Motor Stirling
Motor Stirling é uma máquina térmica de ciclo fechado. É referido também como motor a ar quente, por utilizar os gases atmosféricos como fluido de trabalho. Obtém energia a partir de uma fonte externa de calor, que pode ser qualquer combustível (hidrocarbonetos, biomassa, álcool etc), a luz solar ou até mesmo uma xícara de chá ou o calor emitido pela palma das mãos.
Teoricamente, o motor Stirling possui uma alta eficiência energética. Alguns protótipos construídos pela empresa holandesa Philips nas décadas de 1950 e 1960 chegaram a índices de 45%, superando facilmente os motores a gasolina, diesel e as máquinas a vapor (eficiência entre 20% e 35%).
Hoje sua aplicação inclui, entre outras, geração de energia elétrica em sondas espaciais e em usinas solares de diversas capacidades.
Índice
História[editar | editar código-fonte]
Seu inventor foi o pastor escocês Robert Stirling[1] em 1816, auxiliado pelo seu irmão engenheiro.
No início do século XIX, as máquinas a vapor explodiam com muita frequência, em função da baixa tecnologia metalúrgica do material aplicado nas caldeiras, que se rompiam quando submetidas à alta pressão.
Sensibilizados com a dor das famílias dos operários mortos em acidentes, os irmãos Stirling procuraram conceber uma máquina mais segura.
O objetivo inicial deles foi a substituição do motor a vapor, com o qual o motor Stirling tem grande semelhança estrutural e teórica.
Funcionamento[editar | editar código-fonte]
Este tipo de motor funciona com um ciclo termodinâmico composto de 4 fases e executado em 2 tempos do pistão: compressão isotérmica (=temperatura constante), aquecimento isocórico (=volume constante), expansão isotérmica e arrefecimento isocórico. Este é o ciclo ideal (válido para gases perfeitos), que diverge do ciclo real medido por instrumentos. Não obstante, encontra-se muito próximo do chamado Ciclo de Carnot, que estabelece o limite teórico máximo de rendimento das máquinas térmicas.
O motor Stirling surpreende por sua simplicidade, pois consiste de duas câmaras em diferentes temperaturas que aquecem e arrefecem um gás de forma alternada, provocando expansões e contrações cíclicas, o que faz movimentar dois êmbolos ligados a um eixo comum. A fim de diminuir as perdas térmicas, geralmente é instalado um "regenerador" entre as câmaras quente e fria, onde o calor (que seria rejeitado na câmara fria) fica armazenado para a fase seguinte de aquecimento, incrementando sobremaneira a eficiência termodinâmica.
O gás utilizado nos modelos mais simples é o ar (daí a expressão citada acima); hélio ou hidrogênio pressurizado (até 150kgf/cm2) são empregados nas versões de alta potência e rendimento, por serem gases com condutividade térmica mais elevada e menor viscosidade, isto é, transportam energia térmica (calor) mais rapidamente e têm menor resistência ao escoamento, o que implica menos perdas por atrito. Ao contrário dos motores de combustão interna, o fluido de trabalho nunca deixa o interior do motor; trata-se portanto de uma máquina de ciclo fechado.
Animações[editar | editar código-fonte]
![]() |
![]() |
![]() |
|
|
|
![]() |
![]() |
|
Com alternador linear. | Stirling da Philips (anos 50). |
Há 3 configurações básicas deste tipo de motor:
- Alfa - com cilindros em V; (1)
- Beta - com êmbolos co-axiais num mesmo cilindro (2)
- Gama - com cilindros em linha (ver links externos) (3).
Vantagens[editar | editar código-fonte]

Esse tipo de motor apresenta diversas vantagens: é pouco poluente pois a combustão é contínua, e não intermitente como nos motores Ciclo de Otto e Ciclo Diesel, permitindo uma queima mais completa e eficiente do combustível. Por isso é muito silencioso e apresenta baixa vibração (não há "explosão"). É verdadeiramente multi-combustível, pode utilizar praticamente qualquer fonte energética: gasolina, etanol, metanol, gás natural, óleo diesel, biogás, GLP, energia solar, calor geotérmico e outros. Basta gerar uma diferença de temperatura significativa entre a câmara quente e a câmara fria para produzir trabalho (quanto maior a diferença de temperatura, maior é a eficiência do processo e mais compacto o motor).
Desvantagens[editar | editar código-fonte]
A sua maior desvantagem na dificuldade de iniciar e variar sua velocidade de rotação rapidamente, sendo complicado o seu emprego em veículos como carros e caminhões, embora modelos de propulsão híbrida (eléctrico e motor térmico) possam ser viáveis. Também há problemas técnicos a serem resolvidos quanto ao sistema de vedação, que impede o vazamento do fluido de trabalho, particularmente quando se empregam gases inertes e leves (hélio, hidrogénio), difíceis de serem confinados sob alta pressão sem escaparem para o exterior. Alem disso, por ser uma tecnologia pouco difundida, os motores Stirling são mais caros, tanto na aquisição quanto na manutenção.
Um aperfeiçoamento do motor Stirling chamado de motor sónico[2] (eficiência de 18%), está em estudo para substituir os geradores termoeléctricos (eficiência de 7%), em uso actualmente nas sondas espaciais.
Ver também[editar | editar código-fonte]
- Armazenamento de energia em ar comprimido
- Energia pneumática
- Energia térmica
- Engenharia de energia
- Faculdade de Tecnologia Termomecânica
- Motor a ar comprimido
Referências
- ↑ (em inglês) Electricscotland Significant Scots. Biografia de Robert Stirling
- ↑ (em português) Feira de Ciências - Motor Sónico: O ar como massa vibrante
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- (em inglês) Reverend Robert Stirling D.D: A Biography of the Inventor of the Heat Economiser and Stirling Cycle Engine. Robert Sier. Editora L.A Mair, 1995. ISBN 0-9526417-0-4
- (em inglês) Stirling Engine Design Manual. William R. Martini. Editora University Press of the Pacific, 2004. ISBN 1410216047
- (em português) Dendroenergia: Fundamentos e Aplicações, 2ª Edição. Luiz Augusto Horta Nogueira, Electo Eduardo Silva Lora. Editora Interciência, 2003. ISBN 8571930775
- (em português) Manual de Tecnologia Automotiva - Tradução da 25ª Edição Alemã. Robert Bosch. Editora Edgard Blucher, 2005. ISBN 8521203780.
- (em português) Biomassa Para Energia. Luis A.B. Cortez, Edgardo Olivares Gomez, Electo Eduardo Silva Lora. Editora Unicamp, 2008. ISBN 8526807838
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- Animações
- Keveney (em inglês) motor tipo Alfa.
- MIT (em inglês) motor tipo Beta.
- NASA (em inglês) Beta com transmissão rômbica
- Aeria (em inglês) motor tipo Gama.
- Vídeos
- Trabalhos Acadêmico
- NREL/TP-550-47465 September 2010: CONCENTRATING SOLAR POWER: Best Practices Handbook for the Collection and Use of Solar Resource Data
- NASA/TM—2007-214806: Development of Advanced Stirling Radioisotope Generator for Space Exploration
- Fabricantes
- ltd-stirling (em inglês) CarlAero - miniaturas