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Morpho (género)

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 Nota: Para o personagem de banda desenhada, veja Morfo.
Como ler uma infocaixa de taxonomiaMorpho
Morpho didius
Morpho didius
Classificação científica
Domínio: Eukaryota
Reino: Animalia
Sub-reino: Eumetazoa
Superfilo: Deuterostomia
Filo: Arthropoda
Subfilo: Hexapoda
Classe: Insecta
Subclasse: Pterygota
Ordem: Lepidoptera
Família: Nymphalidae
Subfamília: Morphinae
Gênero: Morpho
Fabricius, 1807
Subgéneros e Espécies
Ver Texto

Morpho é um gênero de borboletas predominantemente azuis, classificadas na família Nymphalidae, que vivem nas florestas tropicais da América central e da América do Sul: Brasil, Costa Rica, Guiana e Venezuela mas também no México. A aparência distinta das borboletas torna-as, em certa parte, facilmente reconhecíveis devido ao conspícuo e iridescente azul-metálico originado não por pigmentação mas sim pela reflexão da luz de um modo particular visto em várias espécies. As borboletas morpha podem ir de uma envergadura de pouco mais de 7 cm até a uns impressionantes 20 cm.

Lista de espécies

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Subgénero Iphimedeia

Subgénero Iphixibia Le Moult & Réal 1962

Subgénero Cytheritis Le Moult & Réal 1962

Subgénero Balakowskiana

Subgénero Cypritis Le Moult & Réal 1962

Subgénero Pessonia Le Moult & Réal 1962

Subgénero Grasseia Le Moult & Réal 1962

Subgénero Morpho Fabricius, 1807

Muitas das borboletas morpho apresentam azuis e verdes de um brilhante tom metálico. Estas cores não se formam por pigmentação mas sim por iridescência através de coloração estrutural: as microscópicas escamas que compõem as suas asas reflectem repetidamente a luz incidente em várias camadas sucessivas, criando efeitos de interferência que dependem em ambos o comprimento de onda e ângulo de incidência/observação.[1] Deste modo, as cores produzidas variam com o ponto de observação, contudo, são consideravelmente uniformes, talvez porque as suas escamas estão estruturadas como tetraedros, ou talvez devido a difracção nas camadas celulares inferiores. A estrutura lamelar das asas destas borboletas foi estudada como modelo para desenvolvimento de tecido bio-mimético, tintas sem corantes e tecnologia anti-falsificação para uso em notas.

As lamelas iridescentes estão presentes apenas na parte superior das asas, deixando a parte inferior predominantemente castanha. Essa mesma parte está decorada com regiões circulares maioritariamente escuras (estas sim pigmentadas como outras espécies da família) denominadas de ocelli. Em alguns membros do género, como M. godarti, as lamelas dorsais são tão finas que os ocelli podem ser vistos através delas. Embora nem todas as borboletas morpho exibam cores iridescentes, todas elas têm ocelli. Na maioria das espécies apenas os machos são fortemente coloridos, o que corrobora a teoria que a coloração é usada para comunicação intra-sexual entre eles. As lamelas reflectem até 70% da luz incidente, incluindo UV. Pensa-se que os olhos destas borboletas possuem alta sensibilidade à luz ultravioleta e que deste modo os machos conseguem ver-se uns aos outros a longas distâncias. Algumas espécies sul-americanas foram reportadas como visíveis até extensões de um quilómetro.

Contudo, nem todos estes insectos são azuis, existem um número de outras espécies dotadas de laranjas-torrados, fulvos ou castanhos-escuros (M. hecuba, M. telemachus). Certas espécies são principalmente brancas, entre elas M. catenarius e M. laertes. Uma invulgar borboleta morpho que é fundamentalmente branca, mas que exibe um esplêndido purpura de pérola juntamente com um verde iridescente é a rara M. sulkowskyi. Algumas espécies dos Andes são pequenas e delicadas (M. lympharis). Entre as que possuem azuis metálicos, M. rhetenor destaca-se como a mais brilhante, com M. cypris relativamente semelhante. Esta última é notável pois os espécimenes que são montados em colecções exibem diferentes cores nas suas asas quando não são colocados numa posição completamente plana.

  • Habitat: Amazónia e Mata Atlântica. Também adaptadas a uma larga variedade de florestas, por exemplo, as florestas caducas da Nicarágua.
  • As morpho podem ser encontradas desde o nível do mar até cerca de 1 400m.

As morpho antigamente eram muito comuns nas cidades grandes (exemplo: Rio de Janeiro), porém elas eram mortas e as colocavam em uma bandeja (a borboleta azul de bandeja), por este motivo, hoje nas cidades grandes elas não existem, existem apenas em reservas naturais ou áreas bem arborizadas em cidades pequenas (como em MG, Caxambu, no Parque das Águas).

Biologia geral

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  • São borboletas diurnas, os machos passam as manhãs em patrulha ao longo de cursos e rios. São territoriais e entrarão em perseguição de qualquer rival. Mas é comum estarem sós, exceto na época de acasalamento.
  • Embora as morpho sejam comestíveis, algumas espécies (como M. amathonte) possuem destreza em voo: mesmo os predadores, aves, com maior eficácia na caça de borboletas têm dificuldades em apanha-las.[2] A conspícua coloração azul comum à maioria das espécies pode representar um caso de mimetismo Mülleriano,[3] ou talvez de aposematismo.[4]
  • Os ocelli na parte inferior das asas de ambos os sexos podem ser uma forma de auto-mimetismo, onde as regiões circulares no corpo de um animal se assemelham a um olho de um outro para iludir um possível predador (ou até mesmo presa); para atrair a atenção de um predador para longe das áreas mais vulneráveis do corpo; ou para aparecer como um animal não comestível ou até mesmo perigoso.[5]
  • Predadores destas borboletas incluem aves, rãs e lagartos.

Ciclo de vida

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As larvas eclodem de ovos parcialmente verdes. Estas podem ter, dependendo da espécie, corpos castanho-avermelhados com manchas ou marcas, na parte superior, de um verde vivo ou amarelo. As pequenas estruturas semelhantes a pêlos que possuem causam irritação na pele, e quando perturbadas libertam um forte odor proveniente de glândulas na tórax (possuindo contudo outras para outros efeitos). As lagartas, alimentando-se de diferentes plantas dependendo da espécie, tal como outras borboletas, passam por cinco estágios larvais, tornando-se de seguida uma crisálida: esta, de coloração predominantemente verde, emite um repulsivo som ultra-sónico quando perturbada, passando todo o seu tempo, até eclosão, pendurada de um ramo ou outra estrutura da planta. No total, o ciclo ronda os 115 dias, de ovo até adulto.[6][7][8]

Imagens de diferentes tipos de borboletas morpho.

  • Blandin, P. 2007. The Systematics of the Genus Morpho, Lepidoptera Nymphalidae. Hillside Books, Canterbury.[2]
  • Blandin, P. 1988. The genus Morpho, Lepidoptera Nymphalidae. Part 1. The subgenera Iphimedeia and Schwartzia. Sciences Nat, Venette.
  • Blandin, P. 1993. The genus Morpho, Lepidoptera Nymphalidae. Part 2. The subgenera Iphixibia, Cytheritis, Balachowskyna, and Cypritis. Sciences Nat, Venette.
  • Blandin, P. 2007. The genus Morpho, Lepidoptera Nymphalidae. Part 3. The Subgenera Pessonia, Grasseia and Morpho and Addenda to Parts 1 & 2. Hillside Books, Canterbury.[3]

Referências

  1. P. Vukusic, J.R. Sambles, C.R. Lawrence, and R.J. Wootton (1999). «Quantified interference and diffraction in single Morpho butterfly scales» (PDF). Proc. Roy. Soc. Lond. B. 266 (1427): 1403–11. doi:10.1098/rspb.1999.0794. Consultado em 12 de agosto de 2013. Arquivado do original (PDF) em 16 de julho de 2011 
  2. Young A.M. 1971. Wing colouration and reflectance in Morpho butterflies as related to reproductive behaviour and escape from avian predators. Oecologia 7, 209–222.
  3. Pinheiro, Carlos E. G. (1996) Palatability and escaping ability in Neotropical butterflies: tests with wild kingbirds (Tyrannus melancholicus, Tyrannidae). Biol. J. Linn. Soc. 59(4): 351–365. HTML abstract
  4. Edmunds M. 1974. Defence in Animals: a survey of anti-predator defences. Harlow, Essex and NY: Longman. ISBN 0-582-44132-3. On p255–256 there is a discussion of 'pursuit aposematism':
    "Young suggested that the brilliant blue colours and bobbing flight of Morpho butterflies may induce pursuit... Morpho amathonte is a very fast flier... It is possible that birds that have chased several unsuccessfully may learn not to pursue butterflies of that [type]... In one area, Young found that 80% of less brilliant species of Morpho had beak marks on their wings... but none out of 31 M. amathonte.
    "If brilliant colour was a factor in courtship, then the conflicting selection pressures of sexual selection and predator selection might lead to different results in quite closely related species".
  5. Stevens, Martin (2005). «The role of eyespots as anti-predator mechanisms, principally demonstrated in the Lepidoptera». Biological Reviews. 80 (4): 573–588. PMID 16221330. doi:10.1017/S1464793105006810 
  6. Greg Nussbaum Blue Morpho
  7. Luis M. Constantino Morpho amathonte
  8. "Fruhstorfer, H. 1913">Fruhstorfer, H. 1913. Family: Morphidae. In A. Seitz (editor), Macrolepidoptera of the world,vol. 5: 333–356. Stuttgart: Alfred Kernen.[1]