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Maxixe

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
 Nota: Este artigo é sobre uma dança brasileira. Para a cidade de Moçambique, veja Maxixe (Moçambique). Para a hortaliça, veja Maxixe (hortaliça).
Maxixe
Fotografia de Édouard Stebbing de c. 1910 intitulada La matchiche (O maxixe)
Origens estilísticastango, polca, lundu, habanera
Contexto culturalBelle époque brasileira
Popularidadeoriginário do Rio de Janeiro, foi exportado para a Europa e os Estados Unidos
Formas derivadaslambada, samba

O maxixe ou tango brasileiro, é um tipo de dança de salão brasileira criada por afrodescendentes, no Rio de Janeiro na segunda metade do século XIX. Dançada a um ritmo rápido de 2/4, notam-se também influências do lundu, polca e da havaneira. Por isso mesmo, o maxixe é chamado por alguns de tango brasileiro. Alguns relatos afirmam também uma diferença com relação à harmonia, sendo a do tango brasileiro (como os de Ernesto Nazareth) um pouco mais complexa do que de seu "irmão", o maxixe.

Foi criado pelos chorões, conjuntos instrumentais de choro, fazendo uma variante altamente sincopada da havaneira, gênero cubano que também era chamado tango-habanera (o primeiro uso da palavra "tango" é datado de 1823, em Havana)[1] e que, na sua variante brasileira, passou a ser chamado "tango brasileiro". Até o advento do samba, o maxixe foi o gênero dançante mais importante do Rio de Janeiro.[2]

História

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O ritmo, segundo a hipótese de alguns estudiosos, foi influenciado pela música trazida por escravos de Moçambique, daí originando o seu nome que é homônimo à cidade moçambicana de Maxixe. Ainda hoje, o padrão rítmico da marrabenta (música moçambicana) guarda semelhanças com os padrões rítmicos do maxixe. Outra hipótese sugere que o nome tenha se originado de uma pessoa chamada "Maxixe", que teria em um baile de carnaval na cidade do Rio de Janeiro, dançado o lundu em um ritmo diferente, criando, assim, a dança maxixe.[3] Ainda há a hipótese de que a planta maxixe batizou essa nova dança, que começou a se popularizar em toda a cidade.[2]

Como uma das primeiras danças urbanas do Brasil, o maxixe é oriundo da Cidade Nova, bairro do Rio de Janeiro, cuja principal característica era a forte presença de afrodescendentes. Diferentemente da dança do lundu, que era mais ligada ao mundo rural e na qual todos participavam da roda cantando, dançando ou batendo palmas, no maxixe todos os pares dançam ao mesmo tempo, com a melodia e a voz situadas fora do universo dos dançarinos.[2]

O maxixe, pelo seu caráter lúdico e sensual, foi alvo de fortes preconceitos, sendo rotulado de indecente por grande parte da sociedade. Passou a ser chamado de "tango brasileiro" para esconder a relação dessas composições com o maxixe. Devido aos comentários preconceituosos sobre o maxixe, a dança só se popularizou por meio dos clubes carnavalescos e do teatro de revista, e foi amplamente divulgada por grupos de choro, bandas de música e pianistas populares.[2]

Assim, tornou-se o gênero dançante mais importante do Rio de Janeiro. Tal como o tango, este estilo foi também exportado para a Europa e Estados Unidos nos primórdios do século XX, por exemplo, ganhando notoriedade entre os franceses pelos pés do requintado dançarino Duque, em Paris.[2]

Comentários

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Vernon Castle disse sobre o maxixe em seu livro Modern Dancing (1914):

“Os passos em si não são difíceis; ao contrário, são infantilmente simples; é a dança mais fácil de todas de se fazer, e, creio eu, a mais difícil de todas de se fazer bem.”[4]

Troy Kinney (1914) escreveu o seguinte sobre o maxixe:

“É, praticamente, um revival do two-step, acrescido de certos passos de tango e enchaînements (sequências de passos). Em vez do toque-e-giro do pé característico do tango, ele emprega o recurso de apoiar o calcanhar no chão, com o pé apontado para cima, enquanto o corpo assume uma postura inclinada, não particularmente atraente.”[5]

A forma rítmica do maxixe influenciou as obras de Donga e Sinhô, pioneiros compositores do samba, que tomaria lugar do maxixe como principal gênero musical brasileiro.[2] Enquanto dança, o maxixe está presente nos passos do samba de gafieira, o samba de breque e o samba-choro) também preserva muitas estruturas rítmicas do maxixe. A lambada também deve algumas contribuições de estilo ao maxixe.

Ver também

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Referências

  1. http://www.miscelaneasdecuba.net/web/article.asp?artID=18133
  2. a b c d e f Diniz, 2006, p.25
  3. CUNHA, A. G. Dicionário etimológico Nova Fronteira da língua portuguesa. Rio de Janeiro. Nova Fronteira. p. 508.
  4. Castle, Vernon "Modern Dancing" (1914) pg 107 - Accessed at the Library of Congress.
  5. «Troy Kinney». Wikipedia (em inglês). 23 de março de 2025. Consultado em 10 de novembro de 2025 

Bibliografia consultada

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  • Diniz, André. Almanaque do samba. Jorge Zahar Editor Ltda, 2006. ISBN 8571108978
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