Jacu-estalo-de-bico-verde

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Desenho de 1838 do jacu-estalo-de-bico-verde
Desenho de 1838 do jacu-estalo-de-bico-verde
Espécime avistado no Panamá
Espécime avistado no Panamá
Estado de conservação
Espécie vulnerável
Vulnerável (IUCN 3.1) [1]
Classificação científica
Reino: Animalia
Filo: Chordata
Classe: Aves
Ordem: Cuculiformes
Família: Cuculidae
Subfamília: Neomorphinae
Género: Neomorphus
Espécie: N. geoffroyi
Nome binomial
Neomorphus geoffroyi
(Temminck, 1820)
Distribuição geográfica
Distribuição do jacu-estalo-de-bico-verde
Distribuição do jacu-estalo-de-bico-verde

O jacu-estalo-de-bico-verde[2] (nome científico: Neomorphus geoffroyi), também conhecido como taiaçuíra, tajaçuíra, acanati, acanatique, acunati, aracuão, jacu-molambo, jacu-porco e mãe-de-porco,[3] é uma ves cuculiforme, da família dos cuculídeos (Cuculidae). É encontrado em florestas primárias úmidas do sul da Nicarágua, passando pela Costa Rica e Panamá, até o noroeste da Colômbia. Outra população ocorre no oeste e sul da Bacia Amazônica do sudeste da Colômbia, leste do Equador, leste do Peru, norte da Bolívia e Brasil, enquanto uma população final ocorre na Mata Atlântica do leste do Brasil.[4] Existe muita confusão sobre os limites exatos de sua distribuição no centro-sul da Amazônia, onde ocorre o o muito semelhante jacu-estalo-escamoso (Neomorphus squamiger; as marcas de peito normalmente usadas para separar o jacu-escalo-escamoso e o jacu-estalo-de-bico-verde são conhecidas por variar clinicamente). Consequentemente, o jacu-escalo-escamoso tem sido frequentemente considerado uma subespécie do jacu-estalo-de-bico-verde.[5]

Etimologia[editar | editar código-fonte]

Taiaçuíra e tajaçuíra, segundo Antenor Nascentes, vêm do termo tupi taiasu'wira (que por sua vez derivou do tupi gwï'ra, "ave"), que significa "ave porco-do-mato".[3] Foi registrado pela primeira vez em 1911 sob a forma taiassú-uirá antes de assumir a grafia atual. Diz respeito à semelhança do som produzido pelo jacu-estalo-de-bico-verde e a queixada (Tayassu pecari).[6] Acunati,[7] acanati[8] e acanatique[9] derivam do tupi akã ("cabeça") e atê ("pontudo, aguçado"), significando "ave [que] tem cocuruto". Seu primeiro registro foi em 1911 com acanatic.[10] Aracuão[11] ou aracuã, por sua vez, advêm do tupi ara'kwã; foram registrados como aracoá em 1587, aracoã em 1594, haracoa em 1618, acaruaãs em 1728, araquans em 1730, aracuan em 1777, araraquans em 1782 e finalmente acaruãs em 1928.[12] Molambo, do vernáculo jacu-molambo, originou-se no quimbundo mulambo, que significa "pano atado entre as pernas".[13] Por fim, jacu deriva do tupi ya'ku no sentido de "ave galiforme da família dos cracídeos". De acordo com Rodolfo Garcia, significa "o que come grãos" e derivou de y ("aquele, o que"), a ("fruto, grão") e cu ("comer, tragar"). Foi registrado em 1576 como jacús, em 1594 como jacu, em 1618 como jaqu e em 1648 como jacij.[14]

Descrição[editar | editar código-fonte]

O jacu-estalo-de-bico-verde mede 48 centímetros e pesa em média 350 gramas.[15] É um grande pássaro que vive no solo com pernas robustas e uma cauda longa. Possui cabeça marrom, crista marrom-esverdeada e bico curvo. As partes superiores e a cauda são escuras com uma iridescência esverdeada, azulada ou arroxeada, e as partes inferiores são esbranquiçadas a castanho-claras. As subespécies variam principalmente nos detalhes do padrão do peito e da coroa, e na cor da cauda e das asas.[5] A íris é marrom e o bico é verde-amarelado opaco e cinza na base. Sua pele orbital é cinza ardósia.[15] Há grande variação na faixa escura do peito, o que dificulta a fácil separação do jacu-estalo-escamoso. Consequentemente, o último é comumente considerado como uma subespécie do primeiro.[16][17]

Alimentação[editar | editar código-fonte]

O jacu-estalo-de-bico-verde alimenta-se de grandes insetos, aracnídeos, miriápodes, sapos e lagartos. Comumente segue as formigas de correição para caçar presas que fogem delas.[15]

Conservação[editar | editar código-fonte]

Como outras espécies do gênero Neomorphus, o jacu-estalo-de-bico-verde geralmente é altamente discreto e raramente visto. Embora em geral improvável de ser ameaçada devido à sua grande variedade, uma subespécie, a nominada (da Bahia, Brasil; syn. maximiliani), pode estar extinta, e outra, dulcis (do Rio de Janeiro e Espírito Santo, Brasil), é muito rara e provavelmente ameaçada. As subespécies restantes são salvini da América Central e noroeste da Colômbia, aequatorialis do noroeste da Bacia Amazônica, australis do sudoeste da Bacia Amazônica e amazonicus do sudeste da Bacia Amazônica.[4][5][16][17]

No geral, o jacu-estalo-de-bico-verde é listado na Lista Vermelha da União Internacional para a Conservação da Natureza (UICN / IUCN) como "vulnerável". Além da degradação do habitat, nenhuma ameaça específica foi identificada e a ave tem uma ampla variedade e uma população presumivelmente grande. A tendência populacional provavelmente será decrescente, mas não a um ritmo que justifique colocar esta ave em uma categoria mais ameaçada.[18] Em 2005, foi listado como criticamente em perigo na Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo;[19] em 2010, como em criticamente em perigo na Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais;[20] em 2014, como vulnerável na Portaria MMA N.º 444 de 17 de dezembro de 2014;[21] e em 2018, como vulnerável no Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio)[22][23] e possivelmente extinto na Lista das Espécies da Fauna Ameaçadas de Extinção no Estado do Rio de Janeiro.[24]

Referências

  1. BirdLife International, - (1 de outubro de 2016). «Neomorphus geoffroyi». IUCN Red List of Threatened Species. doi:10.2305/iucn.uk.2016-3.rlts.t62144610a95189833.en. Consultado em 21 de outubro de 2020 
  2. Paixão, Paulo (Verão de 2021). «Os Nomes Portugueses das Aves de Todo o Mundo» (PDF) 2.ª ed. A Folha — Boletim da língua portuguesa nas instituições europeias. p. 118. ISSN 1830-7809. Consultado em 13 de janeiro de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 23 de abril de 2022 
  3. a b Ferreira, A. B. H. (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 1641 
  4. a b Raposo, Marcos A.; Simon, José Eduardo; Teixeira, Dante Martins (2009). «Correction of the type locality of Neomorphus geoffroyi (Temminck, 1820), with lectotype designation» (PDF). Zootaxa (em inglês) (1): 65–68. ISSN 1175-5334. doi:10.11646/zootaxa.2176.1.6 
  5. a b c Payne, R.B. (1997). del Hoyo, J.; Elliott, A.; Sargatal, J., eds. Rufous-vented Ground Cuckoo (Neomorphus geoffroyi). Handbook of the Birds of the World. 4. Sandgrouse to Cuckoos. Barcelona: Lynx Edicions. pp. 606–607. ISBN 84-87334-22-9 
  6. Grande Dicionário Houaiss, verbete taiaçuíra e tajaçuíra
  7. Ferreira, A. B. H. (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 42 
  8. Ferreira, A. B. H. (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 21 
  9. Grande Dicionário Houaiss, verbete acanatique
  10. Grande Dicionário Houaiss, verbete acunati e acanati
  11. Ferreira, A. B. H. (1986). Novo Dicionário da Língua Portuguesa 2.ª ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira. p. 154 
  12. Grande Dicionário Houaiss, verbete aracuã
  13. Grande Dicionário Houaiss, verbete molambo
  14. Grande Dicionário Houaiss, verbete jacu
  15. a b c Elizondo, Luis Humberto (2001). «Neomorphus geoffroyi (Temmninck, 1820) (Cuco hormiguero)». Especies de Costa Rica. São Domingo: INBio 
  16. a b Erritzøe, Johannes; Mann, Clive F.; Brammer, Frederik; Fuller, Richard A. (2012). Cuckoos of the World. Col: Helm Identification Guides. Londres: Christopher Helm. ISBN 978-0713660340 
  17. a b Payne, Robert B.; Klitz, Karen (2005). The Cuckoos. Col: Bird Families of the World. Oxônia: Imprensa da Universidade de Oxônia. ISBN 978-0198502135 
  18. «Species factsheet: Neomorphus geoffroyi». BirdLife International. Consultado em 18 de dezembro de 2013 
  19. «Lista de Espécies da Fauna Ameaçadas do Espírito Santo». Instituto de Meio Ambiente e Recursos Hídricos (IEMA), Governo do Estado do Espírito Santo. Consultado em 7 de julho de 2022. Cópia arquivada em 24 de junho de 2022 
  20. «Lista de Espécies Ameaçadas de Extinção da Fauna do Estado de Minas Gerais» (PDF). Conselho Estadual de Política Ambiental - COPAM. 30 de abril de 2010. Consultado em 2 de abril de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 21 de janeiro de 2022 
  21. «PORTARIA N.º 444, de 17 de dezembro de 2014» (PDF). Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMbio), Ministério do Meio Ambiente (MMA). Consultado em 24 de julho de 2021. Cópia arquivada (PDF) em 12 de julho de 2022 
  22. «Livro Vermelho da Fauna Brasileira Ameaçada de Extinção» (PDF). Brasília: Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio), Ministério do Meio Ambiente. 2018. Consultado em 3 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 3 de maio de 2018 
  23. «Neomorphus geoffroyi (Temminck, 1814)». Sistema de Informação sobre a Biodiversidade Brasileira (SiBBr). Consultado em 22 de abril de 2022. Cópia arquivada em 9 de julho de 2022 
  24. «Texto publicado no Diário Oficial do Estado do Rio de Janeiro contendo a listagem das 257 espécies» (PDF). Rio de Janeiro: Governo do Estado do Rio de Janeiro. 2018. Consultado em 2 de maio de 2022. Cópia arquivada (PDF) em 2 de maio de 2022 

Ligações externas[editar | editar código-fonte]


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