Milícias privadas no Iraque

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Exército iraquiano e Hashed al-Shaabi (Forças de Mobilização Popular do Iraque) lutando contra o Estado Islâmico na província de Saladino (2015).

O termo milícia no Iraque contemporâneo refere-se a grupos armados que combatem em nome ou como parte do governo iraquiano, sendo o Exército Mahdi e a Organização Badr dois dos maiores. Muitos são anteriores à queda de Saddam Hussein, mas alguns surgiram desde então, como o Serviço de Proteção das Instalações.

Desde o colapso de 2014 do exército iraquiano no norte do Iraque contra o Estado Islâmico do Iraque e do Levante, e a fatwa do aiatolá Ali al-Sistani pedindo a jihad ou hashad shaabi ("mobilização popular") [1] contra o Estado Islâmico, as milícias tornaram-se ainda mais proeminentes no Iraque. [2]

Sustentação[editar | editar código-fonte]

De acordo com Eric David, professor de política do Oriente Médio na Universidade Rutgers, "Eles ganham algum salário, ganham um rifle, ganham um uniforme, têm a ideia de pertencimento, proteção de um grupo." No entanto, ele também observa que "As pessoas no [Exército Mahdi] só obtêm rendas esporádicas. Também é muito perigoso. Você pode estar lutando contra outra milícia, como a Organização Badr, ou pior, o exército americano ou o exército iraquiano." [3] Afirma-se que o Irã está apoiando as milícias. [4]

As milícias também receberam armas estadunidenses, que lhes foram entregues pelo governo iraquiano. [5]

Lista de milícias[editar | editar código-fonte]

Governo iraquiano[editar | editar código-fonte]

Nouri al-Maliki pediu aos partidos políticos que desmantelassem suas milícias em 5 de outubro de 2006. [9] Salientou ainda que as milícias são "parte do governo", que há uma "solução política" e, por fim, que deveriam "dissolver-se" porque "a força não funcionaria". [10] Ele atribuiu a violência sectária a "al-Qaeda no Iraque". [10] Também condenou os "leais a Saddam Hussein". [11] Isso levou a crescentes preocupações sobre a relutância de al-Maliki em eliminar as milícias xiitas. [12]

O Exército Mahdi, um grupo ligado ao clérigo xiita iraquiano Muqtada al-Sadr, foi considerado responsável por "assassinatos em estilo de execução" de 11 soldados iraquianos em agosto de 2006. Na época, alguns oficiais estadunidenses postulavam que as milícias eram uma ameaça mais séria à estabilidade do Iraque do que a insurgência sunita.[13] Além disso, as tropas da coalizão liderada pelos EUA foram "informadas de que não deveriam interferir em Sadr City porque Maliki depende de Sadr, o Exército Mahdi."[14] No entanto, no final de janeiro de 2007, Maliki reverteu sua decisão.[15]

O Conselho Supremo Islâmico do Iraque recusou-se a reconhecer a própria milícia, a Organização Badr. [9]

Visões[editar | editar código-fonte]

Apoio[editar | editar código-fonte]

Devido ao colapso de alguns segmentos do exército iraquiano pela ofensiva do Estado Islâmico, a atividade das milícias que lutam contra o grupo é amplamente apoiada pela maioria xiita no país, e muitos entre a minoria sunita. [16][17]

Crítica[editar | editar código-fonte]

De acordo com o ex-embaixador dos Estados Unidos no Iraque Zalmay Khalilzad "a existência de milícias privadas" tem se mostrado "um problema persistente".[18]

Brett H. McGurk, Diretor para o Iraque, do Conselho de Segurança Nacional declarou: "A constituição iraquiana deixa claro que as milícias são ilegais e a nova plataforma do governo promete desmobilizar as milícias como um de seus principais objetivos ... [As] milícias privadas ... pretendem fazer cumprir a lei religiosa por meio de tribunais ilegais. "[19]

O senador norte-americano Ted Kennedy disse: "A violência sectária entre xiitas e sunitas está sendo alimentada pelas milícias privadas e é agora a maior ameaça à estabilidade." [20] Além disso, o senador norte-americano John Warner instou a Casa Branca a incitar Nouri al-Maliki a capacitar o exército iraquiano para subjugar as milícias e declarou: "É trabalho deles, não das forças da coalizão dos EUA subjugar e se livrar dessas milícias privadas". [21]

De acordo com Donatella Rovera, conselheira sênior de resposta à crise da Amnistia Internacional, no final de 2014, "Os crimes cometidos por milícias xiitas em todo o Iraque correspondem a crimes de guerra. Não são casos isolados. São sistemáticos e generalizados". Esses crimes têm como alvo a população sunita, [22] incluindo limpeza étnica em áreas sunitas,[5] particularmente em torno de Bagdad Belts e da província de Diyala. [23]

O oficial norte-americano, Ali Khedery, criticou o envolvimento dos Estados Unidos com as milícias, afirmando: "Os Estados Unidos agora estão agindo como a força aérea, o arsenal e a cobertura diplomática para as milícias iraquianas que estão cometendo alguns dos piores abusos dos direitos humanos no planeta. Esses são "aliados" que na verdade estão em dívida com nosso inimigo estratégico, a República Islâmica do Irã, e que frequentemente recorrem às mesmas táticas vis que o próprio Estado Islâmico."[24]

De acordo com o The Economist, "as milícias que o Irã está patrocinando são, de certa forma, a imagem espelhada dos jihadistas sunitas do Estado Islâmico (EI)." [25]

Referências

  1. According to another source "Hashed al-Sha'abi" is the name for "the coalition of militias which are now doing most of the fighting against Isil outside Kurdish areas" (source: «The Americans Cannot Save Ramadi, Says Leader of Iraq's Most Powerful Shia Militia». Daily Telegraph. 1 de Junho de 2015 )
  2. Pelham, Nicolas (4 de junho de 2015). «ISIS & the Shia Revival in Iraq». New York Review of Books 
  3. Economic Development Can Help Curb Violence in Iraq, Expert Says - Luring away from militias, PBS
  4. Kuwaiti MP Dr. Walid Al-Tabtabai: I Don't Think It Is True that the Iranian Nuclear Project Is for Energy Purposes
  5. a b Josh Rogin; Eli Lake (8 Jan 2015). «Iran-Backed Militias Are Getting U.S. Weapons». Bloomberg 
  6. Iran's new strategy: Iraqi ghost militias?, dailysabah.com/
  7. Who Changed the Rules? - EMET | Endowment for Middle East Truth
  8. Kata'ib al-Ghadab: An Armed Wing of the Islamic Da'wah Party (Tanẓim al-Dakhil)
  9. a b Iraq political groups warned on militias AP via Yahoo! News 5 de outubro de 2006
  10. a b Rice Urges Greater Effort to Stem Violence in Surprise Baghdad Visit Voice of America 5 de outubro de 2006
  11. Dozens Killed in Baghdad Bombing Voice of America (12 de dezembro de 2006)
  12. Iraq plan 'fails to impress': US concerns BBC News 3 de outubro de 2006
  13. U.S. Coalition Kills 30 Shiite Fighters AP 8 de outubro de 2006
  14. MTP Transcript for Jan. 7, 2007 - Meet the Press, online at NBC News - nbcnews.com
  15. Officials: U.S. intel spurs shift by al-Maliki
  16. Iraqi Sunnis join Shiite Militias
  17. Anbar tribes form first Sunni militia to fight ISIS
  18. Khalilzad: Crackdown under review CNN 11 de Julho de 2006
  19. Ask the White House 10 de Abril de 2006
  20. Senator Kennedy on "Mission Accomplished" and Supplemental Funding TedKennedy.com
  21. Lawmakers to Bush: Push Iraq on Militias Associated Press 22 de outubro de 2006
  22. Think the Islamic State is bad? Check out the 'good guys', globalpost.com. Tracey Shelton |17 de outubro de 2014
  23. Inside Iraq’s ‘killing zones’ Arquivado em 2014-12-19 no Wayback Machine, saudigazette.com.sa.
  24. ALI KHEDERY (19 Fevereiro 2015). «Iran's Shiite Militias Are Running Amok in Iraq». FP 
  25. «America, Israel and Iran: The ire over Iran». The Economist. 28 Mar 2015 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]