María Mariño

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María Mariño
María Mariño
Retrato na revista portuguesa Céltica.[1]
Nascimento María Mariño Carou
8 de junho de 1907
Noia, Galiza
Morte 19 de maio de 1967 (59 anos)
Folgoso do Courel, Galiza
Nacionalidade espanhola
Cônjuge Roberto Pose Carballido[2]
Filho(a)(s) Roberto Pose Mariño (1946-†1946)
Ocupação Escritora, poetisa
Gênero literário Poesia e narrativa
Movimento literário Intimismo[3], Geração do 36[4][5]
Magnum opus Palabra no Tempo
Assinatura

María Mariño Carou (Noia, 8 de junho de 1907Folgoso do Courel, 19 de maio de 1967) foi uma das escritoras galegas mais importantes do século XX, enquadrada dentro do movimento da Geração do 36. São de sua autoria os livros Palabra no tempo (1963) e Verba que comenza (1990).[6]

Dividiu sua vida intelectual com uma vida discreta e distante dos cenários literários. No plenário de 7 de julho de 2006, os membros da Real Academia Galega decidiram dedicar-lhe o Dia das Letras Galegas do ano de 2007[7].

Trajetória[editar | editar código-fonte]

Foi a quarta dos cinco filhos de Xosé María Mariño Pais, sapateiro, e Filomena Carou Lado, costureira[8]. Seus irmãos eram: María de la Concepción (1898), Emilio (1901), Cándido (1902) e Asunción (1908)[9]. Sua infância e juventude estiveram marcadas pelas dificuldades econômicas da família. Em Noia, estudou por pouco tempo com freiras, e logo começou a trabalhar como costureira. Posteriormente, trasladou-se a Escarabote no concelho de Boiro, onde uma parente sua, Consuelo, trabalhava de cozinheira no Paço de Goiáns. Se acredita que foi este o lugar onde ela tenha tomado paixão pela leitura, devido à existência de uma biblioteca no Paço.[10], embora Esperanza Mariño (2017) tenha discordado desta teoria[11]

Após o início da Guerra Civil Espanhola, marchou para Berango, Biscaia, onde sua irmã mais velha, Concha, vivia casada com um marinheiro basco. Após a conquista daquela área pelas tropas de Franco, ela retornou a Boiro, onde ministrou aulas para crianças. Lá, conheceu o professor compostelano Roberto Pose Carballido, dono de uma escola em Escarabotiño, com quem se casou na igreja de Santiago de Lampón, em 31 de maio de 1939.[2]

Em 1943, mudou-se a Arzúa, e depois regressou a Biscaia, após seu esposo ser designado a Elantxobe para lecionar no curso de 1945-1946. De lá, pôde visitar sua família, que haviam se transferido de Berango para o bairro de Algorta, em Getxo. Regressou à Galiza grávida, para dar a luz nas Casas Baratas das minas de San Fins, em Lousame, onde contava com assistência médica devido a que ali trabalhava o seu irmão Emilio, mecânico, e também pela presença de sua mãe, Filomena, já viúva. Com trinta e nove anos, deu a luz em 6 de setembro de 1946 a um filho, Roberto Pose Mariño, que morreu, em 10 de outubro no mesmo ano, de uma Gastroenterite aguda[12].

Busto em Noia, obra de Soledad Penalta.

Devido a um conselho médico, o casal trasladou-se à localidade de Parada, em Folgoso do Courel, por conta da depressão nervosa que sofria a escritora. Ali passou os anos restantes de sua vida, realizando algumas visitas ocasionais a Noia, Monforte de Lemos e Corunha.

Em maio de 1967 faleceu de leucemia, e seus restos mortais repousam no cemitério de Seoane do Courel.

Criação literária[editar | editar código-fonte]

Tumba de María Mariño

Em meados da década de 1950, María Mariño começou a escrever poemas, primeiro em castelhano e depois em galego. Depois, nos arredores do Courel, conheceu o poeta Uxío Novoneyra, que promoveu a publicação destes versos. Palabra no tempo foi editado no ano de 1963 na coleção "Tesos cumes" da Ediciones Celta, de Lugo, com prefácio de Ramón Otero Pedrayo e ilustrações de Reimundo Patiño.[13][14]

Com pouca relação no mundo literário, o isolamento e a marginalidade que caracterizaram o trabalho criativo das mulheres em muitas ocasiões condicionaram a recepção de seu trabalho, e em alguns momentos até se levantou dúvidas sobre sua existência e a autoria dos seus poemas[15].[16] Em 1990, mais de trinta anos após o seu falecimento, os poetas Uxío Novoneyra e Antón Avilés de Taramancos promoveram a edição dos seus últimos poemas. O volume, intitulado Verba que Comenza[17], finalizado pela autora em março de 1967, dois meses antes de sua morte, foi publicado pelo concelho de Noia, com estudo de Carmen Blanco García. A sua poética é radicalmente intimista, com linguagem rupturista.

Além destes trabalhos, escreveu dois textos narrativos em castelhano: "Los años pobres. Memoria de guerra y posguerra", obra desaparecida, conhecida apenas por uma menção feita por Novoneyra; e "Más allá del tiempo", de 1965.[19], desaparecida durante mais de quarenta anos, encontrada e publicada em 2007 pela Alvarellos Editora, com edição de Helena González Fernández[20]

Lista de obras[editar | editar código-fonte]

Poesia em galego[editar | editar código-fonte]

Narrativa em castelhano[editar | editar código-fonte]

  • Los años pobres. Memoria de guerra y posguerra (inédita).
  • Más allá del tiempo (2007, Alvarellos Editora).[19]

Compilações[editar | editar código-fonte]

  • Obra completa (1994, 2006, Xerais), edición de Victoria Sanjurjo Fernández.[21]
  • Antoloxía poética (2007, Galaxia), édición de Patricia Arias Chachero.[22]

Referências

  1. Romaní, A. (2006). "Dinamiteira da Fala. Unha desas creacións insólitas da literatura galega" Álbum de mulleres, CCG.
  2. a b Mariño, Esperanza 2007, pág. 18.
  3. Fernández del Riego, F. (1971). Historia da Literatura Galega 2ª ed. Vigo: Editorial Galaxia. p. 278 
  4. a b Méndez Ferrín, X.L. (1984). De Pondal a Novoneyra. [S.l.]: Xerais. pp. 95–97. ISBN 84-7507-139-2 
  5. Marco, A. (2007). Dicionario de Mulleres Galegas. [S.l.]: Edicións A Nosa Terra. pp. 259–260. ISBN 978-84-8341-146-9 [ligação inativa]
  6. «Mariño Carou, María». Diciopedia do século 21. 2. Do Cumio, Galaxia e do Castro. 2006. p. 1311. ISBN 978-84-8288-942-9 
  7. EUROPA PRESS (7 de julho de 2006). «A RAG acorda adicar o Día das Letras Galegas de 2007 á poetisa noiesa María Mariño Carou». Europa Press. Consultado em 24 de junho de 2018 
  8. AgraFoxo 2007, pág. 16.
  9. Mariño, Esperanza 2007, pág. 16.
  10. Villar Janeiro, Helena (17 de abril de 2006). «María Mariño Carou». El Correo Gallego 
  11. Oliveira. V. (15 de março de 2007). «Segundo Esperanza Mariño a biblioteca onde a noiesa contactou coa paixón da lectura é un mito» (em galego). El Correo Gallego 
  12. AgraFoxo 2007, pág. 94, reproduz a certidão de óbito.
  13. a b Imaxe da portada de: Palabra no tempo de María Mariño. Coleución Tesos Cumes Ediciones Celta. Lugo. 1963.
  14. Alvarellos, Enrique (1993). Mulleres destacadas de Galicia (em galego). [S.l.]: Alvarellos. p. 193. ISBN 84-85311-96-5 
  15. Consulte o limiar, de Darío Xohán Cabana, em Mariño Davila, Esperanza (2007). Dicionario María Mariño
  16. «Mariño Carou, María». Dicionario biográfico de Galicia. 2. [S.l.]: Ir Indo Edicións. 2010–2011. p. 274 
  17. a b Imagem da capa de Verba que comenza livro de homenagem.
  18. Novoneyra, Uxío (maio de 1982). «Noiesa do Courel, dinamiteira da fala». A Nosa Terra 
  19. a b Fonte, Ramiro (2005). «Mariño Carou, María». Gran Enciclopedia Galega (DVD). El Progreso. ISBN 84-87804-88-8 
  20. González, Paula (15 de fevereiro de 2007). «Los enigmas de María Mariño» (em espanhol). El País 
  21. Ficha da 2ª ed. da Obra completa, na página web de Xerais
  22. Ficha de Antoloxía poética em Culturagalega.org. CCG

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Carmen Blanco: "O misterio Mariño: unha poética de mar de fondo".
  • Manuel Fernández Rodríguez: "A combustión espontánea de María Mariño. Mística e palabra".
  • Arcadio López-Casanova: "Un diario da ultimidade (sobre dúas claves de Verba que comenza)".
  • María Lopo: "No bosque Mariño".
  • Chus Nogueira: "Darse en verba aberta. A palabra na obra poética de María Mariño".
  • Olga Novo: "Pía o paxaro da paz. O Courel de María Mariño".
  • Ana Romaní: "Do lugar. Re-creación da mar calma de Noia na voz de María Mariño".