Miriam Mehler

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Miriam Mehler
Outros nomes Mírian Mehler
Nascimento 15 de setembro de 1935 (88 anos)
Barcelona, Espanha
Nacionalidade espanhola
brasileira
Residência São Paulo, SP
Ocupação Atriz e dubladora
Atividade 1955-presente
Cônjuge Cláudio Marzo (c. 1964–67)
Perry Salles (c. 1968–72)
Ênio Gonçalves (c. 1974–76)
Outros prêmios
Lista

Miriam Mehler (Barcelona, 15 de setembro de 1935) é uma atriz e dubladora espanhola, naturalizada brasileira.[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Filha de judeus, estes fugiram em 1930 para Barcelona, na Espanha, onde a atriz nasceu em 1935, por causa da perseguição nazista na Alemanha, onde seus pais viviam. A família mudou-se para o Brasil quando a atriz tinha três anos de idade, em 1938, fixando residência em São Paulo.[2]

Foi casada com o ator Cláudio Marzo de 1964 até 1967, com o ator Perry Salles de 1968 a 1972, com quem teve seu único filho, Rodrigo Mehler Salles, nascido em 1969 e falecido em 1990 em um acidente de moto. Seu terceiro e último marido foi o ator Ênio Gonçalves, com quem permaneceu junto de 1974 a 1976. Após a separação manteve outros relacionamentos, mas não quis casar-se novamente.[3]

Formou-se pela Escola de Arte Dramática (EAD), em 1957. Miriam integrou a montagem de Eles Não Usam Black-Tie, em 1958, peça de Gianfrancesco Guarnieri. No mesmo ano, no Teatro Brasileiro de Comédia (TBC), está no elenco de em Um Panorama Visto da Ponte, prestigiada montagem de Alberto D'Aversa. Ainda em 1958, ganha o Prêmio Associação Paulista de Críticos Teatrais (APCT), de atriz revelação por A Lição, de Eugène Ionesco, sob a direção de Luís de Lima.

Em 1959, atuou em O Anjo de Pedra, de Tennessee Williams, dirigido por Benedito Corsi. No ano seguinte, faz uma incursão no Pequeno Teatro de Comédia, em As Feiticeiras de Salém, de Arthur Miller, malograda encenação de Antunes Filho. Em 1962, sob a direção de Flávio Rangel, integra o elenco de A Escada, de Jorge Andrade, encerrando sua estadia no TBC.

A partir de 1963 liga-se ao Teatro Oficina, participando de Quatro Num Quarto, de Valentin Kataev, direção de Maurice Vaneau; e Pequenos Burgueses, de Máximo Gorki, e Andorra, de Max Frisch, direções de José Celso Martinez Corrêa que a ajudam a firmar-se no panorama artístico paulistano.

Numa experiência inovadora, percorre sindicatos com a montagem de Quando As Máquinas Param, bem-sucedido espetáculo de Plínio Marcos, em 1967 e 1968. No ano seguinte, juntamente com seu marido Perry Salles, constrói o Teatro Paiol, nele estreando À Flor da Pele, texto que lança a dramaturga Consuelo de Castro, em encenação de Flávio Rangel. Com o mesmo diretor obtém, no ano seguinte, grande sucesso em Abelardo e Heloísa, texto de Ronald Millar, que trata da conflituosa relação dos amantes medievais condenados pela moral da época.

Em 1974, sob a condução de Antunes Filho, cria a Ritinha de Bonitinha, mas Ordinária, em São Paulo, texto de Nelson Rodrigues que acrescenta novo trunfo em sua carreira. No mesmo ano, Greta Garbo, Quem Diria, Acabou no Irajá, ao lado de Raul Cortez, é uma oportunidade de comédia propiciada pelo texto de Fernando Mello. Em 1975, aceitando uma sugestão de Ademar Guerra, produz e interpreta Salva, de Edward Bond, montagem impactante que não conhece o calor da platéia.

Melhor sorte lhe reserva, ainda em 1975, participando de Absurda Pessoa, de Alan Ayckbourn, cuja direção de Renato Borghi contribui para levar o empreendimento a bom termo; e integrando Um Grito Parado no Ar, de Gianfrancesco Guarnieri, com direção de Fernando Peixoto, numa produção da companhia de Othon Bastos, texto representante do teatro de resistência.

Em 1976 defronta-se com outra significativa criação, a montagem de Emílio Di Biasi para A Moratória, de Jorge Andrade. O Diário de Anne Frank, de Frances Goodrich e Albert Hackett, em 1977, com direção de Antônio Mercado, volta a comover as platéias. Com o mesmo diretor, em 1978, produz e interpreta O Grande Amor de Nossas Vidas, de Consuelo de Castro.

Em 1985, novamente sob o comando de Flávio Rangel, produz e interpreta A Herdeira, baseado na novela de Henry James.

Com Emílio Di Biasi volta a envolver-se em duas criações acima da média: Doce Privacidade, inteligente texto de Noel Coward, em 1986 e em 1987, O Tempo e a Vida de Carlos e Carlos. Oportunidades asseguradas para exprimir seu talento, Miriam encontra em O Tributo, de Bernard Slade, direção de Antônio Mercado, em 1987; Cara e Coroa, de A. R. Gurney, em 1988, direção de José Renato e, em 1990, numa nova montagem de Pequenos Burgueses, desta feita conduzida por Jorge Takla. Sob a direção de Sérgio Mamberti volta ao contexto dramático nacional, em Luar em Branco e Preto, obra de Lauro César Muniz encenada em 1992.

Integra espetáculos com tendências experimentais e preocupações com a linguagem artística: Dindinho Coração da Mamãe, texto de Ilder Miranda que encontra em Roberto Lage um sensível encenador, 1993; El Dia Em Que Me Quieras, de José Ignácio Cabrujas, venezuelano que trata da saga de Carlos Gardel, direção de Antônio Mercado, 1994, e Mary Stuart, de Schiller, montagem de Gabriel Villela, que destaca Renata Sorrah e Xuxa Lopes nos desempenhos centrais, 1996. Em 1998 a atriz defronta-se com a última criação de Arthur Miller, Vidros Partidos, em delicada criação conduzida por Iacov Hillel.

A atriz participou de inúmeras montagens no Teatro de Arena e ao Teatro Oficina e trabalhou em incontáveis telenovelas na televisão brasileira. Miriam fundou o Teatro Paiol, onde produziu montagens significativas nos anos 1970 e 1980.

Filmografia[editar | editar código-fonte]

Televisão[editar | editar código-fonte]

Ano Título Personagem Notas Emissora
1957 Grande Teatro Tupi Episódio: "Anúncio Feito à Maria" Rede Tupi
1958 Episódio: "Capitão Veneno"
Episódio: "Iaiá Garcia"
Sétimo Céu Diana
1959 Mulherzinhas
Grande Teatro Tupi Episódio: "Os Espectros"
1963 Família Walita Filha
1964 Marcados pelo Amor Lisa RecordTV
1965 A Grande Viagem Elisa TV Excelsior
E a Primavera Chegou
Somos Todos Irmãos Alice RecordTV
1966 Redenção Ângela TV Excelsior
1967 Paixão Proibida Dorotéia Rede Tupi
1968 Ana Sônia RecordTV
1969 A Cabana do Pai Tomás Bárbara Rede Globo
1970 Tilim Lina RecordTV
1971 Editora Mayo, bom dia Cláudia
1972 O Príncipe e o Mendigo Lady Edith
1976 Planeta dos Homens Rede Globo
1978 O Direito de Nascer Graziela Rede Tupi
1980 Drácula, uma História de Amor Beata Lupércia
1982 Os Imigrantes - Terceira Geração Renata Rede Bandeirantes
1983 Braço de Ferro Fátima
1988 Vida Nova Fanny Rede Globo
1989 Cortina de Vidro Sílvia SBT
1990 A História de Ana Raio e Zé Trovão Rede Manchete
1991 Mundo da Lua Princesa Isabel Episódio: "A Pluma da Princesa Isabel" TV Cultura
1994 As Pupilas do Senhor Reitor Rosa SBT
1996 Colégio Brasil Olga
1997 Canoa do Bagre Albertina RecordTV
1998 Fascinação Guiomar SBT
2002 Pequena Travessa Helena Miranda
2004 A Escrava Isaura Gioconda Albuquerque RecordTV
2006 Cristal Purificação SBT
2009 Tudo Novo de Novo Helena Rede Globo
2011 Insensato Coração Lurdes
Força-Tarefa Dona Norma Episódio: "10 de novembro"
2016 O Negócio Bibi Episódio: "Biografia" HBO Brasil
2017 A Grande Viagem Senhora alemã 1 episódio [4] TV Brasil
2023 Companhias do Teatro Brasileiro Ela mesma Episódio: "Teatro de Arena" Curta!

Cinema[editar | editar código-fonte]

Ano Título Personagem Notas
1960 Cidade Ameaçada
1968 O Bandido da Luz Vermelha Vitima
1969 A Cama ao Alcance de Todos A Esposa
1970 Juliana do Amor Perdido
1974 Mestiça, a Escrava Indomável Mimosa
1980 Ato de Violência Psicóloga
1982 Dôra Doralina Mulher
2007 Chega de saudade Nice
2011 Beatriz e a Velha Senhora Senhora Curta-metragem
2012 Entre Nós Jeanete
2014 Ruído de Passos Cândida Raposo[5]
2018 Querido Embaixador Elise Stern[6]
2022 Cordialmente Teus Guiomar[7]
As Aparecidas Amiga Em pós-produção

Teatro[8][editar | editar código-fonte]

  • O Anúncio Feito a Maria (1955)
  • As Três Irmãs (1956)
  • Quatro Pessoas Passam Enquanto as Lentilhas Cozinham (1957)
  • Os Apaixonados Pueris (1957)
  • A Bilha Quebrada (1957)
  • Eles Não Usam Black-Tie (1958)
  • Um Panorama Visto da Ponte (1958)
  • Rua São Luiz, 27 - 8º Andar (1958)
  • Á Margem da Vida (1958)
  • A Lição (1958)
  • O Anjo de Pedra (1959-1960)
  • Idade Perigosa (1960)
  • As Feiticeiras de Salém (1960)
  • De Repente no Verão Passado (1960-1961)
  • A Escada (1961)
  • Quatro num Quarto (1962)
  • As Visões de Simone Machard (1962)
  • Eles Não Usam Black-Tie (1962)
  • Pequenos Burgueses (1963)
  • Toda Donzela Tem Um Pai que É Uma Fera (1964)
  • Andorra (1964)
  • Amoresque (1965)
  • Toda Donzela Tem Um Pai que É Uma Fera (1965)
  • Quatro num Quarto (1967)
  • Quando as Máquinas Param (1967-1968)
  • À Flor da Pele (1969, 1973)
  • Abelardo e Heloísa (1971-1972)
  • Rio de Janeiro - Verso e Reverso (1971)
  • Bonitinha, mas Ordinária (1974)
  • Greta Garbo, Quem Diria, Acabou no Irajá (1974)
  • Salva (1974-1975)
  • Absurda Pessoa (1975)
  • Um Grito Parado no Ar (1975)
  • O Leito Nupcial (1976)
  • Os Parceiros (1976-1977)
  • O Diário de Anne Frank (1977)
  • O Grande Amor de Nossas Vidas (1978)
  • Tem Um Psicanalista na Nossa Cama (1980)
  • Viva Sem Medo Suas Fantasias Sexuais (1982)
  • O Leito Nupcial (1983)
  • A Noite das Mal Dormidas (1983)
  • Não Explica que Complica (1984)
  • A Herdeira (1985)
  • Doce Privacidade (1986)
  • Liberdade, Liberdade (1987)
  • O Tempo e a Vida de Carlos e Carlos (1987)
  • Tributo (1987)
  • Cara e Coroa (1988)
  • Pequenos Burgueses (1990)
  • Luar em Preto e Branco (1992)
  • Dindinho do Coração da Mamãe (1993)
  • El Dia Em Que Me Quieras (1994)
  • Mary Stuart (1996)
  • Vidros Partidos (1998)
  • Visão Cega (2000)
  • Nossa Vida em Família (2002)
  • Diálogo com a Mãe (2003)
  • Bidu Sayão: Uma Homenagem (2004)
  • Eu Estava em Minha Casa e Esperava que a Chuva Chegasse (2007)
  • Mãe É Karma! (2009)
  • A Última Sessão (2014-2015)
  • Fora do Mundo (2017)
  • A Porta da Frente (2018)
  • Romeu & Julieta 90 (2019)
  • A Herança (2023)

Prêmios e indicações[editar | editar código-fonte]

Ano Premiação Nomeação Obra Resultado Ref
1958 APCA Melhor Atriz Revelação A Lição Venceu
1966 Troféu Imprensa Melhor Atriz Coadjuvante Redenção Venceu
Melhor Atriz Redenção Indicado
2009 Festival de Cinema de Cartagena Melhor Atriz Coadjuvante Chega de Saudade Venceu
2017 Prêmio Shell Melhor Atriz Fora do Mundo Venceu [9] [10] [11]
2022 Prêmio APTR Homenagem Conjunto da Obra Venceu [12]
2023 Prêmio Bibi Ferreira Melhor Atriz Coadjuvante A Herança Venceu [13]

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Ledesma, Vilma,Miriam Mehler: sensibilidade e paixão -Coleção Aplauso - Ed.Imprensa Oficial do Estado de São Paulo.
    Miriam Mehler debate Literatura, TV e Teatro em homenagem ao Dia da Mulher, na Livraria da Vila, no Shopping Cidade Jardim.
    ISBN 12.0.813.111 [14]

Referências

  1. Itaú Cultural. «Mehler, Miriam (1935)». 22 de julho de 2011. Consultado em 25 de abril de 2012 
  2. [[1]]
  3. Aplauso
  4. «Personagens da série "A Grande Viagem" conhecem história da Alemanha». EBC. Consultado em 29 de maio de 2020 
  5. «Ruído de Passos». Porta Curtas. Consultado em 11 de fevereiro de 2019 
  6. «Querido Embaixador». Globo Filmes. Consultado em 21 de julho de 2017 
  7. «Cordialmente Teus». adorocinema.com. Consultado em 23 de setembro de 2022 
  8. «Espetáculos de Miriam Mehler». enciclopedia.itaucultural.org.br. Consultado em 20 de maio de 2022 
  9. «Prêmio Shell de Teatro divulga indicados do segundo semestre de 2016 em São Paulo». Veja SP. Consultado em 21 de julho de 2017 
  10. «Homenagem ao ator Antônio Fagundes e protestos marcam Prêmio Shell». JC Online. Consultado em 21 de julho de 2017 
  11. «Saiba quem ganhou o Prêmio Shell de Teatro». Blog do Arcanjo. Consultado em 21 de julho de 2017 
  12. «Miriam Mehler e Suely Franco serão homenageadas em prêmio de teatro». metropoles.com. Consultado em 11 de janeiro de 2024 
  13. «Décimo Prêmio Bibi Ferreira elege melhores do teatro nacional; veja vencedores». revistaquem.globo.com. Consultado em 11 de janeiro de 2024 
  14. «Miriam Mehler: sensibilidade e Paixão». Imprensa Oficial. Consultado em 4 de novembro de 2016 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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