Mentalização

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Mentalização é um conceito psicológico que descreve a habilidade de compreender o comportamento próprio e de outros através da atribuição de estados mentais.[1] Mentalização pode ser vista como uma forma de atividade mental imaginativa, a qual nos permite perceber e interpretar o comportamento humano em termos de estados mentais intencionais (por exemplo, necessidades, desejos, sentimentos, crenças, metas, propósitos e razões).[2]

Enquanto a teoria da mente tem sido discutida em filosofia pelo menos desde Descartes, o conceito de mentalização emergiu na literatura psicanalítica no final da década de 1960, porém diversificou-se apenas no início da década de 1990, quando Simon Baron-Cohen, Uta Frith, e outros fundiram-na com pesquisas sobre déficits neurobiológicos que se correlacioname com o autismo e a esquizofrenia. Concomitantemente, Peter Fonagy e colegas aplicaram-na à psicopatologia do desenvolvimento no contexto das relações de apego que deram errado.[3] Mais recentemente, vários pesquisadores de saúde mental infantil, tais como Arietta Slade,[4] John Grienenberger,[5] Alicia Lieberman,[6] Daniel Schechter,[7] e Susan Coates[8] têm aplicado a mentalização tanto para a pesquisa sobre paternidade quanto para intervenções clínicas com pais, recém-nascidos e crianças.

Mentalização tem implicações para a teoria do apego bem como para o auto-desenvolvimento. De acordo com Peter Fonagy, indivíduos sem vinculação adequada (por exemplo, devido a abuso físico, psicológico ou sexual), podem ter maiores dificuldades no desenvolvimento de habilidades de mentalização. O histórico do apego determina parcialmente a força da capacidade de mentalização dos indivíduos. Indivíduos com base segura tendem a ter um cuidador primário "mentalizado", o que resulta em capacidades mais robustas para representar os estados de suas próprias mente, bem como a de outras pessoas. Uma exposição prematura à mentalização na infância pode servir para proteger o indivíduo de adversidades psicossociais.[2] [9]

Referências

  1. «UCL (Psychoanalysis Unit) Peter Fonagy's Homepage». Consultado em 26 de setembro de 2012. Arquivado do original em 31 de dezembro de 2007 
  2. a b «Psychotherapy for Borderline Personality Disorder. Workshop on Mentalisation Based Treatment. Anthony Bateman & Peter Fonagy» (PDF). Consultado em 12 de agosto de 2007. Arquivado do original (PDF) em 12 de agosto de 2007 
  3. Allen, J. P., Fonagy, P. (Eds.), Handbook of Mentalization-Based Treatment. Chichester, UK: John Wiley & Sons
  4. Slade, A. (2005). Parental reflective functioning: An introduction. Attachment and Human Development, 7(3), 269-283.
  5. Grienenberger JF, Kelly K, Slade A (2005). Maternal reflective functioning, mother-infant affective communication, and infant attachment: Exploring the link between mental states and observed caregiving behavior in the intergenerational transmission of attachment. Attachment & Human Development, 7(3), 299-311.
  6. Lieberman, A.F., Van Horn, P., Ippen, C.G. (2005). Towards evidence-based treatment: Child-parent psychotherapy with preschoolers exposed to marital violence. Journal of the American Academy of Child and Adolescent Psychiatry, 44, 1241-1248.
  7. Schechter DS, Myers MM, Brunelli SA, Coates SW, Zeanah CH, Davies M, Grienenberger JF, Marshall RD, McCaw JE, Trabka KA, Liebowitz MR (2006). Traumatized mothers can change their minds about their toddlers: Understanding how a novel use of videofeedback supports positive change of maternal attributions. Infant Mental Health Journal, 27(5), 429-448.
  8. Coates, S.W. (1998). Having a Mind of One's Own and Holding the Other In Mind. Psychoanalytic Dialogues, 8, 115-148.
  9. Mechanisms of change in Mentalization_Based_Treatment_on_patients_with_a_Borderline_Personality_Disorder|mentalization-based treatment of BPD. J Clin Psychol. 2006 Apr;62(4):411-30. Fonagy P, Bateman AW.