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Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo

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(Redirecionado de Museu de Évora)


Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo
Tipo museu nacional, museu de arte
Visitantes 18 249
Página oficial (Website)
Geografia
Coordenadas 38° 34' 19" N 7° 54' 25" O
Mapa
Localização Évora - Portugal

O Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo, anteriormente denominado Museu de Évora, está localizado no centro histórico da Cidade de Évora.[1][2][3][4]. Trata-se de um Museu com um acervo diversificado e heterogéneo composto por mais de 20.000 peças. Destacam-se as colecções de Pintura; Arqueologia; Escultura; Artes Decorativas ; Numismática. É tutelado desde 2023 (Decreto-Lei n.º 79/2023)[5] pela Museus e Monumentos de Portugal, E.P.E. (antiga Direcção Geral do Património Cultural)[6].

História

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A 30 de julho de 1914, o Decreto-Lei n.º226[7] autoriza a criação do Museu de Évora para, no ano seguinte, a 1 de março, o Decreto-Lei nº1355[8] a oficializar, com o nome de Museu Regional de Évora[9][1][4]. Abriu ao público no ano de 1921, no edifício do Palácio Amaral, do qual transitou para o actual edifício, ocupado na sua totalidade no ano de 1929. As primeiras quatro salas são inauguradas dois anos depois e, em 1936, é incorporado o Museu Arqueológico, que se encontrava anteriormente no rés-do-chão da Biblioteca Pública de Évora[4]. Com a nomeação no ano de 1943 de Mário Tavares Chicó como Director, dá-se início a uma fase de requalificação no interior do edifício, visando submetê-los às exigências dos novos programas museológicos. Estas obras prolongam-se para além da morte do Director, no ano de 1966. Apenas em 1970 é inaugurada a secção de Pré-História situada na cave. Em 2004 o Museu encerra para obras de requalificação de todo o edifício, obras estas terminadas apenas no ano de 2009, altura em que o Museu reabre ao público, a 29 de Junho[10].

Tem como anexo a Igreja do Convento das Mercês[1].

A importância e a diversidade da colecção do Museu, cuja origem remonta a Frei Manuel do Cenáculo Villas-Boas, fazem do Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo uma instituição incontornável para se conhecer e compreender a história e as manifestações artísticas e culturais nacionais[1]. Alberga alguns «tesouros nacionais» como o Tríptico da Paixão de Cristo, esmalte de Nardon Pénicaud e o Retábulo flamengo, possivelmente do círculo de Gerard David.

Colecções

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As colecções do Museu apresentam importantes núcleos de Arte e Arqueologia, reunindo igualmente uma Colecção de História Natural. Do vasto acervo destaca-se a colecção de Pintura que abrange o período temporal do século XV ao XX. A realçar a predominância de autores portugueses (ou com actividade artística em território nacional) como Baltazar Gomes Figueira, Josefa de Ayala (dita Josefa de Óbidos)[11], José Benedito Soares de Faria e Barros (conhecido como Morgado de Setúbal)[12], Diogo Pereira, Domingos Sequeira, Cyrilo Volkmar Machado, Silva Porto, a pintora andaluza Josefa Garcia Greno[13] ou Dórdio Gomes.

Josefa de Ayala (Josefa de Óbidos), Cordeiro Pascal com cartela de flores/Agnus Dei. Não datado (c.1670-80). Óleo s/tela, 88 x 116 cm. MNFMC.MMP,E.P.E.

A sublinhar ainda diferentes obras provenientes de distintas Igrejas e Conventos extintos da cidade de Évora. Merecem destaque o Políptico da Sé de Évora (composto por treze pinturas a óleo sobre madeira) do antigo altar-mor da Sé de Évora, atribuído provavelmente ao círculo de Gerard David e o Tríptico do Conventinho de Valverde da autoria do pintor régio renascentista Gregório Lopes. A notar ainda as pinturas da autoria (ou atribuídas) a Frei Carlos e Francisco Henriques. Na colecção de pintura estrangeira destacam-se obras de alguns artistas das escolas italiana e neerlandesa como Marcello Leopardi ou Abraham de Vries.

José Benedito Soares de Faria e Barros (Morgado de Setúbal), Mulher com peru e gato.1792. Óleo s/tela, 83 x 103 cm. MNFMC.MMP,E.P.E.
Nicolau Chanterene, Virgem com o Menino. Não datado (c.1535-40). Mármore. MNFMC.MMP,E.P.E.

Na colecção de Escultura destacam-se os elementos de arquitectura provenientes de monumentos da cidade e ainda importantes exemplares de tumulária.

Merecem ainda destaque as peças escultóricas dos séculos XVI e XIX da autoria (ou atribuídas) a Nicolau Chantere[14][15], Costa Motta ou António Teixeira Lopes (estes últimos da colecção/legado Barahona).

A extinção das Ordens Religiosas em 1834 e a consequente integração dos seus espólios contribuíram para a criação das colecções de Ourivesaria e Têxteis, sobretudo composta por alfaias litúrgicas, joalharia e têxteis, essencialmente paramentaria litúrgica[4].

As colecções de Numismática e Naturália devem-se essencialmente ao Arcebispo Frei Manuel do Cenáculo Villas-Boas.

Refira-se ainda, no núcleo de Arqueologia, a colecção de Henrique Leonor Pina com o espólio da Anta Grande do Zambujeiro. Merecem-se destaque diferentes peças - encontradas em escavações arqueológicas - provenientes: Herdade das Casas, Castelo da Lousa, Castelo do Geraldo[1][2].

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Referências

  1. a b c d e «Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo | Página da Museus e Monumentos de Portugal, E.P.E.» 
  2. a b Caetano, Joaquim ; Mangucci, Celso. «Ciência no Museu». Évora com ciência. Percursos. Évora: Universidade de Évora, 2019. 288-299.ISBN:9789727781355
  3. Montes, María Zozaya. «Figuras falantes: esculturas do período burguês em Évora (1850-1930)». Évora com ciência. Percursos. Évora: Universidade de Évora, 2019. 300-323. ISBN 9789727781355
  4. a b c d Alegria, António [et al] (2011). Museu de Évora. Colecção Museus de Portugal. Lisboa: IMC – Instituto dos Museus e da Conservação, QuidNovi. ISBN 978-989-554-863-7 
  5. «Criação da Museus e Monumentos de Portugal, E. P. E.». 4 de setembro de 2023 
  6. «Museus e Monumentos de Portugal, E.P.E. | Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo». Museus e Monumentos de Portugal. Consultado em 1 de setembro de 2025 
  7. «Diário da República (electrónico) | Lei n.º 226 - Diário do Governo n.º 127/1914, Série I de 1914-07-28» 
  8. Decreto n.º 1355, de 24 de fevereiro de 1915.
  9. Roque, Maria Isabel (15 de agosto de 2020). «Museu Nacional Frei Manuel do Cenáculo: sinais de risco.» 
  10. Alegria, António [et al] (2011). Museu de Évora. Colecção Museus de Portugal. Lisboa: IMC – Instituto dos Museus e da Conservação, QuidNovi. p. 11. ISBN 978-989-554-863-7 
  11. Serrão, Vítor (coord.) (1991). Josefa de Óbidos e o tempo barroco [Catálogo de exposição]. Lisboa: Instituto Português do Património Cultural. 287 páginas 
  12. Caetano, Joaquim (2010). «"Os "Morgados" do Museu de Évora"» (PDF). Cenáculo, Boletim online do Museu de Évora 
  13. Leandro, Sandra (2013). «Josefa Greno. A obra ao negro». In Mulheres pintoras em Portugal. De Josefa de Óbidos a Paula Rego. Leandro, Sandra ; Silva, Raquel Henriques da (coord.). Lisboa: Esfera do Caos. pp. 72–93. ISBN 978-989-680-080-2 
  14. Pereira, Paulo (2011). Arte Portuguesa: História Essencial. Lisboa: Círculo de Leitores; Temas e Debates. ISBN 978-989-644-153-1 
  15. Bilou, Francisco (2020). Nicolau Chanterene. Um insigne escultor em Évora, 1532-1542. Lisboa: Edições Colibri. ISBN 9789896899028