Olímpio Mourão Filho

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Olímpio Mourão Filho (Diamantina, 1900Rio de Janeiro, 1972) foi um militar integralista que participou ativamente do movimento integralista e do golpe militar de 1964.

Golpe do Estado Novo

O capitão Olímpio redigiu um documento, de circulação interna na Ação Integralista Brasileira, que simulava um plano comunista de tomada de poder denominado Plano Cohen.

Os documentos escritos pelo então capitão Olímpio Mourão Filho detalhavam um suposto plano revolucionário para o Brasil. Cópias desses papéis foram parar nas mãos de oficiais do Exército Brasileiro. Em função disto, alguns militares declararam, extra-oficialmente, apoio a uma possível tentativa do então presidente Getúlio Vargas de prolongar seu mandato e implantar uma ditatura no país.

Tentativa de golpe em 1937 e o Estado Novo

Durante o período em que Getúlio Vargas governou constitucionalmente o Brasil, cresce a atuação de um grupo que se denominava Ação Integralista Brasileira (AIB).

Nesta mesma época, surge a Aliança Nacional Libertadora (ANL), movimento liderado pelo Partido Comunista do Brasil (PCB), então na clandestinidade. Estava formada então uma bipolarização ideológica iniciando assim uma luta pelo poder nacional.

O fechamento da ANL, determinado por Getúlio Vargas, bem como a prisão dos líderes comunistas, precipita uma série de conspirações que levam à Intentona Comunista de 1935, movimento que eclode no mês de novembro nas cidades de Natal, Recife e Rio de Janeiro.

Em 1937, quando se aguardavam as eleições presidenciais para janeiro de 1938, foi denunciado pelo governo a existência de um plano comunista para tomar o poder. A conspiração se iniciou no interior do próprio governo. Olímpio Mourão Filho, capitão na época, foi seu redator. Este "plano" acabou por criar um clima favorável ao golpe e posterior instauração do Estado Novo, fato ocorrido em 10 de novembro de 1937.

Vargas então, assina um Decreto-lei determinando o fechamento dos partidos políticos, inclusive a AIB. Em 11 de maio de 1938, algumas pessoas, inclusive integralistas, invadem o Palácio Guanabara, sede do Governo Federal, numa tentativa de um golpe de Estado para a deposição do presidente.

A guarda presidencial que estava protegendo ao presidente e sua família, repele o ataque e mata muitos integralistas. Esse episódio fica conhecido como Intentona Integralista, seus líderes, Mourão entre eles, são presos e processados. Mourão e muitos outros participantes do movimento são anistiados por Vargas sob a imposição de fidelidade ao líder caudilho.

Golpe Militar de 1964

Além do golpe de 1937,Mourão Filho teve um papel determinante no golpe de 31 de março de 1964, chamado na época de contra-golpe ou revolução, pelos militares.

No golpe de 1964, Mourão foi criticado pelos seus aliados, entre estes Magalhães Pinto, governador de Minas Gerais. Este afirmou que:

  • …(sic)…por ter deslocado as tropas com poucas armas, recursos e precipitadamente de Juiz de Fora para o Rio de Janeiro, Mourão poderia ter causado um banho de sangue.

Também consta nos anais históricos do Brasil que o Deputado Armando Falcão perguntou ao General Olímpio o porquê de sua atitude precipitada. A resposta de Olímpio, divulgada muitos anos depois de acabar a censura imposta pelos militares à imprensa brasileira foi:

  • (sic)…--Em matéria de política sou uma vaca fardada, e que de acordo minha consciência, estou certo, e quem quiser que me siga.

Ministério do Superior Tribunal Militar

Olímpio foi ministro do Superior Tribunal Militar durante a ditadura, mandando cumprir muitos Inquéritos Policiais Militares, os temidos IPM's, donde confissões foram conseguidas por métodos não ortodoxos de interrogatório.

As reuniões democráticas

Segundo algumas publicações de cunho político de orientação conservadora, Olímpio Mourão em São Paulo, participava de reuniões políticas em frente à praça da Sé, e em seu diário constam anotações sobre os "direitos que todo governo deveria promover".

A visão da ditadura

Aqueles que participaram da revolução de 1964, afirmam que o general Mourão, frustrou a tentativa de golpe, vinda do próprio presidente da República, segundo estes, o pró-comunista João Goulart e que as suas reformas de base, nacionalização de 300 empresas norte americanas, reformas urbanas e rurais eram medidas não consensuais e, no início daquele ano, a oposição demonstrou o seu descontentamento com a Marcha da Família com Deus pela Liberdade, contra aquele governo pró-comunista de "Jango".

Dizem ainda que:

  • movendo brasileiros naquele que foi considerado maior movimento cívico já observado até aquela data.
  • A marcha começou na praça da República e terminou na praça da Sé. Meio milhão de homens, mulheres e jovens, - levados gratuitamente pelas empresas de transportes urbanos - sem distinção de cor, credo religioso ou posição social - gritaram vivas à sua ideia de democracia e à Constituição, vaiando os traidores da pátria.

Naquela manifestação houve o culto ecumênico celebrado pelo capelão do exército norte-americano padre Patrick Peiton.

Os simpatizantes da ditadura ainda afirmam que:

  • No começo de 1964, todas as frentes políticas desejavam o golpe, mas ninguém queria iniciá-lo. O general Mourão, chefe da quarta Região Militar em Minas Gerais, resolveu o problema até porque no dia 9 de maio ele se aposentaria.
  • Na madrugada do dia 31 de março, as forças do general deixaram Juiz de Fora, sede da IV Região Militar, indo em direção ao Rio de Janeiro sem encontrar resistência.
  • A IV Divisão de Infantaria, reforçada por dois outros regimentos vindos de Belo Horizonte e São João del-Rei, terminaram por se confraternizar no meio do caminho com as guarnições do I Exército que haviam partido da ex-capital federal com a missão de confrontá-la.
  • Na manhã do dia 31 de março Mourão disparou telefonemas para todo o Brasil, dizendo: "Minhas tropas estão na rua!". Esta operação se chamou "Operação Popeye", em referência ao seu inseparável cachimbo, e à Operação Brother Sam, que era consistida pela Frota do Caribe norte-americana com cem toneladas de armas leves e munições, além quatro navios petroleiros com capacidade para 130 mil barris de combustível cada, uma esquadrilha de aviões de caça, um navio de transporte de helicópteros com a carga de 50 helicópteros, tripulação e armamento completo, um porta-aviões nuclear da classe Forrestal completo com tripulação equipamentos e armamentos, inclusive nucleares, seis destróiers, um encouraçado, além de um navio de transporte de tropas com cinco mil marines, e 25 aviões C-135 para transporte de material bélico. Se houvesse confronto o Brasil seria invadido, a poderosa Frota do Caribe estava a 50 milhas náuticas ao Sul do Rio de Janeiro.

A deposição de Jango

Aconselhado pelo general Amaury Kruel, comandante do II Exército, o Presidente desistiu de manter qualquer resistência na ex-capital federal (afinal a Frota do Caribe estava a 50 milhas náuticas de lá).

Com a retirada de Goulart para Brasília, milhares de lenços brancos eram acenados celebrando a sua queda.

Em 2 de abril, aproximadamente um milhão de pessoas participaram no Rio, da "Marcha da Vitória" patrocinada pelo IPES para saudar a mudança de rumo político do Brasil. Os apoiantes do golpe de Olímpio manifestaram-se de forma ruidosa, ecoando buzinas. Das janelas dos carros em movimento gritavam "Um, dois, três, Jango no xadrez!".

Goulart voou para o Rio Grande do Sul, se refugiando numa de suas muitas estâncias, para poder fazer uma avaliação da situação.

Dizem que o ânimo do III Exército, comandado pelo general Ladário Teles, em apoiá-lo não era muito entusiasta.

No dia 2 de abril, o Presidente do Senado Auro de Moura Andrade declarou a vacância da presidência, embora o presidente ainda estivesse em solo brasileiro.

Goulart, ajudado pelo general Argemiro de Assis Brasil pediu asilo no Uruguai, onde foi acolhido. Nenhum tiro foi disparado em favor do governo de Goulart, nem contra, foi um golpe, segundo dizem, pacífico.

Bibiografia

  • MOURÃO FILHO, Olímpio. Memórias: A Verdade de um Revolucionário, Porto Alegre, L&PM, 1978.

Ver também

Ligações externas