drago no círculo eleitoral de Lisboa, onde foi eleita. A sua nomeação em setembro de 2013 para os lugares cimeiros da lista de candidatos a deputados por parte da Comissão Política do BE foi contestada por um grupo de militantes, que criticaram o "critério tecnocrata" que orientou a sua escolha, nomeadamente o facto de ter conhecimentos de economia. Perante isto, o BE confirmou que Mariana Mortágua foi considerada como o elemento que “melhor serviria os interesses do partido na Assembleia da República, em virtude dos seus conhecimentos na área da Economia”, algo que se vinha “a fazer sentir desde a saída de Francisco Louçã”.[4]
Ganhou posteriormente particular visibilidade na política portuguesa após o seu desempenho no inquérito parlamentar a Zeinal Bava[5] e a Ricardo Salgado, no âmbito da ruína do banco BES.[6]
Foi reeleita deputada nas Eleições Legislativas de 2015, que deram ao Bloco de Esquerda a sua maior votação de sempre.[7] Integrou a Comissão de Economia e Obras Públicas, a Comissão de Orçamento, Finanças e Administração Pública e a Comissão Eventual para Acompanhamento das Medidas do Programa de Assistência Financeira a Portugal.[1] Foi de novo reeleita deputada em outubro de 2019. Atualmente, integra apenas a Comissão de Orçamento e Finanças.
Em setembro de 2016, afirmou que, "do ponto de vista prático, a primeira coisa que temos de fazer é perder a vergonha de ir buscar a quem está a acumular dinheiro" e que “não podemos ter vergonha de ter uma política social deste género."[8]
Em abril de 2022, o Ministério Público instaurou um inquérito crime a Mariana Mortágua, por ter recebido o subsídio de exclusividade pelo seu trabalho no Parlamento ao mesmo tempo que desempenhou atividades remuneradas na comunicação social. A 30 de março de 2022, o Ministério Público solicitou à SIC e ao Jornal de Notícias os "recibos dos honorários pagos a Mariana Mortágua no período compreendido entre janeiro de 2015 e a data presente". O Global Media Group (detentor do Jornal de Notícias) indicou que os recibos emitidos pela deputada bloquista pela colaboração como colunista (que efetuou desde 2015 até abril de 2022[9]) não configuravam remuneração de propriedade intelectual, mas prestação de serviços em atividades de consultoria, científicas, técnicas e similares.[10]
Em abril de 2023, o Tribunal Central de Instrução Criminal decidiu arquivar o processo contra Mariana Mortágua, no qual a deputada do BE era acusada de violar o regime de exclusividade por fazer comentário político na SIC.
De igual modo, um mês antes, foi arquivado o processo judicial que Mariana Mortágua tinha movido contra André Ventura, pelo facto de líder do Chega ter partilhado no Twitter um tweet de Cristina Seguí, do partido espanhol Vox, em que esta última afirmava que Mariana Mortágua havia recebido dinheiro do BES.[11]
Causas[editar | editar código-fonte]
Mortágua interessa-se por diversas causas humanitárias, destacando-se os direitos das mulheres e os direitos LGBT.[12] Despertou para a causa do feminismo na sua juventude, quando fez parte da Associação Jovem para a Justiça e Paz (AJP), liderada pela feminista Teresa Cunha. É assídua a sua presença em marchas de orgulho LGBT, acompanhada da comitiva do BE. Acerca deste tema, Mariana disse em entrevista à Capazes que «nos dias de hoje as marchas viram “o sistema capitalista apropriar-se das questões LGBT e hoje as gay parades já não são marchas políticas, são marchas publicitárias”, ao contrário do início quando eram uma "causa contra o capitalismo".»[13][14]
Vida pessoal[editar | editar código-fonte]
Em abril de 2023, assumiu, na SIC Notícias, a sua homossexualidade, a propósito de algo a que se referiu como constituindo "perseguição política" à sua pessoa, nomeadamente por via dos processos movidos contra si por Marco Galinha e de, nas suas palavras, "um destacado membro do Chega", afirmando que essa mesma perseguição acontecia por ser "mulher, de esquerda, lésbica, filha de um resistente antifascista (...) e, aparentemente por [ter] o dom de incomodar algumas pessoas com muito poder".[15]
Obras publicadas[1][editar | editar código-fonte]
- 2012 – The Portuguese debt crisis: deconstructing myths in The Political Economy of Public Debt and Austerity in the EU (com Francisco Louçã)
- 2012 – A Dividadura - Portugal na Crise do Euro
- 2012 – Isto é um assalto
- 2013 – Temos de Pagar a Dívida? (com Miguel Cardina, N. Serra e José Soeiro)
- 2013 – Não acredite em tudo o que pensa. (com Francisco Louçã)
- 2014 – A Europa à Beira do Abismo (com Tony Phillips, Roberto Lavagna, Christina Laskaridis, Anzhela Knyazeva, Diana Knyazeva e Joseph Stiglitz)
- 2015 – Privataria: Quem ganha e quem perde com as privatizações em Portugal (com Jorge Costa)
- 2021 – No Sonho Selvagem do Alquimista
Referências
- ↑ a b c d «Deputados e Grupos Parlamentares: Mariana Mortágua». parlamento.pt. Consultado em 7 de Abril de 2016
- ↑ «A política é a casa deles». Público (jornal). Consultado em 7 de Abril de 2016
- ↑ «Mariana Mortágua: a nova deputada do Bloco de Esquerda é uma jovem "igual aos outros"». Público (jornal). Consultado em 7 de Abril de 2016
- ↑ «Cerca de 100 elementos do BE questionam escolha de deputada». Público (jornal). Consultado em 7 de Abril de 2016
- ↑ «A pergunta a Zeinal que se tornou viral nas redes sociais». Observador. Consultado em 7 de Abril de 2016
- ↑ «Salgado não consegue responder às perguntas «interessantes» de Mariana Mortágua». TVI. Consultado em 7 de abril de 2016
- ↑ «Bloco de Esquerda com o seu melhor resultado de sempre». Jornal de Negócios. Consultado em 7 de abril de 2016
- ↑ «Mariana Mortágua: novo imposto imobiliário "é para apanhar quem escapa ao IRS"»
- ↑ Mortágua, Mariana (26 de abril de 2022). «Como Marco Galinha acabou com esta crónica». Jornal de Notícias. Consultado em 25 de abril de 2023
- ↑ «MP abre inquérito a Mariana Mortágua por alegada violação do estatuto de exclusividade no Parlamento»
- ↑ «Arquivado processo contra André Ventura por difamação a Mariana Mortágua». Diário de Notícias. 8 de março de 2023. Consultado em 25 de abril de 2023
- ↑ «Uma secção nas bibliotecas de Lisboa? | Time Out Lisboa». timeout.sapo.pt. Consultado em 29 de Dezembro de 2015
- ↑ «Mariana Mortágua fala sobre feminismo, sexismo e homofobia». Dezanove. Consultado em 29 de Dezembro de 2015
- ↑ «As fotos e as surpresas da 16ª Marcha do Orgulho LGBT de Lisboa». Dezanove. Consultado em 8 de Abril de 2016
- ↑ «Mariana Mortágua acusa Chega de perseguição por ser mulher de esquerda e homossexual». SIC Notícias. 25 de abril de 2023. Consultado em 25 de abril de 2023