Massacre do Ônibus

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O Massacre do Ônibus (também conhecido como incidente ou massacre de Ayin-el-Remmaneh) é comumente apresentado como a faísca que detonou os conflitos sectários que culminaram na Guerra Civil Libanesa.

História[editar | editar código-fonte]

Em 13 de abril de 1975, no subúrbio cristão de Ayin-el-Remmaneh, no leste de Beirute, pistoleiros não-identificados dentro de um automóvel em alta velocidade abriram fogo contra membros do Partido Kata'ib (mais conhecido como Falanges Libanesas) que deixavam uma cerimônia na igreja maronita. Pierre Gemayel, líder do Kata'ib e patriarca de uma das mais poderosas famílias do Líbano, estava presente e escapou ileso do atentado que deixou quatro mortos e foi imediatamente atribuído a grupos palestinos.

Horas mais tarde, partidários dos Gemayel retaliaram matando 26 militantes da Frente Popular para a Libertação da Palestina-Comando Geral (ou FPLP-CG, uma dissidência radical da Frente) que viajavam em um ônibus em Ayin-el-Remmaneh, após assistirem a uma conferência da FPLP-CG, e estavam a caminho do campo de refugiados palestino de Tel al-Zaatar. Conforme a notícia do assassinato se espalhava, eclodiam confrontos armados entre milícias palestinas e as falanges por toda Beirute. Logo, milícias que integravam o Movimento Nacional Libanês entraram na batalha ao lado dos palestinos.

Consequências[editar | editar código-fonte]

Este incidente sangrento, que ficou conhecido como o "massacre de ônibus", incitou o ódio sectário e a desconfiança de longa data e gerou lutas pesadas em todo o país entre os milicianos das Forças Reguladoras de Kataeb e os Fedaiyyin palestinos e seus aliados muçulmanos de esquerda do Movimento Nacional Libanês (LNM) aliança, resultando em mais de 300 mortos em apenas três dias.[1]

O recém-nomeado primeiro-ministro libanês, o muçulmano sunita Rashid al-Sulh, tentou em vão acalmar a situação o mais rápido possível, enviando na noite do dia seguinte ao massacre um destacamento da Gendarmaria das Forças de Segurança Interna Libanesas para Ain el-Rammaneh, que deteve vários suspeitos. Além disso, o Primeiro Ministro Sulh tentou pressionar o Presidente do Partido Falangista, Pierre Gemayel, a entregar às autoridades os milicianos Falangistas KRF responsáveis ​​pela morte do motorista palestino. Gemayel recusou publicamente no entanto, insinuando que ele e seu Partido não obedeceriam mais à autoridade do governo.[2] Mais tarde, ele enviou uma delegação falangista em uma missão para garantir a libertação dos suspeitos anteriormente detidos e mantidos sob custódia pelas autoridades libanesas, afirmando que os indivíduos envolvidos no incidente estavam apenas se defendendo e que nenhuma acusação poderia ser feita contra eles.

Conforme a notícia dos assassinatos se espalhou, confrontos armados entre facções guerrilheiras da OLP e outras milícias cristãs estouraram em toda a capital libanesa. Logo as milícias do Movimento Nacional Libanês (LNM) entraram na briga ao lado dos palestinos. Inúmeros cessar-fogo e conversas políticas realizadas por meio de mediação internacional foram infrutíferas. A violência esporádica se transformou em uma guerra civil completa nos dois anos seguintes, conhecida como a fase 1975-76 da Guerra Civil Libanesa, na qual 80 000 pessoas perderam suas vidas e dividiram o Líbano em linhas faccionais e sectárias por mais 15 anos.

Ver também[editar | editar código-fonte]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Abu Iyad (Salah Khalaf, with Eric Rouleau), My Home, My Land: A Narrative of the Palestinian Struggle, Times Books, New York 1981. ISBN 0-8129-0936-4
  • David Hirst, Beware of small states: Lebanon, battleground of the Middle East, Nation Books, 2011. ISBN 978-1568586571, 1568586574
  • Denise Ammoun, Histoire du Liban contemporain: Tome 2 1943–1990, Fayard, Paris 2005. ISBN 978-2-213-61521-9 (in French) – [1]
  • Edgar O'Ballance, Civil War in Lebanon, 1975–92, Palgrave Macmillan, London 1998. ISBN 0-333-72975-7
  • Farid El-Kazen, The Breakdown of the State in Lebanon 1967-1976, I. B. Tauris, London 2000. ISBN 0-674-08105-6[2]
  • Jean Sarkis, Histoire de la guerre du Liban, Presses Universitaires de France – PUF, Paris 1993. ISBN 978-2-13-045801-2 (in French)
  • John Laffin, The War of Desperation: Lebanon 1982-85, Osprey Publishing Ltd, London 1985. ISBN 0 85045 603 7
  • Matthew S. Gordon, The Gemayels (World Leaders Past & Present), Chelsea House Publishers, 1988. ISBN 1-55546-834-9
  • Naomi Joy Weinberger, Syrian Intervention in Lebanon: The 1975–76 Civil War, Oxford University Press, Oxford 1986. ISBN 978-0195040104, 0195040104
  • Rex Brynen, Sanctuary and Survival: the PLO in Lebanon, Boulder: Westview Press, Oxford 1990. ISBN 0 86187 123 5[3]
  • Robert Fisk, Pity the Nation: Lebanon at War, London: Oxford University Press, (3rd ed. 2001). ISBN 0-19-280130-9[4]
  • Paul Jureidini, R. D. McLaurin, and James Price, Military operations in selected Lebanese built-up areas, 1975-1978, Aberdeen, MD: U.S. Army Human Engineering Laboratory, Aberdeen Proving Ground, Technical Memorandum 11-79, June 1979.
  • Samuel M. Katz, Lee E. Russel & Ron Volstad, Armies in Lebanon 1982–84, Men-at-Arms series 165, Osprey Publishing Ltd, London 1985. ISBN 0-85045-602-9
  • Samir Kassir, La Guerre du Liban: De la dissension nationale au conflit régional, Éditions Karthala/CERMOC, Paris 1994. ISBN 978-2865374991 (in French)
  • Samir Khalaf, Civil and Uncivil Violence in Lebanon: A History of the Internationalization of Human Contact, Columbia University Press, New York 2002. ISBN 978-0231124768, 0231124767
  • Thomas Collelo (ed.), Lebanon: a country study, Library of Congress, Federal Research Division, Headquarters, Department of the Army (DA Pam 550-24), Washington D.C., December 1987 (Third edition 1989). – [5]
  • William W. Harris, Faces of Lebanon: Sects, Wars, and Global Extensions, Princeton Series on the Middle East, Markus Wiener Publishers, 1997. ISBN 978-1558761155, 1-55876-115-2

Referências[editar | editar código-fonte]

  1. Harris, Faces of Lebanon (1997), p. 161
  2. O'Ballance, Civil War in Lebanon (1998), p. 2.