P1

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 Nota: Para a variante brasileira do coronavírus, veja Linhagem P.1.
P1 voando em Luziânia.

O P1 é um planador biplace de médio desempenho desenvolvido no Brasil, com o intuito de disponibilizar aos aeroclubes uma opção viável de planador de instrução, competição e passeio, eliminando os altos custos e dificuldades envolvidos na importação.

O projeto do P1 foi idealizado pelo engenheiro aeronáutico Ekkehard Schubert, que contou com o apoio de diversos pilotos, engenheiros, empresas e entusiastas para o financiamento e desenvolvimento dos trabalhos de projeto e construção do primeiro protótipo.

O primeiro vôo do P1 foi realizado no dia 3 de março de 2002 no CTA em São José dos Campos -SP.

Atualmente estão sendo realizados os trabalhos necessários para a sua homologação pela ANAC. São melhorias como alívio de peso e pequenas adequações para melhor atender aos requisitos originalmente definidos. O segundo exemplar, incorporando estas melhorias, está em construção. Os trabalhos de desenvolvimento estão sendo continuados no ITA e contam com a colaboração dos alunos e professores desta instituição. Após a homologação o P1 deverá estar disponível para o mercado de acordo com a ideia inicial que levou ao seu desenvolvimento.

Concepção[editar | editar código-fonte]

De construção simples e robusta em plástico reforçado com fibra de vidro (PRFV), possui características de vôo convencionais e seguras. Proporcionando conforto para dois tripulantes quanto a acomodação física, movimentos, força nos comandos, visibilidade (interna, externa, transição e cores), ventilação, ruído, entrada e saída da cabine. No solo apresenta fácil manuseio, montagem, desmontagem e transporte por carreta.


Características[editar | editar código-fonte]

Dimensões Envergadura: 16,5 m
Comprimento: 8,3 m
Altura: 1,74 m com a cauda no chão
Área da asa: 16,01 m²
Peso e carga alar Peso vazio: 320 kg
Peso máximo: 520 kg
Carga alar mínima: 23,9 kg/m²
Carga alar máxima: 32,0 kg/m²
Desempenho Vstall: 70 km/h
VMAX reboque: 140 km/h
Vmanobra: 156 km/h
VMAX turbulência: 156 km/h
VNE: 210 km/h
Mínimo afundamento: 0,6 a 0,7 m/s
Razão máxima de planeio: 1:33
Passeio de CG: de 26 a 45% CMA
Fatores de carga máximos Positivo: +5,3 manobra
Negativo: -3,1 rajada

Geometria[editar | editar código-fonte]

Asa Vista em planta: distribuição elíptica das cordas, com os perfis alinhados em torno do eixo de articulação do aileron.
Área: 16,01 m²
Alongamento: 17 m
Perfil: P1001116 na raiz e P1000916 na ponta
Incidência: +3º
Diedro: 3º
Torção: 0º
Enflechamento: negativo a -1,7 m, na ponta da asa, medido no eixo de articulação do aileron.
Freios "Schemp Hirt" no extradorso (RBHA-22, para vôo em nuvens).
Ailerons: de 4,125 a 7,755 m da semi-envergadura.
Deflexões dos ailerons: 23º para cima e 15º para baixo.
Fuselagem e empenagem vertical A fuselagem acomoda dois tripulantes de até 2,0 m de altura, em cabine com canopy contido na linha de sistema.
A geometria tridimensional da cabine da fuselagem é derivada de um perfil bidimensional, acomodado no fluxo da asa, permitindo assim uma forma com as seguintes características: defasagem em altura dos tripulantes, ficando o de trás mais alto; redução da área frontal efetiva, da área molhada e consequentemente do arrasto.
Altura da cabine: 0,982 m
Largura da cabine: 0,732 m
Altura da empenagem vertical: 1,5 m
Área da empenagem vertical: 1,605 m²
Enflechamento da empenagem vertical: zero, no bordo de fuga do leme.
Vista lateral da deriva: trapezoidal
Articulação do leme: 70% da corda
Deflexão do leme: +/- 35º
Perfil: NACA 663-018
Empenagem horizontal Vista em planta: distribuição elíptica das cordas, com os perfis alinhados em torno do eixo de articulação do profundor.
Envergadura: 3,060 m
Área: 1,872 m²
Alongamento: 5
Enflechamento da empenagem horizontal: zero, no eixo de articulação do profundor.
Articulação do profundor: 75% da corda
Deflexão do profundor: +/-25º
Incidência: +2º
Perfil: NACA662-0,15
Trem de pouso Fixo
Roda principal: 600 x 6
Roda do nariz: Tost 4" 85-20
Roda da cauda: Tost 3" Max.

Estrutura[editar | editar código-fonte]

Asa Casca intra- e extradorso de sanduíche de PRFV, com tecido a 45º apoiado em espuma de PVC, para resistir aos esforços de torção.
Longarina com mesa superior e inferior de PRFV (tecido unidirecional), apoiadas em três almas de sanduíche de PRFV com espuma de PVC.
Montagem asa-asa por meio de "toco-garfo", ligados por dois pinos para receber os esforços de flexão e torção. Estes pinos também fazem a ligação asa fuselagem.
Nervura de flechamento da raiz em PRFV.
Aileron construído em PRFV, articulado na parte inferior, suportado em três pontos e comandado na articulação da raiz. Com compensação aerodinâmica e vedação dentro da asa.
Fuselagem e empenagem vertical A construção da fuselagem é de PRFV, em casca simples,com duas cavernas para fixação da asa e do trem de pouso. A estrutura da fuselagem engloba a estrutura da deriva, cuja superfície é em sanduíche de PRFV e espuma de PVC. A longarina traseira da deriva, com mesas de PRFV (tecido uni-direcional ou roving) e alma de sanduíche de PRFV apoiado em espuma de PVC, fecha toda a estrutura. A ligação asa-fuselagem é feita por meio das duas cavernas, nas quais as semi-asas são ligadas por meio de dois pinos de ligação asa-asa.
O leme é constituído por:
  • Casca esquerda e direita de PRFV.
  • Longarina de sanduíche de PRFV apoiado em espuma de PVC.
  • Articulado em dois pontos, com compensação aerodinâmica dentro da deriva e comando na articulação inferior.
Empenagem horizontal Estabilizador com cascas intra- e extradorso de sanduíche de PRFV apoiado em espuma de PVC.
Longarina do estabilizador com mesas superior e inferior de PRFV (tecido uni-direcional ou roving), apoiadas em uma alma de sanduíche de PRFV e espuma de PVC.
Profundor construído em PRFV, articulado na linha da corda, suportado em quatro pontos e comandado nas articulações centrais, com compensação aerodinâmica dentro do estabilizador.
Montagem empenagem horizontal-deriva por meio de encaixe de duas rótulas da longarina do estabilizador em pinos da ferragem da longarina da deriva. Na parte dianteira um ponto rotulado da empenagem horizontal é segurado por um pino na deriva.
Trem de pouso O P1 tem uma roda central como trem de pouso principal, equipada com freio a disco, e duas rodas auxiliares, uma no nariz e outra na cauda.

Quando sem os tripulantes, a roda da cauda apóia no solo. Quando com um ou dois tripulantes, a roda dianteira apóia no solo.

Desligadores Dois desligadores permitem o reboque tanto por guincho quanto por avião. O desligador para guincho é opcional.

O de reboque por avião é instalado na ponta dianteira da fuselagem, e o para reboque por guincho em posição adequada à frente do CG.

Sistema de comandos[editar | editar código-fonte]

Todos os comandos são duplicados para os dois postos de comandos.

Balanceamento das superfícies de comando Todas as superfícies de comando têm balanceamento dinâmico das massas e balanceamento aerodinâmico das superfícies. Todas as fendas transversais das superfícies de comando são seladas.
Profundor e aileron Convencionais, com manche, guinhois, tubos "push-pull" e rótulas. São usadas rótulas do tipo L'hotelier para ligação dos comandos durante a montagem do planador.
Leme Convencional, com pedais reguláveis no posto dianteiro e cabos guiados em tubos de plástico para acionamento do leme.
Freio aerodinâmico Convencional, com punho do lado esquerdo, guinhois, tubos "push-pull" e rótulas. São usadas rótulas do tipo L'Hotellier para a ligação dos comandos durante a montagem do planador.
Compensador do profundor Por mola, com punho do lado esquerdo, atuando diretamente sobre o comando do profundor.
Desligador Um comando de cabos dentro de capas aciona os dois desligadores simultaneamente.
Freio da roda Acionado pelo punho do freio aerodinâmico, no fim do curso deste.

Sistemas[editar | editar código-fonte]

Sistema anemométrico O sistema anemométrico é composto pelas tomadas de pressão total para o velocímetro (Cp=+1), estática para velocímetro e altímetro (Cp=0) e de energia total para o variômetro (Cp= -1).

Tanto a pressão total (pitot) quanto a de energia total (variômetro) estão localizadas na parte dianteira do canopy. A tomada estática está localizada no cone de cauda.

Sistema elétrico Provisões completas para a montagem de uma bateria 12v.

Cabine[editar | editar código-fonte]

Bancos Os bancos são fixos, com encosto para a cabeça, fabricados em PRFV e integrados à estrutura da fuselagem.

A regulagem dos bancos para acomodar tripulantes de diversas estaturas é feita por meio de almofadas especiais, presas com os cintos de segurança.

Comandos na cabine Os comandos são convencionais, com manche, alavanca dos freios aerodinâmicos e alavanca do compensador, todos sem ajustagem em vôo. Só os pedais do posto dianteiro são ajustáveis em vôo.
Canopy Articulado na parte lateral direita, de forma convencional. Um gancho de cada lado da cabine, localizado entre os dois tripulantes, fecha e trava o canopy.

As articulações permitem a ejeção do canopy para abandono da aeronave em vôo, quando a alavanca de abertura do canopy estiver em posição “aberta” e o canopy também aberto.

O canopy incorpora o painel de instrumentos.

Instrumentos Um painel de instrumentos dianteiro acomodado no canopy acomoda:
  • Altímetro
  • Velocímetro
  • Variômetro mecânico/pneumático
  • Bússola magnética
  • computador eletrônico de planeio final (padrão, 3 pol.)
  • GPS (provisão de espaço)
O detector de glissadas é na forma de um barbante no canopy.
Ventilação A ventilação é feita por meio de entradas controláveis, sendo farta para proporcionar conforto aos tripulantes mesmo em dias de altas temperaturas e intensa insolação.

A tomada de ar é na parte dianteira da fuselagem, sendo a partir daí distribuído por dutos formados pelos consoles laterais.

Sendo a cabine totalmente vedada, a saída de ar é feita através do cone de cauda.

Três vistas[editar | editar código-fonte]