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Neuropeptídeo

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Neuropeptídeo Y

Os Neuropeptídeos são pequenas moléculas semelhantes a proteínas, do tipo peptídeo, utilizadas pelos neurónios para comunicarem entre si. São moléculas sinalizadoras que influenciam a atividade do cérebro e do corpo de formas específicas. Diferentes neuropeptídeos estão envolvidos numa vasta gama de funções cerebrais, tais como analgesia, recompensa, ingestão alimentar, metabolismo, reprodução, comportamento social, aprendizagem e memória.

Mecanismo e síntese

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Os neuropeptídeos são sintetizados a partir de proteínas precursoras inativas, denominadas pré-peptídeos, que são clivadas em vários pequenos peptídeos ativos. Os pré-peptídeos produzem frequentemente múltiplas cópias do mesmo peptídeo ou muitos peptídeos diferentes.[1] O número de repetições de uma sequência peptídica mudou frequentemente ao longo da evolução e serviu como um ambiente propício à variabilidade genética.

Os péptidos son sintetizados no soma neuronal, e entran na vía secetora pasando a través do RER-complexo de Golgi, onde sofren un maior procesamento, despois son empaquetados en grandes vesículas de núcleo denso e son transportados ao longo do axón ou as dendritas.[2][3] As grandes vesículas de interior denso encóntranse con frecuencia en todas as partes dunha neurona, incluíndo o soma, dendritas, inchamentos axonais (varicosidades) e terminacións nerviosas, mentres que as vesículas sinápticas pequenas atópanse principalmente en grupos en localizacións presinápticas.[4][5] A libertação de vesículas grandes e pequenas é regulada de forma diferente. Os neuropeptídeos são libertados de forma dependente de cálcio ao ligarem-se aos recetores acoplados à proteína G (GPCRs). As vesículas grandes e com núcleo denso libertam baixos volumes de neuropeptídeos em comparação com as vesículas sinápticas e os neurotransmissores. Os neuropeptídeos não são imediatamente reabsorvidos, degradados ou reciclados e, por isso, permanecem bioativos durante longos períodos.

A expressão peptidérgica no cérebro pode ser altamente seletiva e específica. Nas larvas de Drosophila, por exemplo, a hormona da eclosão é expressa em apenas dois neurónios, enquanto a SIFamida é expressa em quatro. Em contraste com a sua expressão selectiva, a actividade peptidérgica pode ser ampla e duradoura. Os neuropeptídeos são frequentemente combinados com outros peptídeos e neurotransmissores tradicionais. Por exemplo, o peptídeo intestinal vasoativo é tipicamente co-libertado com a acetilcolina.[6] Em contraste com a sua expressão selectiva, a acção dos péptidos pode ser ampla e diversa. Os peptídeos ligam-se aos GPCRs para induzir cascatas de sinalização que alteram a atividade celular e sináptica. Existe também processamento específico de precursores de neuropeptídeos nos tecidos. Os diferentes tecidos têm etapas de processamento traducional adaptadas que resultam em peptídeos estrutural e funcionalmente diferentes.[2] Os peptídeos podem afetar a expressão génica, o fluxo sanguíneo local, a sinaptogénese e a morfologia das células gliais.

Referências

  1. Elphick, Maurice R.; Mirabeau, Olivier; Larhammar, Dan (1 de fevereiro de 2018). «Evolution of neuropeptide signalling systems». Journal of Experimental Biology (em inglês). 221 (3): jeb151092. ISSN 0022-0949. PMC 5818035Acessível livremente. PMID 29440283. doi:10.1242/jeb.151092 
  2. a b Mains, Richard E.; Eipper, Betty A. (1999). «The Neuropeptides». Basic Neurochemistry: Molecular, Cellular and Medical Aspects. 6th Edition 
  3. Nässel, Dick R.; Zandawala, Meet (agosto de 2019). «Recent advances in neuropeptide signaling in Drosophila, from genes to physiology and behavior». Progress in Neurobiology. 179. 101607 páginas. ISSN 1873-5118. PMID 30905728. doi:10.1016/j.pneurobio.2019.02.003 
  4. van den Pol AN (outubro de 2012). «Neuropeptide transmission in brain circuits». Neuron. 76 (1): 98–115. PMC 3918222Acessível livremente. PMID 23040809. doi:10.1016/j.neuron.2012.09.014 
  5. Leng G, Ludwig M (dezembro de 2008). «Neurotransmitters and peptides: whispered secrets and public announcements». The Journal of Physiology. 586 (23): 5625–32. PMC 2655398Acessível livremente. PMID 18845614. doi:10.1113/jphysiol.2008.159103 
  6. Dori, I.; Parnavelas, J. G. (1 de julho de 1989). «The cholinergic innervation of the rat cerebral cortex shows two distinct phases in development». Experimental Brain Research (em inglês). 76 (2): 417–423. ISSN 1432-1106. PMID 2767193. doi:10.1007/BF00247899