354P/LINEAR

354P/LINEAR (anteriormente P/2010 A2 (LINEAR)), é um corpo celeste descoberto a 6 de Janeiro de 2010, com as características de um cometa e de um asteróide. P/2010 A2 possui cerca de 150 metros em diâmetro.
Em 15 de Outubro de 2010 o telescópio espacial Hubble captou imagens de uma colisão do P/2010 A2 com um pequeno corpo de cerca de 3 ou 5 metros de comprimento, chocando a uma velocidade de 18 mil quilómetros por hora e pulverizando esse pequeno corpo.[1]
P/2010 A2 será provavelmente o resto da colisão entre dois muito pequenos asteróides. |
Suposto núcleo do cometa visível na lado inferior esquerdo |
Características orbitais
[editar | editar código]O 354P/LINEAR possui um período orbital de aproximadamente 5,5 anos terrestres, classificando-o como um cometa de curto período da família de Júpiter. Sua órbita elíptica mantém-se principalmente na região da cintura de asteroides, entre as órbitas de Marte e Júpiter. O cometa atinge seu periélio (ponto mais próximo do Sol) a cerca de 2,29 unidades astronômicas (UA), enquanto o afélio (ponto mais distante) encontra-se a aproximadamente 3,71 UA. Sua excentricidade orbital de 0,238 indica uma órbita moderadamente elíptica, característica comum aos objetos que transitam na cintura principal de asteroides. A inclinação orbital de 5,3° em relação ao plano da eclíptica é relativamente pequena, sugerindo que o objeto não sofreu perturbações gravitacionais significativas desde sua formação.
Descoberta pelo LINEAR
[editar | editar código]A descoberta do 354P/LINEAR foi realizada pelo programa Lincoln Near-Earth Asteroid Research (LINEAR), um projeto de pesquisa do Laboratório Lincoln do MIT, financiado pela Força Aérea dos Estados Unidos e pela NASA. O LINEAR utiliza telescópios automáticos de grande campo localizados no Novo México para detectar e catalogar objetos próximos à Terra e outros corpos do Sistema Solar. Em 6 de janeiro de 2010, o sistema detectou automaticamente este objeto incomum através de suas câmaras CCD de grande campo, que realizam varreduras sistemáticas do céu noturno.
A peculiaridade do objeto chamou imediatamente a atenção dos astrônomos devido à sua aparência incomum: apresentava simultaneamente características cometárias (uma cauda de detritos) e asteroidais (núcleo rochoso compacto), levantando questões sobre sua verdadeira natureza. Ao contrário dos cometas tradicionais, que desenvolvem caudas devido à sublimação de gelo, o padrão de detritos do 354P/LINEAR sugeria um evento traumático recente. O LINEAR, desde seu início em 1996, já descobriu milhares de asteroides e diversos cometas, mas este objeto destacou-se pela sua natureza única e sem precedentes.
Significância científica da colisão
[editar | editar código]As observações do Telescópio Espacial Hubble realizadas em outubro de 2010 revelaram evidências conclusivas de que o 354P/LINEAR é o resultado de uma colisão entre dois asteroides, um evento extremamente raro de ser observado diretamente no espaço. Esta descoberta possui profundo significado científico por diversas razões:
Primeiro, oferece uma oportunidade única de estudar processos de colisão em tempo real, permitindo aos cientistas compreender melhor a dinâmica e as consequências destes impactos. As observações mostraram que o evento não foi uma fragmentação cometária tradicional, mas sim uma colisão catastrofica que liberou grande quantidade de material particulado fino.
Segundo, as imagens de alta resolução do Hubble revelaram um padrão de detritos em forma de X altamente incomum, diferente das caudas cometárias típicas produzidas pela pressão de radiação solar. Este padrão confirma inequivocamente a natureza colisional do evento, com os detritos sendo ejetados em direções preferenciais determinadas pela geometria do impacto.
Terceiro, este evento ajuda os pesquisadores a entender como os asteroides se fragmentam e evoluem ao longo do tempo, processos fundamentais na evolução dinâmica do Sistema Solar. A velocidade estimada do impacto (aproximadamente 18.000 km/h ou 5 km/s) e o tamanho do projétil (entre 3 e 5 metros de diâmetro) fornecem dados valiosos para calibrar e validar modelos computacionais de colisões asteroidais.
Quarto, o estudo deste tipo de colisão contribui para a compreensão da formação de famílias de asteroides na cintura principal, processos que moldaram o Sistema Solar primitivo. Além disso, tais eventos são importantes para avaliar os riscos de impactos futuros com a Terra e desenvolver estratégias de mitigação, especialmente no contexto da defesa planetária contra objetos potencialmente perigosos.