José Mendes dos Reis

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
(Redirecionado de Mendes dos Reis)
José Mendes dos Reis
José Mendes dos Reis
Nascimento 1 de abril de 1873
Macapá
Morte 19 de novembro de 1971
Lisboa
Cidadania Portugal, Reino de Portugal
Ocupação oficial, político
Prêmios
  • Comendador da Ordem Militar de Cristo
  • Grande-Oficial da Ordem Militar de Avis
  • Comendador da Ordem Militar de Avis
  • Official da Ordem da Torre e Espada
  • Comendador da Ordem Militar de Sant'Iago da Espada

José Mendes dos Reis OTEComCComAGOAComSE (São José de Macapá, 1 de Abril de 1873Lisboa, 19 de Novembro de 1971) foi um oficial do Exército Português e político, que se destacou como comandante da guarnição de Lisboa durante os acontecimentos revolucionários de 1919. Militante do Partido Liberal Republicano, foi senador e Ministro da Guerra (1920) e teve importante papel nos movimentos revolucionários contra a Ditadura Nacional em Portugal.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

José Mendes dos Reis nasceu em 1 de Abril de 1873, na cidade de Macapá, no Brasil, filho de José dos Reis e de sua mulher Maria Águeda Mendes de Lemos emigrantes naturais da vila de Loriga, Seia. A família regressou a Portugal quando ele era criança.

A 19 de Novembro de 1889 alistou-se com voluntário no Regimento de Infantaria N.º 5, sendo promovido a Alferes em 30 de Novembro de 1895, iniciando uma carreira como oficial de Infantaria do Exército Português que terminaria no posto de Coronel, alcançado a 11 de Março de 1922.[2]

Durante a sua formação militar dedicou-se à esgrima, tendo recebido vários prémios pelo seu desempenho nessa disciplina. Foi professor de esgrima na Escola Prática de Cavalaria.[2]

Distinguiu-se na luta contra a Monarquia do Norte em 1911 e 1912 por ocasião das incursões e movimentos monárquicos do Norte. Na campanha contra os monárquicos comandou um destacamento de metralhadoras do Regimento de Infantaria n.º 5 em operações em Braga, Arcos de Valdevez, Chaves e Montalegre. Em 1912 comandou o destacamento que sufocou a rebelião monárquica em Celorico de Basto.

Em 1914 e 1915, no posto de Capitão, esteve mobilizado para as operações no Sul de Angola, participando nos recontros que ocorreram ao longo da então fronteira com o Sudoeste Africano Alemão. Esteve envolvido no combate de Naulila, ocorrido em Dezembro de 1914,[3] pois, ao comando de uma força composta por três companhias de infantaria, totalizando cerca de 550 homens, uma bataria de metralhadoras, uma de artilharia com três peças e um Esquadrão de Dragões (este chefiado pelo tenente Francisco Aragão, que ficaria conhecido pelo herói de Naulila), fora enviado para defesa do troço de fronteira ameaçado pelas forças alemãs.

Após a entrada de Portugal na Grande Guerra, comandou uma força de Infantaria e Metralhadoras que forçou o embarque do Batalhão de Infantaria n.º 21, que apesar de ter sido mobilizado para integrar o Corpo Expedicionário Português (CEP) se recusava a partir para França. Comandou também a força que procedeu à prisão dos oficiais de Batalhão de Infantaria N.º 34 que em 1917 se recusaram a embarcar para a França. Em 1918 foi mobilizado para integrar o CEP, tendo prestado serviços em França e na Grã-Bretanha, onde esteve como chefe de uma missão militar.[2]

Entre 1919 e 1926 foi Senador no Congresso da República, eleito em quatro legislaturas consecutivas. Nesse período exerceu por diversas vezes as funções de secretário da mesa do Senado da República. Representou o Senado como vogal no Conselho Colonial. Foi Ministro da Guerra do frustrado governo de Fernandes Costa em Janeiro de 1920.[1]

Após o Golpe de 28 de Maio de 1926 foi um dos mais destacados opositores aos governos da Ditadura Nacional, particularmente por ter sido um dos líderes da chamada Revolta do Remorso, o movimento militar que em Lisboa se solidarizou com a fracassada Revolta de Fevereiro de 1927 contra o governo saído do movimento de 28 de Maio, centrada no Porto. O comandante Agatão Lança foi o líder militar do levantamento em Lisboa, tendo como segundo comandante o coronel José Mendes dos Reis. Face à recusa de adesão das principais unidades do Exército, estas forças eram constituídas por marinheiros, unidades da Guarda Nacional Republicana e por civis armados, alguns deles antigos membros da Movimento da Formiga Branca.[4] Nesse mesmo ano aderiu à Maçonaria.

Em consequência da sua participação na revolta, foi separado do serviço de 15 de Novembro de 1927 a 11 de Julho de 1930, sendo preso e deportado para Angola. Foi compulsivamente reformado a 12 de Julho de 1930 pelo governo da Ditadura Nacional.

Amnistiado e reintegrado no ano seguinte, foi autorizado a regressar de Angola, mas foi-lhe fixada residência no Funchal. Em conjunto com outros exilados, aderiu à Revolta da Madeira, de Abril de 1931, liderada por Sousa Dias.[1][5]

Fracassada a revolta, foi novamente preso e demitido do Exército em Abril de 1931. Em 1937 foi novamente amnistiado e reintegrado em situação de reforma.

Fixou-se em Lisboa, cidade onde viria a falecer com 98 anos de idade, no dia 19 de Novembro de 1971. O seu espólio, que inclui a sua folha de serviços como militar que regista dezenas de louvores e condecorações, foi legado, após a Revolução de 25 de Abril de 1974, à Junta de Freguesia de Loriga.

Entre as muitas condecorações e louvores que recebeu, destacam-se a medalha de ouro comemorativa das Campanhas do Exército Português, com a legenda Sul de Angola 1914-1915, a Medalha Comemorativa do C.E.P., com a legenda "França 1917-1918", a Medalha da Vitória com Estrela, e a Cruz de Guerra de 1.ª Classe. A 28 de Fevereiro de 1919 foi feito Comendador da Ordem Militar de São Bento de Avis, a 29 de Março de 1919 foi feito Comendador da Ordem Militar de Nosso Senhor Jesus Cristo, a 28 de Junho de 1919 foi feito Comendador da Antiga, Nobilíssima e Esclarecida Ordem Militar de Sant'Iago da Espada, do Mérito Científico, Literário e Artístico, a 5 de Outubro de 1919 foi feito Oficial da Antiga e Muito Nobre Ordem Militar da Torre e Espada, do Valor, Lealdade e Mérito e a 5 de Outubro de 1922 foi elevado a Grande-Oficial da Ordem Militar de São Bento de Avis.[6] Foi também Oficial com Distintivo Branco da Ordem do Mérito Militar de Espanha.

Referências

  1. a b c Reis, José Mendes dos (1873-1970).
  2. a b c Loriga: Figuras.
  3. Arquivo Histórico Militar, 1914. AHM 2/2/021/012 – "Relatório sobre o combate de Naulila pelo Capitão José Mendes dos Reis, comandante do destacamento", Lisboa: s.n.
  4. A Revolta de Fevereiro de 1927 – Lisboa – a «Revolução do remorso».
  5. Junta Militar da Revolta da Madeira, 4 de Abril de 1931, ilha da Madeira.
  6. «Cidadãos Nacionais Agraciados com Ordens Portuguesas». Resultado da busca de "José Mendes dos Reis". Presidência da República Portuguesa. Consultado em 6 de abril de 2016