Nimco Ali

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Nimco Ali
Nimco Ali
Nascimento 1983
Somália
Cidadania Somália
Alma mater
Ocupação ativista
Prêmios
Página oficial
http://www.dofeve.org

Nimco Ali (em somali: Nimco Cali, alternativamente escrito Nimko, nascida c. 1982) é uma ativista social britânica de herança somali. Ela é co-fundadora e CEO da The Five Foundation, uma parceria global para acabar com a mutilação genital feminina (MGF).

Ali sofreu mutilação genital feminina em Djibuti e, mais tarde, formou a organização Filhas de Eva com Leyla Hussein para fazer campanha contra a MGF. Ela lançou seu primeiro livro em 2019, que contém 42 histórias de 152 entrevistas que Nimko Ali coletou de mulheres em 14 países. Mais tarde naquele ano, ela co-fundou a The Five Foundation com Brendan Wynne e, em 2020, co-fundou o Ginsburg Women's Health Board, com Mika Simmons.

Ela disputou uma vaga nas eleições gerais de 2017, sob o Partido da Igualdade das Mulheres. Em 2019, ela apoiou Boris Johnson, endossou o Partido Conservador e fez campanha para candidatos conservadores. Ela foi nomeada Assessora Independente do Governo para o Combate à Violência contra Mulheres e Meninas em 2020, cargo que terminou em 2022.

Vida pregressa[editar | editar código-fonte]

Nimko Ali nasceu em dezembro de 1982 na Somalilândia, país africano ainda não-reconhecido internacionalmente. Quando ela tinha quatro anos, sua família mudou-se para Manchester, na Inglaterra, depois se mudou para Cardiff, no País de Gales.[1][2] Ela tem quatro irmãos e um deles, Mohamed, é presidente dos conservadores somalis.[3] Aos sete anos, Nimko Ali foi submetida a mutilação genital feminina (MGF), em Djibuti, durante as férias com sua família.[1][4] Mais tarde, ela sofreu complicações de saúde e teve que passar por uma cirurgia reconstrutiva.[5] A experiência e o encontro com outras mulheres que foram incisadas mais tarde a inspiraram a ajudar meninas em risco e a pedir a erradicação da prática.[1][2] Nimko Ali estudou Direito na Universidade de Bristol, no Reino Unido.[6]

Carreira[editar | editar código-fonte]

Em 2010, Nimko Ali e Leyla Hussein fundaram o Filhas de Eva.[1][7] A organização sem fins lucrativos foi criada para ajudar mulheres e meninas, com foco em fornecer educação e aumentar a conscientização sobre a mutilação genital feminina.[8]

Nimko Ali cofundou a The Five Foundation, "The Global Partnership to End FGM", com Brendan Wynne em 2019. Esta organização sem fins lucrativos trabalha para colocar a questão da MGF na agenda internacional e alavancar fundos para organizações de base que trabalham para acabar com a MGF. Nimko Ali trabalhou anteriormente como funcionária pública. Ela também atuou como ativista dos direitos das mulheres e consultora de treinamento independente por vários anos.[9][10] Além disso, Nimko Ali atuou como coordenadora de rede para The Girl Generation. Ela também escreveu extensivamente sobre os direitos nacionais de gênero.[9]

Seu livro What We’re Told Not to Talk About (But We’re Going to Anyway): Women’s Voices from East London to Ethiopia foi publicado pela Penguin Books, em junho de 2019. Inclui histórias de mulheres que estão compartilhando experiências que sempre disseram que deveriam ser "secretas e vergonhosas", bem como a própria história de Nimko Ali sobre viver com MGF.[11] O livro contém 42 histórias de 152 entrevistas que Nimko Ali realizou com mulheres em 14 países.[12] No The Times, Hannah Betts descreveu o livro como "um relato transcultural convincente da vida vaginal".[13] Isobel Shirlaw disse para o Jornal i que era um livro importante e que "o coro de vozes femininas que fornecem uma visão global multidimensional dessas questões ocultas é poderoso".[14] A crítica do The Guardian de Arifa Akbar elogiou o livro como "uma rica coleção de histórias íntimas e sem censura" e escreveu que Nimko Ali "entrega a fisicalidade das experiências das mulheres com todo o vazamento, sujeira fecal e sangrenta do corpo exposto", embora observando que "falta uma reflexão mais profunda" e criticando a omissão de cobertura de quem não fosse heterossexual e cisgênero.[15] Nimko Ali disse a um entrevistador do The Guardian que:[16]

"Desde os sete anos de idade, quando comecei a falar sobre minha vagina depois da MGF, me disseram que eu deveria ter vergonha. Mas eu não estaria falando sobre essas coisas se a MGF não tivesse acontecido comigo. Essa é uma maneira de tentar me quebrar e me manter em silêncio, mas isso me tornou a pessoa mais barulhenta da sala."

Em 2020, Nimko Ali e Mika Simmons fundaram o Ginsburg Women's Health Board, para fazer campanha por um sistema de saúde mais eficaz e equitativo para mulheres do Serviço Nacional de Saúde. A organização recebeu o nome de Ruth Bader Ginsburg.[17][18]

A secretária do Interior do Reino Unido, Priti Patel, nomeou Nimko Ali como consultor independente do governo para combater a violência contra mulheres e meninas, em outubro de 2020.[19] Nimko Ali foi uma nomeação direta para a função, que, como é comum em tais funções, não foi anunciada. A função envolve a formulação de uma estratégia para reduzir a violência contra mulheres e meninas, com recomendações esperadas para 2021.[20] O relatório, com prefácio de Priti Patel e de Nimko Ali, foi publicado em julho de 2021.[21][22] Nimko Ali expressou sua esperança de que a estratégia seja uma base para melhorar a segurança de mulheres e meninas por meio da educação e da legislação, mas seria necessária uma mudança em "todo o sistema" para reduzir a violência.[23] Em dezembro de 2022, Nimko Ali disse que não queria trabalhar sob comando da nova secretária conservadora do Interior, Suella Braverman, e estava em um "planeta completamente diferente" de Braverman sobre os direitos das mulheres e minorias étnicas.[24]

Atividade política[editar | editar código-fonte]

Nas eleições gerais de 2017, Nimko Ali disputou a cadeira de Hornsey e Wood Green, no norte de Londres, pelo Partido da Igualdade das Mulheres.[25] Nimko Ali obteve 551 votos (0,9% do total)[26] e terminou em 5º lugar entre os 8 candidatos que concorreram à eleição.[27] Durante a campanha, os funcionários da campanha de Nimko Ali receberam dezenas de telefonemas abusivos e agressivos, e Nimko Ali recebeu uma ameaça de morte.[25]

Nimko Ali é amiga de Carrie Johnson, esposa de Boris Johnson, ex-primeiro-ministro do Reino Unido, e madrinha do filho deles, Wilfred.[28] Ela endossou Johnson, a quem se referiu como uma "verdadeira feminista", nas eleições para a liderança conservadora de 2019.[29] Durante as eleições gerais de 2019, Nimko Ali fez campanha em nome dos conservadores.[30]

Honras e prêmios[editar | editar código-fonte]

2014 - Prêmio de comunidade/caridade, juntamente com Leyla Hussein, no prêmio de Mulher do Ano da Red Magazine, por seu trabalho com Filhas de Eva.[8]

2014 - Nimko Ali e Leyla Hussein também ficaram em sexto lugar na lista Woman's Hour Power.[7]

2018 - Nomeada uma das 100 mulheres da BBC.[31]

2019 - No Dia Internacional da Mulher de 2019, foi anunciado que o Prêmio Internacional dos Direitos da Mulher de Genebra seria concedido a ela por sua "abordagem para acabar com a MGF, oferecendo apoio holístico aos sobreviventes da prática".[32]

2019 - Nomeada oficial da Ordem do Império Britânico (OBE) nas honras de aniversário de 2019 por seus serviços no combate à mutilação genital feminina e à desigualdade de gênero.[33][16]

Veja também[editar | editar código-fonte]

Referências

  1. a b c d Onyanga-Omara, Jane (29 de julho de 2011). «Men 'must help stop female genital mutilation'». BBC. Consultado em 2 de outubro de 2014. Arquivado do original em 17 de outubro de 2014 
  2. a b Poon, Linda (5 de agosto de 2014). «Fighting Genital Cutting Of British Girls: A Survivor Speaks Out». NPR. Consultado em 2 de outubro de 2014. Arquivado do original em 1 de outubro de 2014 
  3. Collier, Hatty (16 de maio de 2017). «Bizarre row erupts in north London election race as Women's Equality candidate labelled 'anti-feminist'». Evening Standard. Consultado em 20 de fevereiro de 2018. Arquivado do original em 20 de fevereiro de 2018 
  4. Bentham, Martin (18 de fevereiro de 2013). «Met will prosecute parents who send their girls abroad to be 'cut'». Evening Standard. Consultado em 2 de outubro de 2014. Arquivado do original em 6 de outubro de 2014 
  5. Banneman, Lucy (13 de janeiro de 2014). «'It's child abuse that has gone mainstream'». The Times. Consultado em 2 de outubro de 2014. Arquivado do original em 6 de outubro de 2014 
  6. Sturges, Fiona (21 de junho de 2019). «Nimko Ali: 'Orgasms and sexual pleasure are a human right. I guard these things with my life'». The Guardian. Consultado em 19 de outubro de 2022 
  7. a b British Association for Behavioural & Cognitive Psychotherapies (maio de 2014). «Towards ending female genital mutilation» (PDF). CBT Today. 42 (2): 16–17. Consultado em 3 de outubro de 2014. Cópia arquivada (PDF) em 6 de outubro de 2014 
  8. a b Powell, Emma (4 de setembro de 2014). «Lauren Laverne, Sadie Frost and Olivia Inge attend the Red Woman of the Year Awards». Evening Standard. Consultado em 2 de outubro de 2014. Arquivado do original em 6 de outubro de 2014 
  9. a b «6. Leyla Hussein and Nimco Ali». Woman's Hour. BBC. 2013. Consultado em 2 de outubro de 2014. Arquivado do original em 25 de dezembro de 2018 
  10. Kelly-Linden, Jordan (8 de fevereiro de 2020). «Global health: Why the key to ending FGM lies in the hands of women». The Telegraph. Consultado em 26 de agosto de 2021. Arquivado do original em 16 de abril de 2021 
  11. «Nimko Ali». www.penguin.co.uk (em inglês). Consultado em 15 de janeiro de 2023 
  12. Sturges, Fiona (21 de junho de 2019). «Nimko Ali: 'Orgasms and sexual pleasure are a human right. I guard these things with my life'». The Guardian. Consultado em 10 de agosto de 2021. Arquivado do original em 26 de novembro de 2020 
  13. Betts, Hanah (8 de agosto de 2019). «The new period drama? I don't feel part of it: From hormone-tracking apps to subscription boxes, menstruation merchandise is everywhere. Who is really profiting?». The Times. p. 2 
  14. Shirlaw, Isobel (12 de julho de 2019). «What We're Told Not to Talk About (But We're Going to Anyway), by Nimko Ali: a devastating chorus of women». inews.co.uk. Consultado em 10 de agosto de 2021. Arquivado do original em 12 de maio de 2021 
  15. Akbar, Arifa (10 de julho de 2019). «What We're Told Not to Talk About by Nimko Ali review – the body laid bare». The Guardian. Consultado em 27 de agosto de 2021. Arquivado do original em 26 de agosto de 2021 
  16. a b «Page B10 | Supplement 62666, 8 June 2019 | London Gazette | The Gazette». www.thegazette.co.uk. Consultado em 15 de janeiro de 2023 
  17. Harvey-Jenner, Catriona (20 de maio de 2021). «A new health board aims to eradicate the gender health gap». Cosmoplitan. Consultado em 26 de agosto de 2021. Arquivado do original em 23 de maio de 2021 
  18. «About us». Ginsburg Women's Health Board. Consultado em 26 de agosto de 2021. Arquivado do original em 26 de agosto de 2021 
  19. «FGM campaigner Nimco Ali appointed as Tackling Violence Against Women and Girls adviser». GOV.UK. Consultado em 10 de outubro de 2020. Arquivado do original em 10 de outubro de 2020 
  20. Blackall, Mollie (5 de dezembro de 2020). «Carrie Symonds' friend Nimco Ali given Home Office role without it being advertised». The Guardian. Consultado em 10 de agosto de 2021. Arquivado do original em 24 de julho de 2021 
  21. «Tackling violence against women and girls strategy launched». gov.uk. 21 de julho de 2021. Consultado em 10 de agosto de 2021. Arquivado do original em 10 de agosto de 2021 
  22. «Tackling violence against women and girls strategy». gov.uk. 26 de julho de 2021. Consultado em 10 de agosto de 2021. Arquivado do original em 10 de agosto de 2021 
  23. Topping, Alexandra (20 de julho de 2021). «Public street harassment could be made illegal in England and Wales». The Guardian. Consultado em 10 de agosto de 2021. Arquivado do original em 10 de agosto de 2021 
  24. «Nimco Ali: Adviser to step down to avoid serving under Braverman». BBC News. 9 de dezembro de 2022. Consultado em 10 de dezembro de 2022 
  25. a b Topping, Alexandra (7 de junho de 2017). «Women's Equality party candidate receives death threat signed 'Jo Cox'». The Guardian. Consultado em 5 de junho de 2018. Arquivado do original em 29 de maio de 2018 
  26. Saul, Heather (9 de junho de 2017). «Women's Equality Party defeat follows weeks of horrific abuse». i. Consultado em 5 de junho de 2018. Arquivado do original em 5 de julho de 2018 
  27. «General Election 2017 - Haringey votes». voting.haringey.gov.uk. Consultado em 5 de julho de 2018. Arquivado do original em 5 de julho de 2018 
  28. Sheridan, Danielle (18 de outubro de 2021). «Number 10 deny Christmas visit by godmother of Boris Johnson's baby broke lockdown rules». Daily Telegraph. Consultado em 17 de dezembro de 2022 
  29. Ali, Nimco (7 de junho de 2019). «Why am I backing Boris? Because he's a real feminist». The Telegraph. Consultado em 13 de junho de 2019. Arquivado do original em 10 de junho de 2019 
  30. «Election blind dates: Owen Jones and Nimco Ali». BBC News. 10 de dezembro de 2019. Consultado em 4 de janeiro de 2022. Arquivado do original em 2 de janeiro de 2022 
  31. «BBC 100 Women 2018: Who is on the list?». BBC News (em inglês). 19 de novembro de 2018. Consultado em 19 de novembro de 2018. Arquivado do original em 29 de outubro de 2019 
  32. «25 NGOs Announce 2019 Anti-FGM Champion As International Women's Rights Award Winner» (em inglês). Geneva Summit for Human Rights and Democracy. 8 de março de 2019. Consultado em 9 de março de 2019. Arquivado do original em 1 de abril de 2019 
  33. News item: Queen's Birthday Honours. BBC One (Television). BBC News 1.05 pm. 8 de junho de 2019. Consultado em 8 de junho de 2019