Niquemepa de Alalaque

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Niquemepa
Rei de Alalaque
Reinado ca. 1480 - século XV a.C.
Antecessor(a) Idrimi
Sucessor(a) Ilim-Ilima II
Nascimento século XVI a.C.
Morte século XV a.C.
Descendência Ilim-Ilima II
Pai Idrimi
Religião mitologia amorita

Niquemepa[1] foi um monarca amorita da primeira metade do século XV a.C.. Era filho de Idrimi e sucedeu seu pai como rei no Reino de Muquis. Por esta época, Alalaque era vassala dos hurritas do Reino de Mitani e há vasta evidência indicando a participação ativa dos monarcas mitanitas, sobretudo Saustatar, nos assuntos do reino.


Contexto[editar | editar código-fonte]

Desde 1 525 a.C., os territórios ancestrais dos monarcas de Alalaque, o Reino de Iamade, foram anexados pelos hurritas com a incorporação da capital Halabe no Reino de Mitani. Alalaque havia sido perdida antes desta data, mas foi reconquistada em ca. 1 518 a.C. por Idrimi, filho do último rei de Iamade, Ilim-Ilima I, e tornar-se-ia capital do Reino de Muquis (Mukish), que desde ca. 1 511 a.C. era um reino vassalo dos hurritas de Parsatatar.[a][2][3]

Vida[editar | editar código-fonte]

Reino de Mitani sob Parsatatar e Saustatar
Selo de Saustatar

Niquemepa era filho de Idrimi e irmão de Adadenirari. Segundo a inscrição de seu pai gravada sobre a estátua dele, quando Idrimi faleceu em ca. 1 480 a.C., ele foi sucedido no trono por Adadenirari como rei em Muquis, uma afirmação vista com receio pelos estudiosos, uma vez que este indivíduo não é mencionado na documentação restante encontrada em Alalaque. Além disso, Niquemepa reutilizou os selos de Idrimi e gravou seu nome sobre eles, prática que tinha como finalidade assegurar a continuidade da autoridade real e enfatizar a legitimidade da reivindicação do trono, o que levou Margaret S. Drower a propor que Adadenirari era seu irmão mais velho, mas que faleceu antes de seu pai, fazendo a sucessão recair sobre Niquemepa.[4]

O sucessor de Parsatatar, Saustatar, manteve a suserania sob Alalaque e durante seu reinado teria se envolvido como árbitro em ações judicias como é verificável pela presença de seu selo sobre documentos legais provenientes da capital de Niquemepa: em um destes documentos, Saustatar arbitrou numa disputa fronteiriça entre Sunassura de Quizuatena e Niquemepa,[5] enquanto em outro ele solicitou a intervenção de seu suserano para a resolução duma disputa envolvendo certo Iripazi (Iri-hazi)[6] que alegada não ser cidadão de Alalaque, mas sim Hanigalbate (em Mitani), o que deixava-o fora da jurisdição de Niquemepa.[5]

Apesar de estar sujeito a autoridade mitanita, Niquemepa pôde assinar tratados próprios, como aquele firmado com Iradade de Tunipe para extradição mútua de fugitivos de um reino para o outro;[5] este tratado de paridade, firmado provavelmente ainda sob Parsatatar, estabelece termos inteiramente recíprocos entre as partes envolvidas.[7] Além disso, Niquemepa concedeu privilégios a particulares como no caso de certo indivíduo chamado Cabia (Qabia) que foi alçado junto de sua família à posição de marianu (mariannu),[b] e recebeu o sacerdócio perpétuo de Enlil,[6] ou trocar correspondências com outros reis.[c] Finalmente, Niquemepa foi responsável pela edificação dum novo palácio em Alalaque e que atualmente é utilizado pelos arqueólogos como ponto de referência para definir a Camada IV da estratigrafia do sítio da cidade.[8]

Galeria de fotos[editar | editar código-fonte]

Notas[editar | editar código-fonte]


[a] ^ Michael C. Astour considerou que o reinado de Ilim-Ilima I iniciou ca. 1 524 a.C. e teria terminado em ca. 1 517 a.C.. Nesta data, seu herdeiro Idrimi fugiu para Amia, onde viveria entre os habiru por sete anos conforme uma inscrição presente numa estátua sua. Em ca. 1 510 a.C., Idrimi reuniu um exército e retomou Alalaque e após sete anos de conflito com o rei de Mitani Paratarna, ele reconheceu a suserania dos hurritas em ca. 1 503 a.C..[9]


[b] ^ Os marianus eram uma elite militar hurrita que desempenhava a função de cocheiros e ocupava posições centrais no exército.[10]


[c] ^ Quatro cartas trocadas entre Niquemepa e o rei Tirisrama foram preservada: na primeira, Tirisrama solicita que algumas pessoas sejam presas e enviadas a ele; na segunda ele solicita o envio de quatro burros, um touro, duas prostituas sagradas, uma vestimenta, um martelo de bronze, um xéquel de bronze e uma batarika de bronze; na terceira Tirisrama discute acerca de decisões do grande rei de Mitani e que poderiam causar o envio das prostitutas sagradas; e a quarta relata a divisão de trabalho de trabalhadores particulares que haviam sido alocados para vários lugares, sendo que três deles eram destinados a Tirisra (aqui identificado com Tirisrama).[11]

Referências

  1. Leão 2019, p. 260.
  2. Collon 1995, p. 109.
  3. Nelson 2008, p. 393.
  4. Drower 1973, p. 435.
  5. a b c Drower 1973, p. 436.
  6. a b Wiseman 1983, p. 39.
  7. Cancik-Kirschbaum 2014, p. 15.
  8. Astour 1989, p. 58.
  9. Astour 1989, p. 92.
  10. Na'aman 2005, p. 11.
  11. Münnich 2013, p. 122.

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

  • Astour, Michael C. (1989). Hittite history and absolute chronology of the Bronze Age. [S.l.]: P. Åström. ISBN 978-91-86098-86-5 
  • Cancik-Kirschbaum, Eva; Brisch, Nicole; Eidem, Jesper (2014). Constituent, Confederate, and Conquered Space: The Emergence of the Mittani State. [S.l.]: Walter de Gruyter. ISBN 3110266415 
  • Collon, Dominique (1995). Ancient Near Eastern Art. Berkeley e Los Angeles: University of California Press. ISBN 978-0-520-20307-5 
  • Drower, Margaret S. (1973). «Syria c. 1550-1400 B.C.». In: Edwards, I. E. S.; Gadd, C. J.; Hammond, N. G. L.; Sollberger, E. The Cambridge Ancient History - Vol. II Part 1 - The Middle East and the Aegean Region ca. 1800-1380 B.C. 0-521-08230-7. Cambridge: Cambridge University Press 
  • Leão, Delfim; Ramos, José Augusto; Rodrigues, Nuno Simões (2019). Arqueologias de Império. Coimbra: Imprensa da Universidade de Coimbra 
  • Münnich, Maciej M. (2013). The God Resheph in the Ancient Near East. [S.l.]: Mohr Siebeck. ISBN 3161524918 
  • Na'aman, Nadav (2005). Canaan in the Second Millennium B.C.E. [S.l.]: Eisenbrauns. ISBN 1575061139 
  • Nelson, Thomas (2008). The Chronological Study Bible. [S.l.]: Thomas Nelson Inc. ISBN 978-0-7180-2068-2 
  • Wiseman, Donald John (1983). The Alalakh tablets. [S.l.]: AMS Press. ISBN 0404182372