Marquês de Olinda (vapor)

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Vapor Marquês de Olinda
Marquês de Olinda (vapor)
Ilustração da canhoeira Araguarí em ataque ao vapor Marques de Olinda, que vai a pique, durante a Batalha do Riachuelo.
Operador Armada Paraguaia
Fabricante  Reino Unido
Estado Afundado na Batalha do Riachuelo em 11 de junho de 1865
Características gerais
Tipo de navio Navio mercante e de passageiros convertido a navio de guerra.
Deslocamento 180 toneladas
Propulsão Motor a vapor que impulsionava duas rodas laterais
- 80 cv (58,8 kW)
Armamento 8 canhões

O Vapor Marquês de Olinda foi um navio brasileiro capturado pela Armada Paraguaia e utilizado por essa na Guerra do Paraguai.

O navio[editar | editar código-fonte]

O Vapor brasileiro Marquês de Olinda levava esse nome em homenagem a Pedro de Araújo Lima, Ministro, Regente e Presidente do Conselho Imperial[1]. Não era um navio da Armada Imperial Brasileira, mas um navio civil mercante e de passageiros destinado à rota do Rio Paraná e Rio Paraguai.

Lista de passageiros do Marquês de Olinda em 02/03/1860.

Se tratava de um vapor de casco de madeira impulsionado por rodas laterais. Possuía um baixo calado, que o tornou adequado para a navegação fluvial, tinha um deslocamento de 180 toneladas e um motor a vapor de 80hp[2].

Com as companhias Bernal & Cárrega primeiro, e G. Matti & Cia posteriormente, entre 1860 e 1862 realizou a rota entre a cidade de Buenos Aires e Corumbá sob comando de José Berisso, com escalas em San Nicolás de lós Arroyos, Rosario, Paraná, Corrientes e Assunção[2]. Já no Rio da Prata, também chegou a Montevidéu para transferência exclusiva de passageiros. Em 1863, sob comando de Hipólito Betancour, ampliou seu serviço para a cidade de Cuiabá, a cerca de 660km de Corumbá, totalizando um percurso de viagem de aproximadamente 3 mil km[2].

Aprisionamento[editar | editar código-fonte]

O vapor Marquês de Olinda foi capturado pelo governo paraguaio em 12 de novembro de 1864, quando subia o Rio Paraguai transportando o Cel. Frederico Carneiro de Campos, então presidente designado à província de Mato Grosso e que estava a rumar para assumir o seu posto. Esse fato, a captura do Forte Novo de Coimbra e a invasão paraguaia do Mato Grosso um mês depois, foram considerados atos de guerra pelo Império do Brasil e contribuíram para desencadear a Guerra do Paraguai. Os paraguaios, após a sua captura, o armaram e equiparam como navio de guerra nos estaleiros de Assunção, instalando 8 canhões[3].

Ofensiva no Rio Paraná[editar | editar código-fonte]

O vapor Marquês de Olinda em Assunção, da coleção Museu Histórico Nacional.

Junto dos vapores Tacuarí, Paraguarí, Yporá e Ygurey, o Marquês de Olinda zarpou de Assunção em 11 de abril de 1865 com destino a cidade de Corrientes. Na manhã de 13 de abril a esquadra sob comando de Pedro Ignacio Meza chegou a cidade argentina e após um breve enfrentamento capturou os vapores argentinos Gualeguay e 25 de Mayo que permaneciam ancorados e desarmados para reparos.

Auxiliou no rebocamento dos dois navios capturados até o Forte Itapirú, colaborou ainda com a passagem das tropas paraguaias ao território argentino e depois partiu para Assunção.

Em 8 de junho de 1865 participou da escolta que transportava o marechal Francisco Solano López ao Forte de Humaitá, junto do Yporá, Paraguarí, Ygurey, Jejuí, Yporá, Salto Oriental, Río Blanco, Paraná e Tacuarí.

A meia noite de 10 de junho, uma esquadra de nove navios e comandada pelo capitão de fragata Pedro Ignacio Meza partiu rumo a Corrientes para atacar uma esquadra da Marinha Imperial Brasileira que estava ancorada nos arredores daquela localidade. Era encabeçada pelo vapor Tacuarí (comandado por José Maria Martinez), compondo ainda a esquadra além do Marques de Olinda (Ezequiel Robles), o Paraguarí (José Alonso), o Ygurey (Remigio Del Rosario Cabral Velázquez), Yporá (Domingo Antonio Ortiz), Jejuy (Aniceto López), Salto Oriental (Vicente Alcaraz), Yberá (Pedro Victorino Gill) e o Piraveve (Tomás Pereira).

Contudo, sofreram um atraso devido a uma falha no vapor Yberá, que também os fez serem detectados pelo vapor brasileiro Mearim na altura de Punta de Santa Catalina. Às 8:30, o confronto entre os dois esquadrões começou em frente à cidade Corrientes e se estendeu às margens do arroio Riachuelo, um afluente do rio Paraguai. A frota paraguaia continuou engajada na batalha com a esquadra brasileira até Isla Lagraña, onde subiu para ancorar perto da foz do Rio Riachuelo.

O Marquês de Olinda, junto com o Tacuarí e o Salto Oriental, foram contra o vapor brasileiro Parnaíba, que chegou a ser abordado e invadido. A fragata Amazonas então se dirigiu ao seu auxílio, atingindo o Paraguarí e forçando-o a encalhar no banco de área próximo para não afundar e na sequência a fragata abriu fogo direto contra o Marquês de Olinda, enquanto o Tacuarí enfrentava os vapores brasileiros Araguarí e Beberibe. Com a caldeira destruída e em chamas, o Marquês de Olinda foi arrastado pela correnteza do Rio Paraná até atingir um banco de areia e afundar parcialmente. A maior parte da sua tripulação foi morta ou ferida durante a ação. Ao fim do combate, a fragata Amazonas o abordou, resgatando alguns sobreviventes incluindo o seu comandante, Ezequiel Robles, que foram levados prisioneiros. O comandante do vapor sofreu amputação de seu braço e veio a morrer pouco depois. O restante da tripulação foi conduzido a Buenos Aires e outros fugiram com ajuda de jangadas para o Chaco, liderados por George Gibson, engenheiro e tripulante do Marquês de Olinda, que mais tarde se reuniram com as tropas do general Wenceslao Robles.

Mais tarde, Gibson relataria ao general Robles o ocorrido com o desastre do vapor:

Ao fim da ação, além do vapor Marques de Olinda, o Tacuarí e o Jejuí, assim como as três Chatas (pequenas embarcações rebocadas) ficaram seriamente avariadas e ou foram encalhadas nos bancos do rio ou afundadas.

Referências

Bibliografia utilizada[editar | editar código-fonte]

  • Centurión, Juan Crisóstomo (1901). Reminiscencias históricas sobre la guerra del Paraguay. [S.l.]: Imprenta de J. A. Berra ;
  • Histarmar. «Buques Paraguayos Durante La Guerra de la Triple Aliaza». Historia y Arqueología Marítima. Consultado em 27 de maio de 2020 ;
  • Histarmar2. «Cia. de Navegacion Rioplatenses Vapores Brasileños y Paraguayos». Historia y Arqueología Marítima. Consultado em 31 de maio de 2020 ;
  • Mendonça, Mário F.; Vasconcelos, Alberto (1959). Repositório de Nomes dos Navios da Esquadra Brasileira. Rio de Janeiro: SGDM. 271 páginas. OCLC 254052902 ;
  • Resquín, Francisco Isidoro (1896). Datos históricos de la guerra del Paraguay con la Triple Alianza. [S.l.]: Compañía Sud-Americana de Billetes de Banco .

Ligações externas[editar | editar código-fonte]