Muriqui-do-sul

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Muriqui no Parque do Zizo, São Miguel Arcanjo.
Muriqui no Parque do Zizo, São Miguel Arcanjo.
Estado de conservação
Espécie em perigo crítico
Em perigo crítico [1][2]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Mammalia
Ordem: Primates
Família: Atelidae
Género: Brachyteles
Espécie: B. arachnoides
Nome binomial
Brachyteles arachnoides
(Geoffroy, 1806)
Distribuição geográfica
Distribuição de Muriqui-do-sul
Distribuição de Muriqui-do-sul

O muriqui-do-sul (nome científico: Brachyteles arachnoides), também chamado simplesmente de mono-carvoeiro ou muriqui, é uma espécie de primata da família Atelidae e do gênero Brachyteles endêmico da Mata Atlântica brasileira. É uma das duas espécies existentes de muriqui, sendo a outra o muriqui-do-norte (nome científico: Brachyteles hypoxanthus). Ocorre principalmente nos estados do Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Espirito Santo e Minas Gerais. Com quase 1,60 m de comprimento e pesando até 15 kg, o muriqui do sul é o maior primata não-humano das Américas. É uma espécie considerada como "criticamente em perigo" pela IUCN[3] e "em perigo" pelo Ministério do Meio Ambiente. Isso se deve principalmente à alta fragmentação da Mata Atlântica e à caça ilegal, que pode levar pequenas populações reduzidas à extinção rapidamente.

O muriqui-do-sul tem longos braços e uma cauda preênsil, que permite a braquiação. Ao contrário do muriqui-do-norte, sua face é negra, sem manchas esbranquiçadas, e não possui o polegar vestigial. Os testículos são volumosos, consequência de um sistema de acasalamento promíscuo.

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Muriqui vem do tupi muri'ki e significa "gente que bamboleia, que vai e vem". A espécie é conhecida como "povo manso da floresta", graças a seus hábitos pacíficos e de permanência em grupo.[4][5]

Características[editar | editar código-fonte]

É um animal dócil, de pelagem bege espessa e macia, com anel de pelos mais claros ao redor da face. Não possui polegar. A coloração da pele da face, das mãos, pés, planta da cauda e do escroto é preta. Os machos têm caninos consideravelmente mais longos que as fêmeas. De braços e pernas longos e finos, gosta de se balançar nas árvores segurando-se apenas pela cauda, que é preênsil.[1]

Um individuo em cativeiro no Zoológico de Sorocaba

Os muriquis machos medem entre 55-78 cm de comprimento — sem contar com a cauda, que acrescenta mais 74-80 cm no comprimento — e podem pesar de 9,6 a 15 kg quando adultos. Os indivíduos do sexo feminino são relativamente menores, tendo entre 46-63 cm de comprimento do corpo e mais 65-74 da cauda, pesando entre 8-11 kg. Machos e fêmeas têm o ventre proeminente.

Comportamento e ecologia[editar | editar código-fonte]

De hábitos diurnos, os muriquis geralmente vivem em altitudes que variam de 400 m a até 2.050 m de altitude[3]. Alimentam-se sobretudo de folhas, mas também podem consumir quantidades significativas de frutas, flores, cascas, bambus, samambaias, néctar, pólen, e sementes. De hábitos gregários, vivem em grupos que possuem entre 4-43 indivíduos.

Os muriquis machos, ao contrário de muitos outros primatas, passam grandes períodos de tempo juntos, sem comportamento agressivo significativo. Também não são territoriais. Extremamente ágeis chegam a dar saltos de até dez metros na copa das árvores, eles também podem dormir durante parte do dia.

Muriqui-do-sul no Zoológico de São Paulo
Muriqui-do-sul no Parque Estadual Carlos Botelho


Conservação[editar | editar código-fonte]

Endêmico da Mata Atlântica do sudeste do Brasil (do sul da Bahia até o Paraná), sofre os efeitos do antropismo por várias vertentes:

  • destruição da floresta que é seu habitat original
  • caça ilegal nas áreas estatais preservadas
  • comércio ilegal em áreas privadas

Segundo estimativas, existiam aproximadamente cerca de 1.300 muriquis do sul vivendo no Brasil em 2005, são considerados um dos primatas mais ameaçados do mundo.

Iniciativas de conservação[editar | editar código-fonte]

A Associação Pró-Muriqui desenvolve pesquisas com o Muriqui do Sul no estado de São Paulo (Parque Estadual Carlos Botelho) desde 1993. Este é o único estudo de longo prazo com mono-carvoeiro em florestas não-fragmentadas do Brasil. O principal foco de atuação destas pesquisas situa-se no continuum ecológico de Paranapiacaba, o maior remanescente natural do bioma Mata Atlântica ainda existente no país (210.000 hectares de floresta contínua). Promove treinamento de jovens estudantes em primatologia de campo, visando à formação de recursos humanos que serão os futuros tomadores de decisão nas áreas de conservação e pesquisa.

O Programa Muriqui, do Parque Nacional da Serra dos Órgãos, no Rio de Janeiro, acompanha grupos da espécie, estudando suas rotas e hábitos. O projeto conta com o apoio do centro de Primatologia do Rio de Janeiro, localizado em Guapimirim.[6]

Outros estudos importantes foram desenvolvidos com monos-carvoeiros existentes nas matas da fazenda Barreiro Rico, em Anhembi, no estado de São Paulo, de propriedade da família Reis de Magalhães.

Em cativeiro[editar | editar código-fonte]

Existem apenas duas populações cativas de muriquis-do-sul, ambas das quais se encontram no Brasil, no zoológico municipal de Curitiba e no zoológico de Sorocaba, com este ultimo estando localizado a 80 km do Parque Estadual Carlos Botelho, considerado um dos maiores santuários para o Muriqui do sul, e o único no qual a espécie foi devidamente estudada em um ambiente de floresta contínua.

Referências

  1. a b «Primatas Brasileiros ameaçados de extinção: Brachyteles arachnoides». Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (CPB/ICMBio). 3 de janeiro de 2012. Consultado em 3 de janeiro de 2012 
  2. «Brachyteles arachnoides (Muriqui, Southern Muriqui, Woolly Spider Monkey)». IUCN Red List of Threatened Species (em inglês). International Union for Conservation of Nature and Natural Resources. 18 de março de 2019. Consultado em 13 de dezembro de 2019 
  3. a b https://www.iucnredlist.org/species/2993/17927228
  4. FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário da Língua Portuguesa. Segunda edição. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1986. p.1 172
  5. Alves, Thaís (31 de outubro de 2011). «Muriqui é candidato a mascote das Olimpíadas 2016». Centro Nacional de Pesquisa e Conservação de Primatas Brasileiros do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (CPB/ICMBio). Consultado em 3 de janeiro de 2012 
  6. «Programa de Conservação do Muriqui - Introdução». Programa Muriqui. Consultado em 31 de julho de 2014 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]

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