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Movimento Revolucionário Oito de Outubro

Origem: Wikipédia, a enciclopédia livre.
MR8
Datas das operações 1967 – 1985 (movimento pró-democrático)
1985 – 2009 (partido político)
2009 – presente (grupo ativista)
Motivos Combate ao Regime Militar e censura, defesa de um Estado socialista
Área de atividade Brasil Brasil
Ideologia Marxista-leninista, Extrema-esquerda[1]
Principais ações Guerrilhas, assaltos e sequestros (pré-1985)
Participação política popular (pós-1985)
Ataques célebres Sequestro do embaixador dos EUA Charles Burke Elbrick
Status ativo

Movimento Revolucionário 8 de Outubro (MR8) foi uma organização política marxista que participou da luta armada contra a ditadura militar brasileira. Surgiu em 1964, no meio universitário da cidade de Niterói, no estado do Rio de Janeiro, com o nome de Dissidência do Rio de Janeiro (DI-RJ).[2] Depois foi rebatizada em memória do dia em que Ernesto "Che" Guevara foi capturado, na Bolívia, em 8 de outubro de 1967.

Dedicou-se a participar do movimento político popular e a editar o jornal Hora do Povo. Foi também responsável pelo Partido Pátria Livre, fundado em 2009 e incorporado ao Partido Comunista do Brasil em 2019.

Resultado de uma cisão de universitários com o Partido Comunista Brasileiro, a DI-RJ (a partir de 1967, MR8) atuou em várias ações do movimento estudantil e do início da luta armada, em 1968. Desarticulado pela ação do exército brasileiro no início de 1969, seus sobreviventes ainda em liberdade juntaram-se aos integrantes da Dissidência Comunista da Guanabara (DI-GB), atuante desde 1966 nas manifestações políticas sob a liderança de Vladimir Palmeira, e juntas, reconstituíram um "novo" MR8.[2] A organização, então já atuando como um grupo de guerrilha urbana, tornou-se nacional e internacionalmente conhecida com seu papel preponderante no sequestro do embaixador estadunidense no Brasil, Charles Burke Elbrick, em setembro de 1969, realizado em conjunto com a Ação Libertadora Nacional (ALN), de São Paulo. A ação foi realizada, em princípio, para libertar o líder estudantil Vladimir Palmeira, preso desde o ano anterior.[2][3]

No rastro do sequestro do embaixador, alguns integrantes do grupo foram mortos por não se entregarem e resistirem a iminente prisão. Mesmo assim, nos anos seguintes, as operações armadas do MR8, com roubos, assaltos a bancos e supermercados, prosseguiram no Rio. No MR8 militava Iara Iavelberg, então companheira do ex-capitão Carlos Lamarca e em 1971, com o quase completo desmantelamento da Vanguarda Popular Revolucionária (VPR), da qual ele era um dos dirigentes, o MR8 passou a contar com a militância do líder guerrilheiro. Em setembro daquele ano, porém, Lamarca foi morto no interior da Bahia,[4] seguindo-se à morte de Iara em Salvador, pouco menos de um mês antes.[5]

A maioria dos militantes se retirou para o Chile em 1972, sendo o grupo reestruturado posteriormente com outras orientações.[2] A preferência por ações armadas deu lugar à atuação política, e o MR8 foi abrigado no MDB, tendo Orestes Quercia como principal liderança. O grupo passa a editar o periódico Hora do Povo.[6]

Além de Carlos Lamarca e Iara Iavelberg, militaram no MR8 Fernando Gabeira, Franklin Martins, Cid Benjamin, Cláudio Torres da Silva, Vera Silvia Magalhães, (todos participantes do sequestro de Elbrick), César Benjamin, Stuart Angel Jones, Daniel Aarão Reis Filho, José Roberto Spiegner, Miguel Ferreira da Costa, João Lopes Salgado, Reinaldo Silveira Pimenta, Félix Escobar Sobrinho, Marilene Villas-Boas Pinto, Lucas Gregorio, Márcia Ferreira da Costa, Franklin de Mattos, Alfredo Iser, João Manoel Fernandes, entre outros, vários deles mortos durante a luta contra o regime militar ditatorial. Conforme a Comissão Nacional da Verdade, morreram e desapareceram, entre 1946 e 1988, 434 opositores ao regime militar, sendo a maioria deles no período da ditadura de 1964 a 1988.[7]

O MR8 continuou atuando agregado a diversas organizações políticas e sociais, como, por exemplo, corrente dentro do PMDB e PSDB; sindicais (inicialmente na CGT, atualmente na CGTB); federação de mulheres, associações de moradores e entidades estudantis, tendo seus militantes participado de diversas diretorias da UNE, com maior força na década de 80. O PCR atuou em conjunto com o MR8, no fim dos anos 70, mas separou-se novamente em 1995. O seu braço juvenil era a Juventude Revolucionária Oito de Outubro (JR-8). Parcela expressiva de seus membros ajudaram a fundar o Partido Pátria Livre em 2009, e permaneceram atuando juntos até a incorporação ao Partido Comunista do Brasil (PC do B), em 2019. Vários dos seus ex dirigentes e integrantes continuam fazendo parte do Comitê Central do PC do B.

Diagrama da origem histórica do partido[8][9][10]
Partido Comunista do Brasil (PCB)
1922–1961
Partido Comunista Brasileiro (PCB)
1961–1992
  Partido Popular Socialista (PPS)
1992–2019
Cidadania
2019–presente
  Partido Comunista (PC)
1992–1993
  Partido Comunista Brasileiro (PCB)
1993–presente
  Liga Comunista Internacionalista (LCI)
  Partido Operário Leninista (POL)
  Partido Socialista Revolucionário (PSR)
  Partido Comunista do Brasil (PCdoB)
1962–presente
  Movimento Revolucionário Oito de Outubro (MR8)   Partido Pátria Livre (PPL)
2009–2019
 

Referências

  1. «MR-8 é o último moicano quercista». Folha de S. Paulo. www1.folha.uol.com.br. 11 de setembro de 1994. Consultado em 4 de setembro de 2017 
  2. a b c d Barbosa da Silva, Sandra Regina. «Ousar lutar, ousar vencer:histórias da luta armada em Salvador (1969-1971)» (PDF). Universidade Federal da Bahia. Consultado em 20 de junho de 2011 
  3. «Manifiesto de ALN y MR-8 ante el secuestro del embajador de los EE.UU. Charles Burke Elbrick». Cedema. Consultado em 6 de setembro de 2020 
  4. «Lamarca morto na Bahia». Almanaque da Folha. 19 de setembro de 1971. Consultado em 20 de junho de 2011 
  5. «Iara Iavelberg». Grupo tortura Nunca Mais. Consultado em 20 de junho de 2011. Cópia arquivada em 13 de fevereiro de 2009 
  6. «Los gorilas muestran los dientes a Chile. Entrevista a un dirigente nacional del MR-8». Cedema. Consultado em 6 de setembro de 2020 
  7. «Entrevista a un dirigente del MR-8 (Punto Final)» (PDF). Cedema. Consultado em 6 de setembro de 2020 
  8. Alzira Alves de Abreu. «PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO (PCB)». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Fundação Getulio Vargas. Consultado em 5 de julho de 2019 
  9. Jean Spritzer. «PARTIDO PÁTRIA LIVRE (PPL)». CPDOC - Centro de Pesquisa e Documentação de História Contemporânea do Brasil. Fundação Getulio Vargas. Consultado em 5 de julho de 2019 
  10. Alfaia, Iram (28 de maio de 2019). «TSE aprova incorporação do Partido Pátria Livre, o PPL, ao PCdoB». Portal Vermelho. Consultado em 29 de maio de 2019 
  • CAMURÇA, Marcelo Ayres. Os 'Melhores Filhos do Povo'. Um estudo do ritual e do simbólico numa Organização Comunista: O caso do MR8. Rio de Janeiro, 1994. Tese (Doutorado) Universidade Federal do Rio de Janeiro [Orientador: Otávio Guilherme Alves Velho]