Mundo Invisível

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Mundo Invisível
Mundo Invisível
Pôster oficial do filme.
 Brasil
2011 •  cor •  93 min 
Gênero drama
Direção Atom Egoyan
Beto Brant
Cisco Vasques
Gian Vittorio Baldi
Guy Maddin
Jerzy Stuhr
Laís Bodanzky
Manoel de Oliveira
Marco Bechis
Maria de Medeiros
Theo Angelopoulos
Wim Wenders
Produção Leon Cakoff
Renata de Almeida
Caio Gullane
Fabiano Gullane
Debora Ivanov
Gabriel Lacerda
Roteiro Atom Egoyan
Gian Vittorio Baldi
Guy Maddin
Jerzy Stuhr
Laís Bodanzky
Leon Cakoff
Manoel de Oliveira
Marco Bechis
Maria de Medeiros
Theo Angelopoulos
Wim Wenders
Música André Abujamra
Cinematografia Cisco Vasques
Companhia(s) produtora(s) Gullane
Distribuição Imovision
Lançamento 7 de junho de 2013
Idioma português

Mundo Invisível é um filme brasileiro de 2011. É dividido em onze segmentos, cada um deles é dirigido por um diretor: Atom Egoyan, Beto Brant, Cisco Vasques, Gian Vittorio Baldi, Guy Maddin, Jerzy Stuhr, Laís Bodanzky, Manoel de Oliveira, Marco Bechis, Maria de Medeiros, Theo Angelopoulos e Wim Wenders, com exceção de "Kreuko" que é dirigido por Beto Brant e Cisco Vasques em conjunto. O filme foi idealizado por Leon Cakoff e Renata de Almeida, e exibido pela primeira vez em versão completa na 36ª Mostra Internacional de São Paulo. A versão finalizada foi exibida na 42ª Mostra Internacional de São Paulo em 2012.[1]

Enredo[editar | editar código-fonte]

O filme é divido em onze segmentos.

"Do Visível ao Invisível"[editar | editar código-fonte]

Dirigido por Manoel de Oliveira

Dois velhos amigos, Ricardo e Leon (Ricardo Trêpa e Leon Cakoff), se reencontram perto do Conjunto Nacional, na Avenida Paulista. O brasileiro e o português tentam conversar, mas sempre acabam interrompidos pelo toque do celular de um deles. Para não serem interrompidos decidem conversar utilizando os seus aparelhos celulares.[2]

"Tributo ao Público de Cinema"[editar | editar código-fonte]

Dirigido por Jerzy Stuhr

O segmento mostra a reação de uma plateia ao assistir ao filme O Tempo de Amanhã, de Stuhr, durante a Mostra Internacional de São Paulo de 2003.[2][3]

"Gato Colorido"[editar | editar código-fonte]

Dirigido por Guy Maddin

No Dia de Finados, um gato preto que habita o Cemitério da Consolação tem que lidar com os visitantes.[4]

"Fábula - Pasolini em Heliópolis"[editar | editar código-fonte]

Dirigido por Gian Vittorio Baldi

O produtor Gian Vittorio Baldi decide filmar a vida do apóstolo São Paulo no bairro de Heliópolis.[4]

"Tekoha"[editar | editar código-fonte]

Dirigido por Marco Bechis

Um grupo de índios Guarani-Kaiowá[4] caminha em meio a mata nativa do Parque Trianon, na Avenida Paulista, enquanto acreditam estar em uma floresta.[3] Quando saem de lá são cercados por pessoas curiosas.[5]

"Ver ou Não Ver"[editar | editar código-fonte]

Dirigido por Wim Wenders

Yasmin, Itamara e Dandara,[4] crianças com visão reduzida, estão passando por um tratamento na Santa Casa de São Paulo, desenvolvido pela doutora Sílvia Veitsman, que ensina crianças a usarem a visão residual desde cedo, para poderem frequentar uma escola comum ao invés de uma escola só para cegos.[3]

"Aventuras de um Homem Invisível"[editar | editar código-fonte]

Dirigido por Maria de Medeiros

Um garçom de um hotel de luxo percorre diversos quartos e encontra histórias cômicas ou trágicas de vários hóspedes enquanto se mantem invisível aos olhos dos mesmos.[4]

"Céu Inferior"[editar | editar código-fonte]

Dirigido por Theo Angelopoulos

Um pastor divulga suas crenças na Estação Sé e professa salmos, em meio ao submundo do centro e do subterrâneo da cidade de São Paulo.[6][4][7]

"O Ser Transparente"[editar | editar código-fonte]

Dirigido por Laís Bodanzky

"Ator invisível" é um conceito criado por Yoshi Oida, que acredita que quanto melhor é a interpretação do ator menos ele é notado, pois o espectador enxerga apenas o personagem.[4][3] O segmento conta com os depoimentos de Yoshi Oida, Lee Taylor, Cássia Kiss e Monja Coen.[8][5]

"Kreuko"[editar | editar código-fonte]

Dirigido por Beto Brant e Cisco Vasques

Kreuko (Mauricio Paroni de Castro) decide que vai deixar a loucura tomar conta de si durante uma seção de quimioterapia e começa a narrar versões pervertidas das cenas de peças de William Shakespeare. Essas cenas são encenadas em um cenário com iluminação expressionista e mise-en-scène de cinema mudo.[2][4] Foi filmado em 2011 [9] e incluído ao filme em 2012.[10]

"Yerevan - O Visível"[editar | editar código-fonte]

Dirigido por Atom Egoyan

Um homem (Leon Cakoff) viaja para Yerevan, a capital da Armênia, para saber mais sobre a história de seu avô, que sumiu na época conhecida como "genocídio armênio", em 1915, cumprindo uma promessa que fez à mãe: procurar alguém que conheça o pai dela.[6]

Elenco[editar | editar código-fonte]

Produção[editar | editar código-fonte]

A ideia de criar um filme com essa temática foi de Leon Cakoff e Renata de Almeida, o idealizador e a diretora da Mostra Internacional de São Paulo, respectivamente. Cakoff então convidou Atom Egoyan para dirigir um longa com 11 segmentos que abordariam a invisibilidade social.[11] Renata declarou que "[n]ão é que essas coisas sejam invisíveis, é que o banal, o que você vê todo dia, se torna invisível".[12] Todos os segmentos foram gravados na cidade de São Paulo, com exceção de "Yerevan - O Visível" que foi gravado na capital armênia. Tal segmento foi feito por Egoyan após Cakoff mostrar-lhe algumas fotos de protestos na Armênia, o que lhe instigou. Isso agregado ao fato de serem amigos, ambos terem descendência armênia e o fato ser tão pouco divulgado pela mídia levou o cineasta a desejar relatar isso num filme.[13]

Recepção[editar | editar código-fonte]

Escrevendo para o G1, Rodrigo Zavala, do Cineweb, disse que "[h]á lgo de hipnótico nos segmentos que compõem Mundo Invisível". Ele ainda destacou a participação de Leon Cakoff no segmento "Yerevan - O Visível", comentando que "[a]o narrar uma história familiar verídica, Cakoff consegue mais uma vez fazer com que sua vida sirva a aproximar o público do cinema de melhor qualidade."[14] Cássio Starling, da Folha de S. Paulo, comentou que esse filme foi melhor do que Bem-Vindo a São Paulo, também realizado durante a Mostra Internacional de São Paulo, pois "o conceito de 'invisibilidade' é vago, logo oferece mais possibilidades do que o de 'olhar sobre a metrópole'." Para Starling, "Atom Egoyan, Jerzy Stuhr e a dupla Beto Brant e Cisco Vasques assinam os episódios mais anômalos e provocativos."[15] Inácio Araújo, também da Folha, notou que os segmentos "mais felizes" são aqueles em que Leon Cakoff participa e descreveu Mundo Invisível como "um filme de episódios em que a precariedade da produção é suprida, na maior parte dos casos, pela inspiração dos realizadores."[6]

Paulo Santos Lima, da revista Cinética, disse que é complicado avaliar como um todo um filme que é feito de segmentos ainda mais quando "cada um por si parece negar a partilha de espaço num longa-metragem". Ele então comentou sobre alguns dos segmentos, chamando "Ver ou Não Ver" de um "documentário institucional" e "Tekoha" de "o mais sintético e dos mais fortes". Lima achou interessante a reação da plateia em "Tributo ao Público de Cinema", acrescentado que a luz da projeção parece "pretendida e destinada para o cinema." Para ele, o que fica de "Do Visível ao Invisível" é a "capacidade do cinema em reter um momento tão raro." O crítico ainda afirmou que "Aventuras do Homem Invisível" merece atenção ao contrário de alguns dos outros segmentos.[3] Para Daniel Schenker, d'O Globo, os dois melhores curtas são os de Bodanzky e Egoyan, que "primam pela excelência".[8] José Geraldo Couto descreveu Mundo Invisível como "uma obra bem mais madura e consistente, a despeito da deliberada heterogeneidade de enfoques, estilos e linguagens de suas partes."[2]

Referências

  1. http://42.mostra.org/br/jornal_interno/1731-Mundo-Invisivel-e-exibido-pela-primeira-vez-em-versao-completa
  2. a b c d Couto, José Geraldo (7 de junho de 2013). «A arte de mostrar o invisível». Instituto Moreira Salles. Consultado em 12 de julho de 2013 
  3. a b c d e Lima, Paulo Santos (novembro de 2012). «Mundo Invisível, de Manoel de Oliveira, Jerzy Stuhr, Guy Maddin, Gian Vittorio Baldi, Marco Bechis, Wim Wenders, Maria de Medeiros, Theo Angelopolous, Atom Egoyan, Laís Bodanzky, Beto Brant e Cisco Vasques (Brasil, 2012)». Cinética. Consultado em 12 de julho de 2013 
  4. a b c d e f g h «Mundo Invísivel». AdoroCinema. Consultado em 12 de julho de 2013 
  5. a b «Mundo Invisível». 35ª Mostra Internacional de São Paulo. Consultado em 12 de julho de 2013 
  6. a b c Araújo, Inácio (2 de novembro de 2011). «Crítica: "Mundo Invisível" se vale da inspiração de seus realizadores». Folha de S. Paulo. Consultado em 12 de julho de 2013 
  7. Bauer, Marcelo (7 de junho de 2013). «Visão de cinema». R7. Consultado em 12 de julho de 2013 
  8. a b Schenker, Daniel (6 de junho de 2013). «Onze pontos de vista no telão». O Globo. Consultado em 12 de julho de 2013 
  9. https://noize.com.br/veja-jupiter-maca-e-sonia-braga-atuando-curta-kreuko-beto-brant-cisco-vasques/
  10. http://www.revistacinetica.com.br/mundoinvisivel.htm
  11. Almeida, Carlos Helí de (6 de junho de 2013). «Atom Egoyan lança o filme coletivo 'Mundo invisível', que estreia nesta sexta-feira». O Globo. Consultado em 11 de julho de 2013 
  12. Pessoa, Gabriel Sá (3 de junho de 2013). «Mundo Invisível». Tpm. Consultado em 12 de julho de 2013 
  13. Miranda, Marcelo (8 de junho de 2013). «Filme de episódios 'Mundo invisível' tem pré-estreia em BH». Uai. Consultado em 12 de julho de 2013 
  14. Zavala, Rodrigo (6 de junho de 2013). «Estreia: 'Mundo invisível' é obra de grandes cineastas internacionais». G1. Consultado em 12 de julho de 2013 
  15. Carlos, Cássio Starling (7 de junho de 2013). «Crítica: Segundo filme de convidados da Mostra supera o primeiro». Folha de S. Paulo. Consultado em 12 de julho de 2013