Marujada em Curaçá

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Marujada
Marujada em Curaçá
Selo postal de 1981, representando uma marujada.
Celebrado por Curaçaenses
Tipo católica e afro-brasileira
Data 25, 30 e 31 de dezembro
Significado Devoção a São Benedito
Celebrações Procissão e missa
Frequência Anual

A Marujada é uma manifestação cultural, tradicional da cidade de Curaçá, no estado brasileiro da Bahia. Ocorre anualmente, nos dias 25, 30 e 31 de dezembro, em homenagem a São Benedito.[1]

Inicialmente celebrada por escravos e atualmente celebrado por devotos católicos, povo de santo e marujos de todos os gêneros.[2]

História[editar | editar código-fonte]

A festividade teve sua origem no início do século XIX. Em um decreto dos senhores da região, foi definido que o dia 31 de dezembro seria o dia de descanso anual dos escravos. Neste dia, os escravos homenageavam São Benedito, o santo negro, padroeiro dos escravos. Vestiam roupas brancas, dançavam e cantavam até ao entardecer.[3]

Posteriormente, o cortejo à São Benedito passou a ser feito por marujos homens. Na escolha do rei e rainha do cortejo, só poderiam ser elegidos pessoas negras, e a única mulher que podia participar era a rainha do cortejo. Em 2002, mulheres passaram a participar e atualmente pessoas de qualquer idade, gênero e raça podem participar do cortejo.[3][4]

Festividades[editar | editar código-fonte]

Dia 25 de dezembro[editar | editar código-fonte]

As onze bandeiras de São Benedito percorrem as casas dos devotos, pedindo uma contribuição para os festejos. A visita é acompanhada com cantigas em deferência ao santo e passagem da bandeira sobre os moradores da casa. Ao final das visitas, as onze bandeiras se reúnem novamente e seguem para a casa da guardiã da bandeira.[2]

Dia 30 de dezembro[editar | editar código-fonte]

A procissão inicia-se na casa da guardiã da bandeira, percorre as ruas da cidade e finaliza na Igreja Matriz, onde as bandeiras são hasteadas nos mastros. Alguns devotos acompanham a procissão com os pés descalços e/ou segurando velas.[2]

Dia 31 de dezembro[editar | editar código-fonte]

Às cinco horas da manhã, começa o embarque dos marujos em barcos enfeitados na Roça Boca da Barra, localizado no rio São Francisco e saem em cortejo até o porto de Curaçá. Após o desembarque, seguem em procissão em direção a Igreja Matriz.[3] No percurso, visitam primeiro o rei e a rainha do cortejo, que passam a fazer parte da procissão, Durante a procissão, vão parando nas casas de devotos que, por promessa à São Benedito, oferecem comidas e bebidas. Após as visitas, a procissão segue para a Igreja Matriz, onde é celebrado uma missa.[4]

As vestimentas tradicionais dos marujos são calças e camisa de mangas compridas brancas, meias e sapatos pretos, e chapéu ornamentado com espelho fixado na frente e fitas coloridas. Utilizam, para acompanhar a música, bumbo, viola e pandeiro.[3]

Referências

  1. «Marujada em Curaçá mantém viva tradição dos tempos da escravidão». Globo.com. Gshow. 29 de junho de 2015 
  2. a b c Ferreira, Pedro Lucas; Araújo, Juscelita Rosa Soares Ferreira de e Von, Ronie. (2021). Mini Documentário "A terra do Santo Preto". Movimento Estudantil Curaçaense. TVUEB. (vídeo)
  3. a b c d Silva, Irenilda Maria da e Marques, Juracy. (2016). A Tradição da Marujada na cidade de Curaçá-BA: mudanças e permanências. XVIII Congresso de Ciências da Comunicação na Região Nordeste. Intercom – Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação.
  4. a b «Marujada de Curaçá». Viva o Sertão. 2 de janeiro de 2019