Marta-pescadora

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaMarta-Pescadora
Ocorrência: Pleistoceno Superior - Recente

Estado de conservação
Espécie pouco preocupante
Pouco preocupante (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Carnivora
Família: Mustelidae
Subfamília: Guloninae
Género: Pekania
Espécie: Pekania pennanti
(Erxleben, 1777)
Distribuição geográfica
Distribuição da Marta- Pescadora
Distribuição da Marta- Pescadora
Sinónimos
pescador e gato-pescador
  • Mustela pennantii Erxleben, 1777
  • Martes pennanti - Coues, 1877

A Marta-pescadora (Pekania pennanti) ou simplesmente pescador (Fisher em Inglês) é uma espécie carnívora de mustelídeo do género Pekania nativa da América do Norte.[2]

Às vezes são também chamadas Gatos-pescadores apesar de não serem felinos e de esse nome induzir em erro, face aos felínos seus homónimos.

Taxonomia[editar | editar código-fonte]

No início foi classificada no género Mustela, se bem que entretanto já teve pelo menos outras três ou quatro designações, também elas subsumidas no género Mustela.[3]

Uma marta-pescadora no parque nacional de Mount Rainier, Washington, Estados Unidos da América .

Posteriormente foi classificada no gênero Martes, embora estudos ulteriores tenham concluído tratar-se duma espécie distinta dos mustelídeos do gênero Martes.[4]

Por isso foi colocada num género próprio: o Pekania.[5]

Biologia e Comportamento[editar | editar código-fonte]

Características físicas[editar | editar código-fonte]

As martas-pescadoras são um mamífero de porte médio, equiparáveis em tamanho ao gato doméstico comum. Têm um corpo longo, delgado e fazem uma locomoção rasteira.Embora não haja grandes diferenças em questões de aparência entre os sexos, há dismorfia sexual no que respeita às dimensões: os machos medem entre 90 a 120 cm de comprimento e pesam cerca de 3,5 a 6kg, enquanto que as fêmeas medem entre 75 a 95 cm e pesam entre 2 a 2,5 kg.[6][7] A maior marta-pescadora macho alguma vez registada pesava à volta de 9 kg.[8]

A pelagem das martas-pescadoras muda com as estações do ano e diverge ligeiramente entre os sexos. Os machos têm uma pelagem mais espessa que as fêmeas.[5] No princípio do Inverno, as pelagens são mais grossas e brilhantes, variando entre os 30 mm no peito até aos 70 mm no dorso. As cores variegam-se entre o castanho e o preto. Do focinho às espáduas o pêlo pode apresentar uma coloração mais trigueira ou grisalha, devido às cerdas tricolores. No ventre, a marta-pescadora exibe uma pelagem de um castanho quase integral, por vezes ocelada por manchinhas de pêlo branco ou cor-de-creme. A pelagem estival é mais variegada e tende a ser mais clara. A muda de pêlo incoa-se no final do Verão e finda por volta de finais de Novembro a princípios de Dezembro.[9]

Têm cinco artelhos em cada pata, com garras retrácteis. Têm patas grandes, que lhes facilitam a deslocação sobre superfícies nevadas. Além dos artelhos, cada pata tem a sua almofada digital.[10] As patas traseiras têm pêlos mais grossos, que crescem entre as almofadas e os dedos, o que lhes confere um poder de tracção acrescido quando se locomovem em superfícies resvaladiças.[11] Além disso, possuem articulações sobremaneira lestas, com as quais conseguem rodar as patas num amplexo de quase 180º, o que lhes permite descer das árvores de cabeça para baixo.[12] É um dos poucos mamíferos com esta capacidade.[13]

Há tufos de pêlo nas suas patas traseiras, que lhes evidenciam as glândulas odoríferas, as quais exalam um almíscar peculiar próprio. Estas glândulas opam durante a época de acasalamento e crê-se que possam ser usadas pelas fêmeas para deixar uma treita olfactiva, que o macho pode rastrear.[10]

Caça e dieta[editar | editar código-fonte]

Apesar do nome, as martas-pescadoras não são tão aquáticas quanto possa parecer, pois na verdade apenas cerca de 3% de sua dieta inclui peixes. Em rigor, trata-se de predadores generalistas e versáteis.[5]

Sendo majoritariamente carnívoro, o pescador visa como presas mais frequentes gambás,coelhos, ouriços-cacheiros e pequenas aves, tampouco desperdiça outros predadores, com casos confirmados destes caçando doninhas e raposas-grisalhas. É consabido que complementam a sua dieta com insectos, sementes, bagas e cogumelos.[14]

Porquanto se tratam de predadores solitários, a selecção das presas é ditada mormente pelo porte. Mediante análises ao bolo alimentar dos estômagos, bem como de estrabos, já foram encontrados vestígios de pássaros, mamíferos de pequeno porte e até de veados- o que leva a supor que as martas-pescadoras não são avessas à necrofagia oportunista.[15] Tanto assim é que há registos de martas-pescadoras a alimentar-se de cadáveres de veados.[16] E, pese embora não seja particularmente comum, há registos de martas-pescadoras a matar animais de porte maior, como perus bravos e linces (se bem que com taxas de sucesso pouco expressivas).[17][18]

A marta-pescadora é dos poucos predadores que caça adrede os ouriços-cacheiros .[19][20] Estudos indicam que a estratégia implementada para o efeito passa por morder o focinho do ouriço-cacheiro até à morte, o que tarda uma média de 25 a 30 minutos.[21]

Temperamento[editar | editar código-fonte]

São seres agressivos e territoriais, podendo atacar sem hesitação, quando ameaçadas no seu espaço, muito embora, na maioria dos casos prefiram fugir a defrontar-se com animais de maior porte.[14]

Referências

  1. «IUCN red list Martes pennanti». Lista vermelha da IUCN. Consultado em 13 de maio de 2022 
  2. «About Fishers». Mass Audubon (em inglês). Consultado em 2 de setembro de 2018 
  3. Koepfli, Klaus-Peter; Deere, Kerry A; Slater, Graham J; Begg, Colleen; Begg, Keith; Grassman, Lon; Lucherini, Mauro; Veron, Geraldine; Wayne, Robert K (14 de fevereiro de 2008). «Multigene phylogeny of the Mustelidae: Resolving relationships, tempo and biogeographic history of a mammalian adaptive radiation». National Center for Biotechnology. 6 (10): 10. PMC 2276185Acessível livremente. PMID 18275614. doi:10.1186/1741-7007-6-10 
  4. «Wayback Machine» (PDF). web.archive.org. 30 de outubro de 2005. Consultado em 16 de dezembro de 2020 
  5. a b c «About Fishers». Mass Audubon (em inglês). Consultado em 16 de dezembro de 2020 
  6. Rhines, Cynthia. «Martes pennanti (fisher)» (em inglês) 
  7. «Endangered Species | Mountain-Prairie Region» 
  8. Powell, p. 3.
  9. Powell, pp. 4–6.
  10. a b Powell, p. 9.
  11. Fergus, p. 101.
  12. Nations, Johnathan A.; Link, Olson. «Scansoriality in Mammals». Animal Diversity Web 
  13. Alexander, R. McNeill (2003). Principles of animal locomotion. [S.l.]: Princeton University Press. p. 162. ISBN 978-0-691-08678-1 
  14. a b Rhines, Cynthia. «Martes pennanti (fisher)». Animal Diversity Web (em inglês). Consultado em 16 de dezembro de 2020 
  15. Vashon, Jennifer; Vashon, Adam; Crowley, Shannon. «Partnership for Lynx Conservation in Main December 2001 – December 2002 Field Report» (PDF). Maine Department of Inland Fisheries and Wildlife. p. 9 
  16. Fergus, p. 102.
  17. «Ecological Characteristics of Fishers in the Southern Oregon Cascade Range» (PDF). USDA Forest Service – Pacific Northwest Research Station 2006 
  18. Richardson, John (17 de março de 2010). «Researchers collect data to track health of, threats to Canada lynx». The Portland Press Herald. Pressherald.com. Consultado em 20 de dezembro de 2012. Cópia arquivada em 14 de novembro de 2012 
  19. Doyle, Brian (6 de março de 2006). «Fishering». High Country News. Consultado em 28 de abril de 2010 
  20. Coulter, M.W. (1966). Ecology and management of fishers in Maine. (Ph.D. thesis). Syracuse, N.Y.: St. Univ. Coll. Forest. Syracuse University 
  21. Powell, pp. 134–6.
  1. Helgen, K .; Reid, F. (2018). " Pekania pennanti (versão alterada da avaliação de 2016)" . Lista Vermelha da IUCN de Espécies Ameaçadas . IUCN . 2018 : e.T41651A125236220 . Recuperado em 8 de março de 2020 .
  2. Powell, Roger A. (Novembro de 1993). The Fisher: Life History, Ecology, and Behavior. [S.l.]: University of Minnesota Press. ISBN 978-0-8166-2266-5 
  3. Fergus, Charles (2006). Wildlife of Virginia and Maryland and Washington. [S.l.]: Stackpole Books. p. 101–103. ISBN 978-0-8117-2821-8. Consultado em 21 de Outubro de 2011