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O Alienista

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O Alienista
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Autor Machado de Assis
Título original Brasil
País Brasil
Idioma Português
Gênero Literatura do Brasil, Conto, Crônica
Data de publicação 1882

O Alienista é uma obra literária humorística do escritor brasileiro Machado de Assis. Muitos o consideram um conto, mas a maioria dos críticos e especialistas consideram-no uma novela por causa da sua estrutura narrativa.

Publicado em 1882, quando aparece incorporado ao volume de contos Papéis Avulsos, havia sido publicado previamente em A Estação (Rio de Janeiro), de 15 de outubro de 1881 a 15 de março de 1882.[1]

O livro conta a história do Dr. Bacamarte, um alienista (a designação de psiquiatra na época), que cria a Casa Verde, um local para realizar estudos inéditos sobre a mente humana, mas acaba se perdendo na sua própria loucura.[2]

Depois de conquistar respeito em sua carreira de médico na Europa e no Brasil, o Dr. Simão Bacamarte retorna à sua terra natal, a vila de Itaguaí, para se dedicar ainda mais a sua profissão. Após um tempo na vila, casa-se com a já viúva D. Evarista, uma mulher por volta dos vinte e cinco anos e que não é nem bonita e nem simpática. O médico a escolheu por julgá-la capaz de lhe gerar bons filhos e de pensar, que apesar de tal não ter acontecido, que ela tinha origem alienista, daí a origem do título, mas ela acaba não tendo algum.[3]

Certo dia, o Dr. Bacamarte resolve dedicar-se aos estudos da psiquiatria e constrói, em Itaguaí, um manicômio chamado Casa Verde para abrigar todos os loucos da cidade e região. Em pouco tempo o local fica cheio, e ele vai ficando cada vez mais obcecado pelo trabalho. No começo os internos eram realmente casos de loucura e a internação aceita pela sociedade, mas em certo momento Dr. Bacamarte passou a enxergar loucura em todos e a internar pessoas que causavam espanto. A primeira delas foi o Costa, homem que perdeu toda sua herança emprestando dinheiro para os outros, mas não conseguia cobrar de seus devedores.[4] A partir daí diversas outras personagens serão internadas pelo alienista.

Enquanto essas internações vão sucedendo e deixando a população de Itaguaí alarmada, D. Evarista encontra-se em uma viagem pelo Rio de Janeiro. Ela havia ficado muito deprimida pela pouca atenção que o marido lhe dava, quase voltando a se sentir uma viúva novamente, e ganhara do Dr. Bacamarte uma viagem para conhecer o Rio. Todos na cidade viam na volta de D. Evarista a solução para as inesperadas internações feitas pelo alienista. Porém, mesmo após o retorno dela à vila, Dr. Bacamarte continuou agindo da mesma forma.

Com o tempo, o clima se torna cada vez mais tenso na cidade, e o barbeiro Porfírio, que há muito almejava ingressar na carreira política, resolve armar um protesto. Porém, quando se descobre que o alienista pediu para não receber mais dinheiro pelos internos, generaliza-se a crença de que as inúmeras reclusões não seriam movidas por interesses econômicos mesquinhos, e o movimento se enfraquece. Porfírio, no entanto, movido por sua ambição de chegar ao poder, consegue armar a Revolta dos Canjicas (o barbeiro era conhecido por "Canjica").[5] A população se dirige para a casa do Dr. Bacamarte, para protestar, mas é recebida por ele com muita tranquilidade. Por um momento, a fúria do povo parece ter sido controlada, mas a população se revolta novamente quando o alienista lhe dá as costas e volta a seus estudos.

É quando a força armada da cidade chega para tentar controlar a população. Porém, para a surpresa de todos, a polícia se junta aos revoltosos, e Porfírio se vê em uma posição de poder, como líder de uma revolução.[5] Resolve, então, dirigir-se até a Câmara dos Vereadores para destituí-la. Agora com plenos poderes, Porfírio chama o Dr. Bacamarte para uma reunião, mas, em vez de despedi-lo, junta-se a ele e assim as internações continuam na cidade.

Dias depois, 50 apoiadores da Revolução dos Canjicas são internados. Outro barbeiro, o João Pina, levanta-se contra e arma uma confusão tão grande que Porfírio é deposto. Mas a história se repete, e o novo governo também não derruba a Casa Verde. Pelo contrário, fortalece-a. As internações continuam de forma acelerada, e até D. Evarista é internada após passar uma noite sem dormir por não conseguir decidir que roupa usaria numa festa.

Por fim, 75% da população da cidade encontra-se internada na Casa Verde. O alienista, percebendo que estava errado, resolve libertar todos os internos e refazer sua teoria: se a maioria apresentava desvios de personalidade e não seguia um padrão, então louco era quem mantinha regularidade nas ações e possuía firmeza de caráter.[6] Com base em sua nova teoria, o Dr. Bacamarte recomeça a internar as pessoas da cidade, e o primeiro deles é o vereador Galvão, o único contrário à lei proposta pelos vereadores de que eles não poderiam ser recolhidos à Casa Verde.[7] Assim, as internações continuam. Outras pessoas, porém, são consideradas curadas ao apresentarem algum desvio de caráter.

Após algum tempo, ele dá alta a todos os presentes na Casa Verde, depois de tratar o equilíbrio mental. Com isso ele desenvolve uma nova teoria: como ninguém tinha uma personalidade perfeita, exceto ele próprio, o alienista conclui ser o único anormal e decide trancar-se sozinho na Casa Verde, vindo a falecer poucos meses depois.[8]

Dr. Simão Bacamarte - É médico psiquiatra e o protagonista da história. A ciência era o seu universo, vivia estudando. Representa bem a caricatura do tiranismo da ciência no século XIX, podendo ser um precursor de personagens como Spock.[9] Construiu a Casa Verde para materializar suas ideias,[10] mas acabou se tornando vítima delas, recolhendo-se à Casa Verde por se considerar o único cérebro bem organizado de Itaguaí.[11]

D. Evarista - Mulher de Simão Bacamarte, "não era tão bonita nem simpática",[12] mas foi escolhida por Simão Bacamarte por ter características que a deixavam apta a dar filhos robustos e inteligentes a Simão, o que não aconteceu.[3] Passou pela Casa Verde, depois de uma crise comum na sociedade moderna consumista.[13]

Crispim Soares - O boticário, amigo de Simão, era admirador das pesquisas de Simão Bacamarte, chegando até a dar ideias a ele. Foi preso na Casa Verde por apoiar o barbeiro em um momento crítico. A mais, no intuito da curiosidade e nota, Crispim (Italiano Crispino) era o nome de um criado de comédia, de origem italiana, tornado um tipo chocarreiro, mas velhaco e pouco escrupuloso, como o tal personagem da novela que possivelmente o sábio autor tomou como referência.

Padre Lopes - Era homem de muitas virtudes, mas justamente por este motivo foi recolhido à Casa Verde. Mais tarde, foi posto em liberdade depois que traduziu obras do grego e do hebraico, mesmo não sabendo nenhuma dessas línguas.

Porfírio, o barbeiro - Ele lidera a rebelião contra a Casa Verde, conseguindo assim chegar ao poder na cidade,[5] mas depois mostra que ele tinha apenas ambição pelo poder, pois nega-se a colaborar com uma segunda rebelião.[14]

Espanhol
Esperanto
  • La alienisto. Tr. Paulo Sérgio Viana. Fonto, 1997.
Inglês
  • The Psychiatrist, and Other Stories. Tr. William L. Grossman (novela e tres contos), Helen Caldwell (8 contos). University of California, 1963.
  • The Alienist and Other Stories of Nineteenth-century Brazil. Tr. John Charles Chasteen, Hackett, 2013.

Publicações na A Estação (1881-1882):

Referências

  1. Machado de Assis (2019). O Alienista. [S.l.]: Antofágica. p. 258. ISBN 978-65-80210-08-4 
  2. Machado de Assis (2019). O Alienista. [S.l.]: Antofágica. p. 286. ISBN 978-65-80210-08-4 
  3. a b Machado de Assis (2019). O Alienista. [S.l.]: Antofágica. p. 271. ISBN 978-65-80210-08-4 
  4. Machado de Assis (2019). O Alienista. [S.l.]: Antofágica. p. 280. ISBN 978-65-80210-08-4 
  5. a b c Machado de Assis (2019). O Alienista. [S.l.]: Antofágica. p. 281. ISBN 978-65-80210-08-4 
  6. Machado de Assis (2019). O Alienista. [S.l.]: Antofágica. p. 283. ISBN 978-65-80210-08-4 
  7. Machado de Assis (2019). O Alienista. [S.l.]: Antofágica. p. 219. ISBN 978-65-80210-08-4 
  8. Machado de Assis (2019). O Alienista. [S.l.]: Antofágica. p. 284. ISBN 978-65-80210-08-4 
  9. Machado de Assis (2019). O Alienista. [S.l.]: Antofágica. p. 269-270. ISBN 978-65-80210-08-4 
  10. Machado de Assis (2019). O Alienista. [S.l.]: Antofágica. p. 272-273. ISBN 978-65-80210-08-4 
  11. Machado de Assis (2019). O Alienista. [S.l.]: Antofágica. p. 268. ISBN 978-65-80210-08-4 
  12. Machado de Assis (2019). O Alienista. [S.l.]: Antofágica. p. 26. ISBN 978-65-80210-08-4 
  13. Machado de Assis (2019). O Alienista. [S.l.]: Antofágica. p. 198. ISBN 978-65-80210-08-4 
  14. O Alienista, Machado de Assis. Editora Ática. São Paulo.
  15. Xavier, Nilson. «Vila do Arco». Teledramaturgia. Consultado em 6 de abril de 2022 
  16. Caso Especial O Alienista (1993), consultado em 8 de abril de 2022 
  17. Hector Lima (25 de Outubro de 2010). «Cinco perguntas para Natália Klein, autora de O ALIENISTA CAÇADOR DE MUTANTES». GomaDeMascar.net. Consultado em 27 de Junho de 2011 
  18. «Detonautas Roque Clube é a banda do ano para o Jam Sessions». oglobo.globo.com , O Globo

Ligações externas

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