Megabalanus azoricus

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaMegabalanus azoricus,
craca

Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Arthropoda
Subfilo: Crustacea
Classe: Maxillopoda
Infraclasse: Cirripedia
Ordem: Sessilia
Família: Balanidae
Género: Megabalanus
Espécie: M. azoricus
Nome binomial
Megabalanus azoricus
(Pilsbry, 1916)
Sinónimos
  • Lepas tintinnabulum (Linnaeus, 1758)
  • Balanus tintinnabulum azoricus (Pilsbry, 1916

Megabalanus azoricus (Pilsbry, 1916) é uma espécie de craca gigante, comum nos Açores e considerada como um dos mariscos mais apreciados naquele arquipélago[1] São animais sésseis com o exoesqueleto calcificado composto por várias placas. A espécie foi originalmente descrita para os Açores, mas foi posteriormente identificada no arquipélago da Madeira[2].

Descrição[editar | editar código-fonte]

Megabalanus azoricus é um crustáceoque vive fixo ao substrato, razão pela qual os indivíduos adultos dificilmente são reconhecidos pela generalidade das pessoas como pertencentes ao mesmo grupo taxonómico que as lagostas ou os caranguejos. Contudo, essa pertença foi estabelecida por Charles Darwin que, ao estudar os seus estados larvares, provou que estes organismos devem ser incluídos naquele grupo[2].

À excepção das fases larvares planctónicas, as cracas são organismos sésseis que vivem fixas sobre um substrato. Formam em torno de si uma "muralha" calcária (erradamente considerada uma concha), em forma de cone truncado, que protege os órgãos internos. No topo da estrutura localiza-se o opérculo, formado por 4 placas calcificadas agrupadas duas a duas, que abre quando o animal se alimenta e respira.

A espécie Megabalanus azoricus foi descrita em 1916 sob o nome sub-específico de Balanus tintinnabulum azoricus por Henry Augustus Pilsbry, numa monografia sobre os cirripedia existentes na colecção do Museu Nacional de História Natural (Estados Unidos) (Smithsonian Institution) a partir de espécimes inicialmente catalogados como pertencentes à espécie Lepas tintinnabulum (Linnaeus, 1758). Após várias alterações de posicionamento taxonómico, em 1976, Newman & Ross propuseram a ascensão do sub-género Megabalanus à categoria de género, de que M. azoricus passou a constituir espécie[3].

Distribuição e habitat[editar | editar código-fonte]

Megabalanus azoricus foi durante muito tempo considerada uma espécie endémica dos Açores, mas foi comprovado que ocorre também no Arquipélago da Madeira.

A espécie ocorre desde a zona entremarés até 10–12 m de profundidade, sendo mais abundante entre 1–2 m de profundidade, mas são encontrados indivíduos até aos 30 m de profundidade em locais de grande hidrodinamismo, especialmente em baixios afastados da costa[2] e em ilhéus[4].

Relativamente bem distribuída no arquipélago dos Açores, ocorre nas costas rochosas entre a zona intertidal inferior e o infralitoral[5], com populações maioritariamente distribuídas junto à linha de maré baixa com preferência por zonas mais expostas da costa, e consequentemente, com alto hidrodinamismo[6][7].

A apanha destas cracas é feita com a ajuda de martelo e escopro, dado que a captura obriga a partir a rocha na qual a base do animal está incrustada[8]. A espécie é apreciada em todo o arquipélago fazendo desde há muito parte dos pratos tradicionais da gastronomia açoriana.

Notas

  1. Dionísio, M. A., A. Rodrigues, Pires, P. & Costa A., "Bases para a gestão e conservação de Megabalanus azoricus.
  2. a b c Rogério Ribeiro Ferraz, Alguns Invertebrados Marinhos dos Açores.
  3. Newman, W. A. & A. Ross, 1976. "Revision of the balanomorpha barnacles; including a catalog of species". Memoirs of San Diego Society of Natural History 9: 1-108.
  4. Hawkins, S., H. Corte-Real, Pannacciulli, F., Weber, L. & Bishop, J., 2000. "Thoughts on the ecology and evolution of the intertidal biota of the Azores and other Atlantic islands". Hydrobiologia 440(1-3): 3-17.
  5. Young P. S., 1998. "Cirripedia (Crustacea) from the Campagne Biaçores in the Azores region, including a generic revision of Verrucidae". Zoosystema 20 (1): 31-92.
  6. Morton, B., J. C. Britton & Marins, A. M., 1998. Ecologia costeira dos Açores. Sociedade Afonso Chaves – Associação de Estudos Açoreanos. Ponta Delgada.
  7. Southward, A. J., 1998. "New observations on barnacles (Crustacea: Cirripedia) of the Azores region". Arquipélago, Life and Earth Sciences, 16: 11-27.
  8. Santos, R. S., S. Hawkins, Monteiro, L. R., M. Alves & Isidro, E. J., 1995. "Marine research, resources and conservation in the Azores (case studies and reviews)". Aquatic Conservation: Marine and Freshwater Ecosystems 5: 311-354.

Referências[editar | editar código-fonte]

  • Southward, A.J. (2001). "Cirripedia - non-parasitic Thoracica", in: Costello, M.J. et al. (Ed.) (2001). European register of marine species: a check-list of the marine species in Europe and a bibliography of guides to their identification. Collection Patrimoines Naturels, 50: pp. 280–283.

Ligações externas[editar | editar código-fonte]