Mujahideen afegãos
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Os mujahideen afegãos (em pastó: افغان مجاهدين; em persa: مجاهدین افغان) foram grupos militantes islâmicos que lutaram contra a República Democrática do Afeganistão e a União Soviética durante a Guerra Soviética-Afegã e a subsequente Primeira Guerra Civil Afegã.
O termo mujahid (em árabe: مجاهدين) é usado em um contexto religioso por muçulmanos para se referir àqueles envolvidos em uma luta de qualquer natureza em prol do Islã, comumente chamada de jihad (em árabe: جهاد). Os mujahidin afegãos consistiam em vários grupos que diferiam entre si em termos étnicos ou ideológicos, mas estavam unidos por seus objetivos anticomunistas e pró-islâmicos. A coligação de milícias muçulmanas anti-soviéticas também era conhecida como "resistência afegã", e a imprensa ocidental referia-se amplamente aos guerrilheiros afegãos como "combatentes pela liberdade" (em inglês: freedom fighters) ou "homens da montanha".
Os militantes dos mujahidin afegãos foram recrutados e organizados imediatamente após a União Soviética invadir o Afeganistão em 1979, inicialmente entre a população regular afegã e desertores do exército afegão, com o objetivo de travar uma luta armada contra o governo comunista do Partido Democrático Popular do Afeganistão, que havia tomado o poder na Revolução de Saur de 1978, e a União Soviética, que havia invadido o país em apoio ao primeiro. Havia muitas facções ideologicamente diferentes entre os mujahidin, sendo as mais influentes os partidos Jamiat-e Islami e Hezb-e Islami Gulbuddin. Os mujahidin afegãos eram geralmente divididos em duas alianças distintas: a maior e mais significativa união islâmica sunita, coletivamente chamada de "Sete de Peshawar", sediada no Paquistão, e a menor, a união islâmica xiita, coletivamente chamada de "Oito de Teerã", sediada no Irã; bem como unidades independentes que se autodenominavam "mujahidin". A aliança dos "Sete de Peshawar" recebeu grande assistência dos Estados Unidos (Operação Ciclone), Paquistão, Arábia Saudita, Turquia e Reino Unido, bem como de outros países e doadores internacionais privados.
As unidades básicas dos mujahidin continuaram a refletir a natureza altamente descentralizada da sociedade afegã e os fortes loci de grupos tribais pashtuns concorrentes, que formaram uma união com outros grupos afegãos sob intensa pressão americana, saudita e paquistanesa.[8][9] A aliança procurou funcionar como uma frente diplomática unida perante a comunidade internacional e procurou representação nas Nações Unidas e na Organização da Conferência Islâmica.[10] Os mujahidin afegãos também viram milhares de voluntários de vários países muçulmanos vindos ao Afeganistão para ajudar a resistência. A maioria dos combatentes internacionais veio do mundo árabe e mais tarde ficaram conhecidos como árabes afegãos; o financiador e militante árabe mais conhecido do grupo durante esse período foi Osama bin Laden, que mais tarde fundaria a Al-Qaeda e planejaria os ataques de 11 de setembro nos Estados Unidos. Outros combatentes internacionais do subcontinente indiano envolveram-se em actividades terroristas na Caxemira e contra os Estados do Bangladesh e de Mianmar durante a década de 1990.[11][12]
Os guerrilheiros mujahidin lutaram uma longa e custosa guerra contra as forças armadas soviéticos, que sofreram pesadas perdas e se retiraram do país em 1989, após o que a guerra dos rebeldes contra o governo comunista afegão continuou. Os mujahidin, de alinhamento flexível, tomaram a capital, Cabul, em 1992, após o colapso do governo apoiado por Moscou. Entretanto, o novo governo mujahidin formado pelos Acordos de Peshawar após esses eventos foi rapidamente fragmentado por facções rivais e se tornou severamente disfuncional. Essa agitação rapidamente se transformou em uma segunda guerra civil, que viu o colapso em larga escala dos mujahidin afegãos unidos e o surgimento vitorioso do Talibã, que estabeleceu o Emirado Islâmico do Afeganistão logo após tomar a maior parte do país em 1996. Os talibãs foram depostos em 2001 após a invasão liderada pelos EUA durante a Guerra do Afeganistão, mas reagruparam-se e acabaram por retomar o controle do país em 2021.[13]
Referências
- ↑ «Desert Shield And Desert Storm: A Chronology And Troop List for the 1990–1991 Persian Gulf Crisis» (PDF). apps.dtic.mil. Consultado em 18 de dezembro de 2018. Cópia arquivada (PDF) em 12 de abril de 2019
- ↑ Renz, Michael (6 de outubro de 2012). «Operation Sommerregen». Die Welt (em alemão) (40). Die Welt. Consultado em 6 de junho de 2015
- ↑ a b Michael Pohly. Krieg und Widerstand in Afghanistan (em alemão). [S.l.: s.n.] 154 páginas
- ↑ «Use of toxins and other lethal agents in Southeast Asia and Afghanistan» (PDF). CIA. 2 de fevereiro de 1982. Consultado em 21 de outubro de 2014. Arquivado do original (PDF) em 10 de setembro de 2014
- ↑ Inken Wiese (14 de maio de 2010). «Das Engagement der arabischen Staaten in Afghanistan» (em alemão). Consultado em 18 de março de 2016
- ↑ Conrad Schetter. Ethnizität und ethnische Konflikte in Afghanistan (em alemão). [S.l.: s.n.] 430 páginas
- ↑ «Pakistan got Israeli weapons during Afghan war». Consultado em 23 de março de 2025. Arquivado do original em 30 de setembro de 2003
- ↑
Rohan Gunaratna (2002). Inside Al Qaeda: Global Network of Terror
. [S.l.]: Columbia University Press. ISBN 978-0-231-12692-2
- ↑ Tom Lansford (2003). A Bitter Harvest: US Foreign Policy and Afghanistan. [S.l.]: Ashgate Publishing, Ltd. ISBN 978-0-7546-3615-1
- ↑ Collins, George W. (março–abril de 1986). «The War in Afghanistan». Air University Review. Consultado em 27 de março de 2009. Cópia arquivada em 3 de outubro de 2008
- ↑ Layekuzzaman (2 de setembro de 2021). «Will the Era of Afghan Mujahideen Return to Bangladesh Againh?». The Daily Guardian (em inglês). Consultado em 17 de novembro de 2022
- ↑ «Ours Not To Question Why». www.outlookindia.com/ (em inglês). 3 de fevereiro de 2022. Consultado em 17 de novembro de 2022
- ↑ «Taliban forces rapidly gaining ground in Afghanistan as U.S. leaves». NBC News. 25 de junho de 2021