Miguel Maria Maximiliano de Bragança

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Pretendente
Miguel Maximiliano de Bragança
Miguel Maria Maximiliano de Bragança
Reivindicação
Título(s) Infante de Portugal e Duque de Viseu
Período 1909 – 1920
Predecessor Miguel Januário
Sucessor Duarte Nuno
Último monarca Manuel II
Ligação com o último monarca Primo em 5º grau
Dados pessoais
Nome completo Miguel Maria Sebastião Maximiliano Rafael Gabriel Gonzaga Francisco D'Assis e de Paula Eustáquio Carlos Afonso José Henrique Alberto Clemente Inácio Martinho António Gerardo Jorge Emmerich Maurício de Bragança
Nascimento 22 de setembro de 1878
Reichenau an der Rax, Áustria
Morte 21 de fevereiro de 1923 (44 anos)
Nova Iorque, Estados Unidos
Cônjuge Anita Stewart
Descendência Nadejda de Bragança
John de Bragança
Miguel de Bragança
Casa Casa de Bragança (Miguelista)
Pai Miguel Januário, Duque de Bragança
Mãe Isabel de Thurn e Taxis
Religião Catolicismo

Miguel Maximiliano de Bragança (Reichenau an der Rax, 22 de setembro de 1878Nova Iorque, 21 de fevereiro de 1923), foi o filho mais velho do pretendente miguelista ao trono português, Miguel Januário de Bragança e de sua primeira esposa, a princesa Isabel de Thurn e Taxis, tendo, em 1920, sido forçado a renunciar aos seus alegados direitos dinásticos e à sua sucessão ao trono português, por seu casamento com uma atriz americana.

Primeiros Anos[editar | editar código-fonte]

Miguel Maximiliano (de pé, à dir.) com o pai Miguel Januário e os irmãos Francisco José e Maria Teresa.

Miguel Maximiliano de Bragança nasceu em Reichenau an der Rax, no Império Austro-Húngaro, sendo o filho mais velho do pretendente Miguelista ao trono português, Miguel Januário de Bragança, e da sua primeira esposa, a princesa Isabel de Thurn e Taxis, sobrinha da imperatriz Isabel da Áustria. O pai do príncipe Miguel era o chefe do ramo não-reinante da Casa Real Portuguesa que se encontrava exilado do país. O exílio tinha acontecido devido a uma lei de expulsão de Portugal promulgada em 1834 e à constituição de 1838, ambas resultantes do facto de, em 1828, o seu avô D. Miguel ter usurpado o trono de Portugal da sua sobrinha, a rainha D. Maria II. O seu avô reinou até 1834, quando D. Maria II recuperou o trono.

Tal como o seu pai, Miguel seguiu uma carreira militar e prestou serviço do regimento de cavalaria da Saxónia. A 16 de Setembro de 1900, Miguel estava a regressar à sua cidade num faetonte depois de estar presente num jantar numa casa de campo, quando embateu contra a carruagem do príncipe Alberto da Saxónia, filho do príncipe Jorge e sobrinho do monarca reinante da Saxónia, Alberto - que era também seu primo direito. A colisão foi tão forte que a carruagem do príncipe Alberto se virou e caiu numa vala. O príncipe Alberto morreu algumas horas depois. Uma vez que não se conseguiu determinar se este acontecimento foi um acidente ou intencional, Miguel escapou a um julgamento, mas foi forçado a prescindir da sua comissão no exército e a deixar o país.[1]

Um ano depois, o príncipe causou mais controvérsia quando se descobriu que, quando o rei Carlos I de Portugal visitou o Reino Unido, Miguel entrou em Portugal com o objectivo de ajudar numa revolta contra o rei. Depois deste incidente ser descoberto, Miguel foi rejeitado socialmente pelas famílias reais.[2]

Casamento[editar | editar código-fonte]

A 9 de Julho de 1909, foi anunciado em Londres o noivado de Miguel com a atriz e herdeira americana Anita Stewart.[3] Anita Stewart era filha de William Rhinelander Stewart e Annie Armstrong. Depois de os seus pais se divorciarem em Agosto de 1906, a sua mãe casou-se com o milionário James Henry Smith.[3]

Miguel e Anita Stewart casaram-se no Castelo de Tulloch, perto de Dingwall, na Escócia, a 15 de Setembro de 1909. Foi o primeiro casamento real a ser celebrado na Escócia desde a época dos Stuarts.[4] Pouco antes do casamento, Anita Stewart recebeu o título de princesa de Bragança do sacro-imperador Francisco José I da Áustria.[5] Quando se casou, Miguel pôde manter o seu lugar na linha de sucessão uma vez que a lei portuguesa não contemplava casamentos morganáticos.[6]

Deste casamento nasceram três filhos: Nadejda, John e Miguel. Os filhos reivindicaram os títulos de príncipes e princesa até 1920, quando o casamento de Miguel foi declarado inválido em termos de sucessão.[7]

Últimos Anos[editar | editar código-fonte]

Depois do seu casamento, Miguel Maximiliano reivindicou o título de duque de Viseu do seu pai, apesar de o rei de Portugal, D. Manuel II, ainda estar vivo e reclamar o título para si próprio.[8] Pouco depois do seu casamento, Miguel foi processado por um sindicato que lhe tinha emprestado dinheiro alguns anos antes quando o príncipe passou por dificuldades financeiras. Depois de ter prometido pagar ao sindicato com um quinto do dote que recebeu do seu casamento, depois tentou pagar apenas a quantia que tinha pedido emprestada.[9] Apesar de ter pago o que devia à maior parte dos seus credores depois de se casar, alguns não ficaram satisfeitos e confiscaram mobília e outros bens, vendendo-os depois em leilão.[10]

Em 1911-1912, Miguel Maximiliano participou nas revoltas monarquistas em Portugal, conhecidas por Monarquia do Norte, lideradas por Henrique Mitchell de Paiva Couceiro que consistiram numa tentativa falhada de derrubar a República Portuguesa.[11] Também teve um papel activo na recolha de fundos para futuras revoltas.[12]

Miguel Maximiliano encontrou mais tarde trabalho em Londres, onde trabalhou como escrivão para um corrector na firma Basil Montgomery, Fitzgerald and co.[8] Depois de ter sido forçado a sair do exército, voltou ao mesmo para prestar serviço no corpo automóvel da Alemanha durante a Primeira Guerra Mundial, chegando à posição de capitão.[13]

Depois da guerra, a 21 de Julho de 1920, Miguel renunciou aos direitos de sucessão do trono português em seu nome e em nome dos seus descendentes. O seu pai também renunciou aos seus direitos dez dias depois, o que colocou a liderança da causa miguelista nas mãos do seu meio-irmão mais novo, Duarte Nuno. O príncipe Miguel mudou-se mais tarde para Nova Iorque onde vendeu seguros de vida até morrer de pneumonia que se seguiu a um ataque de gripe.[14][15]

Descendência[editar | editar código-fonte]

  1. Nadejda de Bragança (28 de Junho de 1910 - 13 de Junho de 1946), casada primeiro com Wlodzimierz Dorozynski, em 1930, de quem teve um filho antes de se divorciar em 1932. Casou-se pela segunda vez em Londres a 29 de Janeiro de 1942 com René Millet. Morreu devido a uma queda que, mais tarde, foi considerada como suicídio.
  2. John de Bragança (7 de Setembro de 1912 - 12 de Março de 1991), licenciado pela Universidade de Harvard, prestou serviço militar na Marinha dos Estados Unidos durante a Segunda Guerra Mundial, tornando-se depois vice-presidente e tesoureiro da Rhinelander Real Estate Company e um banqueiro de investimento. Casou-se primeiro em Nova Iorque com Winifred Dodge Seyburn (neta do pioneiro da industria automóvel de Detroit, John Dodge), de quem teve um filho, Miguel, antes de se divorciar em 1953. Casou-se uma segunda vez, a 15 de Maio de 1971, com Katherine King.
  3. Miguel de Bragança (8 de Fevereiro de 1915 - 7 de Fevereiro de 1996), trabalhou como piloto de aviação civil e casou-se, a 18 de Novembro de 1946 com Anne Hughson, de quem teve duas filhas.

Genealogia[editar | editar código-fonte]

Os antepassados de Miguel, Duque de Viseu em três gerações
Miguel Maria Maximiliano de Bragança Pai:
Miguel Januário de Bragança
Avô paterno:
Miguel I de Portugal
Bisavô paterno:
João VI de Portugal
Bisavó paterna:
Carlota Joaquina de Bourbon
Avó paterna:
Adelaide de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg
Bisavô paterno:
Constantino de Löwenstein-Wertheim-Rosenberg
Bisavó paterna:
Inês de Hohenlohe-Langenburg
Mãe:
Isabel de Thurn e Taxis
Avô materno:
Maximiliano António de Thurn e Taxis
Bisavô materno:
Maximiliano Carlos de Thurn e Taxis
Bisavó materna:
Guilhermina de Dörnberg
Avó materna:
Helena Carolina da Baviera
Bisavô materno:
Maximiliano, duque da Baviera
Bisavó materna:
Luísa Guilhermina da Baviera

Referências

  1. A Veteran Diplomat (1909-07-18). "Where Americans Lose Caste". New York Times. p. SM2.
  2. "The Throne of Portugal. The man who wants to be king", Evening Post, Volume LXXIV, Número 72, 21 de Setembro de 1907, Pág. 12. Consultado a 4 de Novembro de 2013.
  3. a b "Anita Stewart Will Wed Prince Miguel". New York Times. 1909-09-07. p. 1.
  4. "Portuguese Prince Married". Evening Post. 17 de Setembro de 1909. p. 71.
  5. "Miss Stewart A Princess". New York Times. 1909-07-10. p. 1.
  6. "Miss Stewart Weds; Holds To Her Faith". New York Times. 1909-09-16. p. 1.
  7. Sainty, Guy Stair. "[1]". Chivalric Orders.
  8. a b "Braganza A Broker's Clerk". New York Times. 1911-01-17. p. 1.
  9. "Braganza Sued For Million". New York Times. 1909-12-07. p. 1.
  10. "Braganza's Effects Seized". New York Times. 1910-02-09. p. 1.
  11. de Saisseval, Guy Coutant (1966). Les Maisons Impériales et Royales d'Europe. Éditions du Palais-Royal. p. 427.
  12. "Braganza Gets $10,000,000". New York Times. 1911-11-14. p. 6.
  13. "Prince Miguel Promoted". New York Times. 1917-05-20. p. 11.
  14. "Royal Prince Sells Life Insurance Here". New York Times. 1923-01-03. p. 1.
  15. "Prince Miguel Dies From Pneumonia". New York Times. 1923-02-22. p. 15.

Ver também[editar | editar código-fonte]