Oto, Príncipe Herdeiro da Áustria
Oto | |
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Príncipe Imperial da Áustria-Hungria | |
Período | 21 de novembro de 1916 a 12 de novembro de 1918 |
Antecessor(a) | Carlos I |
Sucessor(a) | extinto |
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Nascimento | 20 de novembro de 1912 |
Castelo Wartholz, Reichenau an der Rax, Áustria-Hungria | |
Morte | 4 de julho de 2011 (98 anos) |
Pöcking, Alemanha | |
Sepultado em | Cripta Imperial de Viena (corpo) Abadia de Pannonhalma (coração) |
Nome completo | |
Franz Joseph Otto Robert Maria Anton Karl Max Heinrich Sixtus Xaver Felix Renatus Ludwig Gaetan Pius Ignatius | |
Esposa | Regina de Saxe-Meiningen |
Descendência | Andréa de Habsburgo Mônica de Habsburgo Micaela de Habsburgo Gabriela de Habsburgo Walburga de Habsburgo Carlos de Habsburgo Jorge de Habsburgo |
Casa | Habsburgo-Lorena |
Pai | Carlos I da Áustria |
Mãe | Zita de Parma |
Religião | Catolicismo |
Otto von Habsburg (em alemão: Franz Joseph Otto Robert Maria Anton Karl Max Heinrich Sixtus Xaver Felix Renatus Ludwig Gaetan Pius Ignatius von Habsburg, também referido como Arquiduque Oto da Áustria [nota 1]; Reichenau an der Rax, 20 de novembro de 1912 – Pöcking, 4 de julho de 2011)[1][2] foi o último Príncipe Herdeiro da Áustria-Hungria, de 1916 até a dissolução do império, em 1918 - um império que compreendia os atuais territórios da Áustria, Hungria, Bósnia e Herzegovina, Croácia, República Tcheca, Eslováquia, Eslovênia, partes do Montenegro, da Polônia, da Romênia, da Sérvia, da Ucrânia e da Itália. Até 1921, era o Príncipe Herdeiro da Hungria. Chefe da casa dinástica de Habsburgo e pretendente aos antigos tronos da sua dinastia, Oto era o filho mais velho de Carlos I, último Imperador da Áustria e último Rei da Hungria, e de sua esposa, a princesa Zita de Parma. Oto também ostentou o título de soberano da Ordem do Tosão de Ouro entre 1922 e 2007.[3]
Foi membro do Parlamento Europeu pelo partido União Social Cristã da Baviera (CSU) e presidente da União Internacional Pan-Europeia, o mais antigo movimento de unificação Europeia.
Foi batizado Franz Joseph Otto Robert Maria Anton Karl Max Heinrich Sixtus Xaver Felix Renatus Ludwig Gaetan Pius Ignatius von Habsburg .
Oto morava na Baviera, Alemanha, e tinha nacionalidades alemã, austríaca, húngara e croata. Apesar de seu nome vocatório ser Otto von Habsburgo, as autoridades austríacas se referiam a ele como Oto de Habsburgo-Lorena (Otto von Habsburg-Lothringen em alemão). Ele às vezes era chamado de Arquiduque Oto da Áustria, Príncipe-Herdeiro Oto da Áustria e, na Hungria, simplesmente como Habsburg Ottó. Era também um pretendente em potencial ao título de Rei de Jerusalém.
Se a monarquia austro-húngara não tivesse sido abolida após a Primeira Guerra Mundial, Oto teria reinado por 89 anos, tornando-se o mais longevo monarca da história, tendo subido ao trono em 1922, com a morte do pai e, se não abdicasse, reinado até sua própria morte, que ocorreu em 2011. Atualmente, o soberano que possui o reinado mais longo da história é Luís XIV da França, com 72 anos de reinado.
Infância[editar | editar código-fonte]
Oto nasceu perto de Viena, em Reichenau an der Rax, na Baixa Áustria.
Em novembro de 1916, Oto tornou-se o príncipe herdeiro do Império Austro-Húngaro quando seu pai, o arquiduque Carlos, ascendeu ao trono. Entretanto, em 1918, no final da Primeira Guerra Mundial, ambas as monarquias foram abolidas e substituídas pelas repúblicas da Áustria Alemã e da Hungria. A família imperial foi forçada ao exílio, apesar de Carlos nunca ter abdicado do trono. Note-se que a Hungria voltou a ser uma monarquia, mas Carlos foi impedido de reinar. Em seu lugar, o trono foi mantido vago e criou-se uma regência permanente sob o almirante Miklós Horthy, até 1944.
Anos de exílio[editar | editar código-fonte]
O parlamento austríaco oficialmente expulsou a dinastia Habsburgo e confiscou todas as propriedades da Coroa Imperial pelo ato Habsburgergesetz, de 3 de abril de 1919. A família de Oto passou os anos seguintes na Suíça e, mais tarde, mudou-se para a ilha da Madeira, onde o pai Carlos, veio a falecer prematuramente, em 1922. Aos dez anos de idade, Oto passou a ser o pretendente ao trono, situação em que permaneceu até 1961, quando renunciou formalmente aos seus direitos dinásticos, "por razões puramente práticas".[4][nota 2]
Em 1935, Oto graduou-se em Ciência Política e Ciências Sociais pela Universidade Católica de Leuven.
Em 1938 Oto recusou-se a aceitar a anexação da sua Áustria natal pela Alemanha, foi condenado à morte pelo III Reich e exilou-se em França. Em Junho de 1940, quando a Alemanha invadiu a França, Oto foi obrigado a fugir e o governante Português, Oliveira Salazar deu instruções aos consulados portugueses em França para que concedessem passaportes portugueses à Princesa Dona Maria Ana de Bragança, Grã-duquesa do Luxemburgo e à Princesa Dona Maria Antónia de Bragança, duquesa de Parma, avó de Oto. Isto porque ambas as Princesas eram filhas do Rei D. Miguel I de Portugal. Desta forma Com D. Maria Antónia de Bragança, tanto poderia viajar o filho, Félix, o príncipe consorte, como a filha, a imperatriz Zita. E com esta, o filho Otto de Habsburgo e o respectivo séquito.[5] Desta forma Salazar conseguiu acolher as familias das infantas e respectivos sequitos sem comprometer a política de neutralidade de Portugal. Com Oto já em Portugal as autoridades alemãs solicitaram a Salazar a sua extradição. Salazar resistiu e disse a Oto que não cederia aos Nazis, mas pediu-lhe que assim que pudesse abandonasse Portugal por forma a evitar problemas a Portugal.[6]
Casamento e descendência[editar | editar código-fonte]
Desde 1951 (em Nancy) até 2010, Oto foi casado com a princesa Regina de Saxe-Meiningen, filha de Jorge III, Duque de Saxe-Meiningen. O casal teve sete filhos e 22 netos:

- Andreia de Habsburgo (1953). Casada com o Conde Carlos Eugênio de Neipperg. Têm três varões e duas filhas.
- Mônica, Duquesa de Santángelo (1954). Casada com Luís Gonzaga de Casanova-Cárdenas y Barón, Duque de Santangelo, Marquês de Elche, Conde de Lodosa e Grande de Espanha, descendente da infanta Dona Luísa Teresa de Espanha, Duquesa de Sessa e irmã de Francisco de Assis, Rei-Consorte da Espanha. Têm quatro varões.
- Michaela de Habsburgo-Lorena (1954). Irmã gêmea de Mônica. Casou-se primeiro com Eric Teran d'Antin, e depois com o Conde Huberto de Kageneck. Ela tem dois varões e uma filha do primeiro casamento. Divorciada duas vezes.
- Gabriela de Habsburgo (1956). Casou-se com Christian Meister em 1978, divorciou-se em 1997. Tem um varão e duas filhas.
- Valburga, Condessa Douglas (1958). Casada com o conde Arquibaldo Douglas, da realeza sueca. Tem um varão.
- Carlos de Habsburgo-Lorena (nascido em 11 de janeiro, de 1961), herdeiro presuntivo da chefia da Casa de Habsburgo, casado com a baronesa Francisca Thyssen-Bornemisza (filha do barão João Henrique Thyssen-Bornemisza) desde 1993. Têm três filhos e vivem atualmente em Salzburgo, na Áustria.
- Eleonora (1994-)
- Ferdinando de Habsburgo-Lorena (1997-)
- Glória (1999-)
- Jorge de Habsburgo (1964). Casado com a duquesa Elica de Oldemburgo. Tem duas filhas e um varão.
- Sofia ou Zsófia (2001-)
- Ildikó (2002-)
- Carlos Constantino ou Károly-Konstantin (2004-)
Morte[editar | editar código-fonte]
O arquiduque Oto morreu em Pöcking, em 4 de julho de 2011, aos 98 anos de idade. Seu corpo foi sepultado na Cripta Imperial de Viena juntamente com sua esposa, que teve seus restos trasladados do Veste Heldburg.[7] Seu coração foi enviado para a Abadia Beneditina de Pannonhalma, na Hungria.[8]
Notas
- ↑ Ao nascer, Oto recebeu o título de Sua Alteza Imperial e Real Arquiduque e Príncipe Imperial Oto da Áustria, Príncipe Real da Hungria, Croácia e Boêmia, tornando-se príncipe herdeiro desses países em 1916. Após 1918, os títulos de nobreza foram formalmente abolidos na Áustria, e assim, 'von Habsburg' transformou-se em 'Habsburg'. O mesmo aconteceu depois que Oto se tornou cidadão alemão. Por cortesia, nas cortes europeias ele ainda era referido como Sua Alteza Imperial e Real Arquiduque Oto da Áustria. Na Áustria republicana, para as autoridades, a partir de 1919, era Otto von Habsburg-Lothringen. Mas Oto não viveu na Áustria depois de 1918, e sua cidadania foi revogada por Adolf Hitler em 1941, tornando-o apátrida. Sua cidadania austríaca foi restaurada somente em 1965. Mais tarde, Oto se tornou cidadão - ou pelo menos tinha passaportes - de vários outros países, onde seu nome oficial era Otto von Habsburg.
- ↑ Durante uma entrevista em 2007, Oto declarou:
- "Foi uma infâmia. Eu nunca deveria ter assinado aquilo. Eles pediram que eu me abstivesse de fazer política. Eu nem sonhava em cumprir. Uma vez que você experimenta o ópio da política, nunca se livra dele." Die Presse, Unabhängige Tageszeitung für Österreich. 10–11 de novembro de 2007. pg. 3 [1]. WebCite archive
Referências
- ↑ Nicholas Kulish (4 de julho de 2011). «Otto von Hapsburg, a Would-Be Monarch, Dies at 98». The New York Times
- ↑ «Habsburg: Last heir to Austro-Hungarian empire dies». BBC News. 4 de julho de 2011. Consultado em 5 de julho de 2011
- ↑ Die vielen Pflichten des Adels. Wiener Zeitung, 5 de julho de 2011 (em alemão)
- ↑ Brook-Shepherd 2007, p. 181.
- ↑ Madeira, Lina Alves (2013). O mecanismo de. (des)promoção do MNE. O caso paradigmático de Aristides de Sousa Mendes. (Tese de Doutorado). Universidade de Coimbra
- ↑ Brook-Shepherd 2007, p. 153.
- ↑ «Regina von Habsburg tritt ihre letzte Reise an». 7 de julho de 2011. Consultado em 27 de agosto de 2011
- ↑ Scally, Derek (5 de julho de 2011). «Death of former 'kaiser in exile' and last heir to Austro-Hungarian throne». IrishTimes.com (em inglês). Consultado em 8 de outubro de 2011
Bibliografia[editar | editar código-fonte]
- Brook-Shepherd, Gordon (2007). Uncrowned Emperor – The Life and Times of Otto von Habsburg (em inglês). [S.l.]: A&C Black. ISBN 9781852855499