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Mutinus caninus

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Como ler uma infocaixa de taxonomiaMutinus caninus

Classificação científica
Domínio: Eukaryota
Reino: Fungi
Filo: Basidiomycota
Classe: Agaricomycetes
Ordem: Phallales
Família: Phallaceae
Género: Mutinus
Espécie: M. caninus
Nome binomial
Mutinus caninus
(Huds.) Fr. (1849)
Sinónimos
  • Phallus caninus Huds. (1778)
  • Phallus inodorus Sowerby (1801)
  • Ithyphallus inodorus Gray (1821)
  • Aedycia canina (Huds.) Kuntze (1898)
  • Cynophallus caninus (Huds.) Fr. (1860)
Mutinus caninus
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Características micológicas
Himênio liso
Estipe tem um(a) volva
A cor do esporo é marrom-oliváceo
A relação ecológica é saprófita
Comestibilidade: não recomendado

Mutinus caninus é uma espécie de fungo pequeno e delgado, com formato fálico e ponta escura. Geralmente cresce em pequenos grupos sobre restos de madeira ou em serapilheira, durante o verão e o outono, na Eurásia e no leste da América do Norte. Não é considerado comestível, embora haja relatos de consumo de seus "ovos" imaturos.

Taxonomia

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O nome do gênero Mutinus deriva de uma divindade fálica romana, Mutinus Titino (conhecida pelos gregos como Príapo), um dos di indigetes romanos apaziguados por noivas romanas.[1] O termo caninus significa "semelhante a cão" em latim.[2] Mutinus é o diminutivo de muto, palavra do latim para pênis. Descrito inicialmente por William Hudson (1730–1793), um renomado botânico britânico, o fungo é conhecido em francês como Phallus de Chien ou Satyre des chiens, aludindo à sua semelhança com o pênis de um cão.[3]

Descrição

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Este pequeno fungo da família Phallaceae emerge de um basidioma esbranquiçado, semelhante a um ovo, parcialmente enterrado na serapilheira do solo florestal. Cordões miceliais brancos (rizomorfos) são frequentemente visíveis sob o "ovo", que tem 2 a 4 cm de altura e 1 a 2 cm de largura.[4] O "ovo" possui uma casca externa resistente (perídio), que cobre uma camada interna gelatinosa, protegendo o basidioma totalmente formado, mas ainda não expandido. Quando o "ovo" se rompe, o fungo se expande rapidamente (geralmente em poucas horas) até sua altura total de 10 a 12 cm. Ele tem cerca de 1 cm de espessura e pode ser branco-amarelado, amarelo ou laranja claro. O ovo rompido permanece como um saco semelhante a uma volva na base. O estipe é frágil, perfurado e cilíndrico, com uma ponta afilada e geralmente curvada. A ponta é coberta por uma massa de esporos (gleba), uma pasta marrom-oliva escura com um odor irresistível para insetos, que ajudam a dispersar os esporos em seus corpos e estômagos. Abaixo da massa de esporos, a ponta é laranja escura. Embora seu odor não seja tão forte quanto o do fungo relacionado Phallus impudicus, ele foi descrito como semelhante ao de fezes de gato.[5]

O micologista americano Sanford Myron Zeller descreveu uma forma albina do fungo, coletada em Warrengon, Oregon. Essa forma, chamada M. caninus var. albus, é idêntica à forma regular, mas completamente branca, exceto pela gleba.[6] Essa variante foi mencionada pela primeira vez na literatura científica por Edward Angus Burt em 1896.[7]

Seção transversal do ovo juvem

Espécies semelhantes

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Mutinus ravenelii apresenta coloração mais rosada, com a ponta vermelha. É uma espécie americana rara, agora se espalhando pela Europa.[4] Outra espécie norte-americana, Mutinus elegans, é muito semelhante a M. ravenelii, mas é mais curta, robusta e com ápice mais pontiagudo.

Distribuição e habitat

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O fungo Mutinus caninus é encontrado ocasionalmente e é bastante comum na Europa, nas Ilhas Britânicas e no leste da América do Norte.[1] O fungo está listado na lista vermelha de espécies da Ucrânia.[8] Uma coleta nas Ilhas Canárias foi registrada como a mais ao sul para a espécie no Hemisfério Norte.[9] Também foi coletado no Irã,[10] na Turquia,[11] e na China, incluindo as províncias de Hebei, Jilin e Guangdong.[12] Aparece do verão ao final do outono, geralmente em pequenos grupos, em serapilheira, restos de madeira ou margens de estradas arborizadas. Pode ocorrer em florestas decíduas e de coníferas. Os basidiomas do fungo podem servir como fonte de alimento para formigas Solenopsis molesta e larvas da mosca Phormia regina.[13]

Comestibilidade

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Mutinus caninus é provavelmente comestível na fase de "ovo", mas seu consumo não é recomendado. Há pelo menos um relato do leste dos Estados Unidos que recomenda fortemente os "ovos" descascados e fritos como um prato saboroso.[1]

Ver também

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Referências

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  1. a b c Arora, David (1986). Mushrooms Demystified: A Comprehensive Guide to the Fleshy Fungi 2nd ed. Berkeley, California: Ten Speed Press. 771 páginas. ISBN 978-0-89815-170-1 
  2. Simpson, D.P. (1979). Cassell's Latin Dictionary 5 ed. London, UK: Cassell Ltd. p. 883. ISBN 0-304-52257-0 
  3. «Recommended English Names for Fungi in the UK» (PDF). British Mycological Society. p. 29. Arquivado do original (PDF) em 16 de julho de 2011 
  4. a b Laessøe, Thomas (1998). Mushrooms. London, UK: Dorling Kindersley. ISBN 0-7513-1070-0 
  5. Zeitlmayr, Linus (1976). Wild Mushrooms: An Illustrated Handbook. Hertfordshire, UK: Garden City Press. p. 114. ISBN 0-584-10324-7 
  6. Zeller, Sanford Myron (1944). «A white variety of Mutinus caninus». Mycologia. 36 (3): 263–65. JSTOR 3754822. doi:10.2307/3754822 
  7. Burt, Edward A. (1896). «The development of Mutinus caninus (Huds.), Fr.». Annals of Botany. 10: 343–72 
  8. Sarkina, I.S.; Prydiuk, M.P.; Heluta, V.P. (2003). «Macromycetes of Crimea, listed in the red data book of Ukraine». Ukrayins'kyi Botanichnyi Zhurnal (em ucraniano). 60 (4): 438 46. ISSN 0372-4123 
  9. Beltrán Tejera, E.; Bañares Baudet, A.; Rodríguez-Armas, J.L. (1998). «Gasteromycetes on the Canary Islands: Some noteworthy new records». Mycotaxon. 67: 439–53 
  10. Saber, M. (1986). «Contribution to the knowledge of Gasteromycetes collected in Iran». Iranian Journal of Plant Pathology. 22 (1–4): 25–38 
  11. Demirel K, Uzun Y (2004). «Two new records of Phallales for the mycoflora of Turkey». Turkish Journal of Botany. 28 (1–2): 213–14. ISSN 1300-008X 
  12. Zhishu B, Zheng G, Taihui L (1993). The Macrofungus Flora of China's Guangdong Province (Chinese University Press). New York, New York: Columbia University Press. pp. 545–46. ISBN 962-201-556-5 
  13. Stoffolano, J.G.; Zou, B.X.; Yin, C.M. (1990). «The stinkhorn fungus, Mutinus caninus, as a potential food for egg development in the blowfly, Phormia regina». Entomologia Experimentalis et Applicata. 55 (3): 267–73. ISSN 0013-8703. doi:10.1111/j.1570-7458.1990.tb01371.x