Ni móvel

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Na gramática do grego antigo, o ni móvel (em grego: νῦ ἐφελκυστικόν) é uma letra ni (escrita ν, transliterada n) inserida no fim de algumas formas gramaticais no grego ático e jônico de forma a evitar um hiato ou criar uma sílaba longa na métrica clássica.

Formas gramaticais[editar | editar código-fonte]

Os seguintes usos são listados por Herbert Weir Smyth:[1]

  • Palavras terminadas em -σι
    • λέγουσι(ν) eles dizem; λέξουσι(ν) eles dirão; τίθησι(ν) ele põe; πᾶσι(ν) para todos
  • Sufixo -ε de terceira pessoa singular
    • τέθνηκε(ν) ele morreu ou ele está morto; ἔλεγε(ν) ele estava dizendo; ἐτεθνήκει(ν) ele morrera ou ele estava morto
  • ἐστί ele é
  • ἤει ele foi
  • formas mais-que-perfeitas em -ει
    • ᾔδει ele soubera

Uso[editar | editar código-fonte]

O uso mais frequente do ni móvel está na interrupção de um hiato, quando a palavra seguinte começa em vogal. Comparar ambos os exemplos:[1]

  • πᾶσιν ἔλεγεν ἐκεῖνα para todos ele disse essas coisas
  • πᾶσι λέγουσι ταῦτα para todos eles dizem essas coisas

É comum, no entanto, terminar uma oração inserindo o ni, ou, no caso da poesia, um verso. Para o ajuste à métrica grega, é frequente que se adicione o ni móvel mesmo antes de uma consoante, de forma a criar uma sílaba longa.

Elisão[editar | editar código-fonte]

Em geral, a elisão final de vogais curtas utilizada na métrica grega dado o contato entre duas vogais não ocorre quando há a possibilidade de ni móvel, sendo o verbo ἐστί uma exceção, podendo ser elidido como ἐστ᾽. Notavelmente, o orador grego Demóstenes se põe como exceção na tradição literária grega, admitindo a elisão do sufixo -ε(ν).[2]

Referências

  1. a b Herbert Weir Smyth, A Greek Grammar, parágrafo 134-135.
  2. Herbert Weir Smyth, A Greek Grammar, parágrafo 73.