Orlando Vitorino

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Orlando Vitorino (Almeida,[1] 1922 - Lisboa, 14 de dezembro de 2003) foi um filósofo[2] e político português.

Discípulo de José Marinho e Álvaro Ribeiro e inspirado em Hegel, destacou-se sobretudo na filosofia, publicando vários estudos e livros nessa área. O filósofo nas suas reflexões aborda várias temáticas desde a Estética, à Filosofia do Teatro ou à Filosofia Política[2] próxima do neoliberalismo.[3]

Para além disso, Orlando Vitorino desempenhou um papel ativo na área do teatro, como actor, encenador e dramaturgo.[2] Foi também diretor de alguns filmes.[1]

É muito conhecida a reflexão sobre a inutilidade da Universidade.[2] Esta deveria ser extinta porque era «herdeira de todas as limitações ao desenvolvimento intelectual e de todas as proibições de informação cultural e científica ancestralmente atribuídas a organizações que, no progresso de actualização, as vieram abjurando, como as do ensino e da censura eclesiásticos» (in prefácio ao Ensaio sobre a Liberdade, de John Stuart Mill, Arcádia, 1973).[1]

Foi um dos últimos representantes do movimento "Filosofia Portuguesa".[1]

Biografia[editar | editar código-fonte]

Licenciou-se em Ciências Histórico-Filosóficas na Universidade de Lisboa e foi funcionário superior da Fundação Calouste Gulbenkian,[2] colaborando com Branquinho da Fonseca no arranque do Serviço de Bibliotecas Itinerantes, juntamente com Domingos Monteiro e António Quadros.[1]

Lançou a primeira tradução portuguesa da "Filosofia do Direito" de Hegel, no início da década de sessenta do século XX, para, quinze anos mais tarde, também introduzir, entre nós, o pensamento de Hayek, com "O Caminho para a Servidão".[1]

Em 1951, funda com António Quadros os fascículos de cultura Acto,[1] a partir de uma ideia onde também colaboram os escultores António Duarte e Martins Correia, , que defendem a originalidade de uma filosofia portuguesa, autónoma e diferenciada.[4]

Em 1955, em parceria com Azinhal Abelho, fundou a Companhia do Teatro d'Arte de Lisboa para a qual traduziu e encenou diversas peças.[1]

Dirigiu também os Teatros da Trindade e da Estufa Fria.[2]

Entre os realizadores da produção própria da CNEA conta-se Orlando Vitorino.[5] Assim como, ainda nos anos 50 realizou várias curtas-metragens «culturais» em associação com o referido Azinhal Abelho. Nesta área terá, ainda, trabalhado com Manuel de Guimarães na adaptação (ou no argumento ou na sequência e planificação) de «O Trigo e o Joio».[1]

Em 1956, no ano do centenário do nascimento de Sampaio Bruno, lançam o «Movimento de Cultura Portuguesa», fundando e dirigindo o jornal 57 (1957-1962), juntamente com o seu amigo António Quadros e Afonso Botelho. Aqui, com maior amplitude, profundidade e continuidade do que se fizera na revista Acto, cinco anos antes, procurou-se dar pública expressão e desenvolvimento às teses da filosofia portuguesa.[4]

Em 1964, foi um dos criadores e promotores da Liga dos Escritores Católicos de Portugal.[6]

Em 1985, tentou candidatar-se à Presidência da República, desistindo, mais tarde, por não ter conseguido recolher as assinaturas necessárias.[2]

Numa tentativa de reconstrução do Estado, redigiu um projeto para uma nova Constituição, onde se tenta conciliar, num projeto político e económico misto e liberal, elementos monárquicos, aristocráticos e democráticos.[2]

Obra[editar | editar código-fonte]

Filosofia[editar | editar código-fonte]

  • Filosofia, Ciência, Religião: um ensaio (1959)
  • Notas contra a degradação do espírito (1969)
  • A Idade do Corpo e a Fenomologia do Mal (1970)
  • Refutação da Filosofia Triunfante (1976)[7]
  • Exaltação da Filosofia Derrotada (1983)[8]
  • A Fenomenologia do Mal e outros ensaios filosóficos (2010)[9]
  • As teses da Filosofia Portuguesa

Teatro[editar | editar código-fonte]

  • Nem Amantes Nem Amigos (1962)
  • Tongatabu (1965).
  • Na representação de Tongatabu
  • Tongatabu ; Seguido de discurso sobre o que o teatro é
  • Sete absurdos da legislacão que regula a actividade teatral
  • Auto da Índia ; Auto dos físicos ; A Farsa do velho da horta / Gil Vicente (revisão de textos)
  • Quem tem farelos? ; Farsa de Inês Pereira ; O juiz da Beira / Gil Vicente (revisão)
  • Os autos das barcas : inferno, purgatório, glória / Gil Vicente (revisão)
  • Os fantasmas : aparições fantásticas em 3 actos / Eduardo de Filippo (texto português)

Cinema[editar | editar código-fonte]

  • Eu Fui ao Jardim Celeste (1952)
  • Fábula da Leitura (1952)
  • O Plano de Educação Popular (1953)[5]
  • Fábula da Leitura (1953)[5]
  • Nem Amantes, Nem Amigos (1970)

Política[editar | editar código-fonte]

  • Manual de teoria política aplicada
  • Manual de teoria política aplicada : o Liberalismo como sistema de liberdade
  • Escola formal
  • Suaves Cavaleiros (1971)
  • Diário das Eleições Presidenciais de 1986
  • Como pensar a injustiça? (1973)
  • O Raciocínio da Injustiça[10]
  • Le raisonnement de l'injustice (1973)[11]

Tradução[editar | editar código-fonte]

  • Introdução filosófica à Filosofia do Direito de Hegel
  • Traduções portuguesas de filosofia
  • O caminho para a servidão / Frederico Hayek
  • Yerma : peça em três actos / Federico Garcia Lorca
  • Princípios da filosofia do direito / Hegel
  • Estado de sítio / Costa Gavras e Franco Solinas
  • Lutar até de madrugada / Ugo Betti
  • Estética : a ideia e o ideal / Hegel
  • Estética : a arte simbólica / Hegel
  • Estética, o belo artístico ou o ideal / Hegel
  • Estética / Hegel
  • Estética : a arte clássica e a arte romântica
  • Ensaio sobre a liberdade / John Stuart Mill
  • Os degenerados / Aleksej Macsimovic Peskov

Bibliografia[editar | editar código-fonte]

[12]

Referências

Ligações externas[editar | editar código-fonte]