Movimento Democrático de Libertação de Portugal
Movimento Democrático de Libertação de Portugal | |
---|---|
![]() | |
Datas das operações | 5 de maio de 1975 – 29 de abril de 1976 |
Líder(es) | António de Spínola |
Motivos | combate ao comunismo |
Área de atividade | ![]() |
Ideologia | Anticomunismo Nacionalismo português |
Status | Extinta |
O Movimento Democrático de Libertação de Portugal (MDLP) foi uma organização terrorista portuguesa ativa durante o período que se seguiu à revolução de 25 de abril de 1974.[1] Entre as ações atribuídas ao MDLP estão uma tentativa de golpe de estado em 11 de março de 1975, uma vaga de atentados à bomba a sedes de partidos de esquerda no início de 1976 e o atentado à bomba que vitimou o candidato a deputado Padre Max e uma estudante que o acompanhava.[1] O MDLP estava ligado ao Movimento Maria da Fonte e ao Exército de Libertação de Portugal, com o qual partilhava fontes, colaboradores e patrocinadores.[1]
O MDLP foi uma de várias organizações de extrema-direita surgidas após a revolução de 25 de abril de 1974.[2][3] Estes grupos efémeros, com ligações ao poder político do Estado Novo e aos grandes grupos económicos, procuravam reverter as mudanças democráticas introduzidas após o 25 de abril.[3] O MDLP foi formalmente constituído em 5 de maio de 1975, após a Intentona de 11 de Março de 1975,[4] e foi liderado, a partir do Brasil, pelo General António de Spínola,[5] mas toda a sua estrutura encontrava-se sediada em Madrid. Essa estrutura assentava num Gabinete Político, que assegurava a liderança política do movimento, dirigido por Fernando Pacheco de Amorim reportando directamente ao General António de Spínola e integrado, entre outros, por António Marques Bessa, Diogo Velez Mouta Pacheco de Amorim, José Miguel Júdice e Luís Sá Cunha. A estrutura militar era liderada pelo Coronel Dias de Lima, Chefe do Estado Maior, também ele reportando directamente ao General António de Spínola e subdividia-se em dois braços, a RAI - Rede de Acção Interna, liderada por Alexandre Negrão e as FAE - Forças de Acção Externa, estas lideradas por Alpoim Calvão. Ambos Alexandre Negrão e Alpoim Calvão reportavam directamente a Dias de Lima. Foi membro das MDLP o sobrinho de Fernando Pacheco de Amorim, Diogo Pacheco de Amorim que em 2019 se tornaria um militante proeminente do partido político Chega.[6][7][8]
Segundo o jornal Público, António de Spínola "sonha[va] com um regresso à frente de um exército invasor para expulsar os comunistas do poder".[5] A ação do MDLP foi suspensa em 1976.[2]
Actividade[editar | editar código-fonte]
O MDLP terá tido um papel relevante na preparação do campo para o êxito do 25 de Novembro nos anos quentes que se seguiram à Revolução de 25 de Abril de 1974 em Portugal.[9]
Tentativas de rapto[editar | editar código-fonte]
Na noite de 4 de Outubro de 1975, forças do Regimento de Infantaria de Braga fizeram um cerco ao Seminário de São Tiago, da mesma cidade, em Braga, e com isso conseguiram capturar o major Mira Godinho e o major-tenente Benjamim de Abreu, desta organização, mas Alpoim Galvão consegue escapar no telhado.[10]
Atentados bombistas[editar | editar código-fonte]
Alguns membros do MDLP foram suspeitos de vários atentados bombistas que resultaram na morte de múltiplos inocentes, entre eles o Padre Max, e foram presos pela Polícia Judiciária.[1]
Cronologia[editar | editar código-fonte]
- 1975, 17 de fevereiro - ensaio de golpe palaciano em colaboração com a guarda do Palácio de Belém[11]
- 1975, 11 de março - alegada tentativa de golpe de estado por militares spinolistas
- 1975, 20 de março - exílio do general António de Spínola
- 1975, 5 de maio - constituição oficial e formal do MDLP
- 1975, 25 de novembro - A reposição da democracia plena leva à desmobilização do MDLP
- 1976, 29 de abril - Spinola suspendeu as actividades do MDLP[12]
- 1976 - regresso do exílio do general Spínola, preso ainda no aeroporto
Ver também[editar | editar código-fonte]
Referências
- ↑ a b c d Infopédia. «MDLP - Infopédia». Infopédia - Dicionários Porto Editora. Consultado em 3 de janeiro de 2021
- ↑ a b «Padre Max, Vítima da Extrema-direita». RTP Ensina. Consultado em 9 de fevereiro de 2022
- ↑ a b «A Contra-Revolução». RTP Ensina. Consultado em 9 de fevereiro de 2022
- ↑ MDLP (1975), Politipédia, Observatório Político, 2012
- ↑ a b Quando Spínola quis invadir Portugal com ajuda do Brasil, Manuel Carvalho, Público, 27 de Abril de 2014
- ↑ Liliana Coelho (15 de dezembro de 2019). «Quem é o ideólogo na sombra de André Ventura? Da direita armada ao programa do Chega!». Jornal Público. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ Liliana Borges (29 de dezembro de 2020). «Diogo Pacheco de Amorim: "Politicamente, o chumbo da suspensão de mandato é um favor gigantesco feito a André Ventura"». Jornal Público. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ Miguel Carvalho (23 de dezembro de 2020). «Das bombas de 75 ao Parlamento: Quem é e como pensa Diogo Pacheco de Amorim (que poderá substituir Ventura)». Revista Visão. Consultado em 28 de julho de 2021
- ↑ «Movimento Democrático para a Libertação de Portugal». Universidade Técnica de Lisboa. Consultado em 5 de janeiro de 2011. Arquivado do original em 16 de abril de 2015
- ↑ Sobre o MDLP, por A-24, em 13.08.13
- ↑ «MDLP». Infopédia. Consultado em 5 de janeiro de 2010
- ↑ «Cronologia pulsar da revolução». Universidade de Coimbra. Consultado em 5 de janeiro de 2010
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Costa, Carina (3 de outubro de 2016). «O Impacto do terrorismo na administração interna em Portugal, no século XXI» (PDF). Instituto Superior de Ciências Sociais e Políticas. Repositório da Universidade de Lisboa: 56; 150. Consultado em 24 de outubro de 2022. Resumo divulgativo
Ligações externas[editar | editar código-fonte]
- A 'cruzada branca' contra 'comunistas e seus lacaios' - artigo de Fernando Madaíl, Diário de Notícias, 17 Agosto 2005
- Cronologia - A Revolução Portuguesa de 25 de Abril - Centro de Documentação 25 de Abril (UC)
- Cronologia das organizações de direita - Centro de Documentação 25 de Abril (UC)
- Movimento Democrático de Libertação de Portugal, por JPP, Ephemera, 12/07/2015